Discurso

A saúde não é um luxo, é para todos, defende Papa Francisco

Pontífice encontrou-se com a Federação Nacional de Técnicos de Radiologia, Reabilitação e Prevenção e relançou o apelo para que “todos os países garantam o acesso ao tratamento”

Da redação, com Vatican News

Foto: REUTERS/Remo Casilli

O Papa Francisco recebeu, em audiência, no Vaticano, nesta segunda-feira, 16, um grupo italiano de profissionais da saúde da Federação Nacional de Técnicos de Radiologia, Reabilitação e Prevenção. “Este encontro, me oferece a oportunidade de renovar a minha proximidade e gratidão pelo que fazem todos os dias”, disse o Pontífice em seu discurso.

O Santo Padre recordou que os profissionais de saúde, nos últimos três anos, viveram uma experiência muito especial, dificilmente imaginável, a da pandemia. “Já foi dito em outras ocasiões, mas não deve ser esquecido: sem o seu compromisso e seu trabalho, muitos doentes não teriam sido curados. O sentido do dever, animado pela força do amor, permitiu-lhes servir ao próximo, colocando até mesmo sua própria saúde em risco. Com vocês agradeço a todos os outros profissionais de saúde”, disse.

11 de fevereiro, Dia Mundial do Enfermo

Na sequência, Francisco recordou que, em 11 de fevereiro, será celebrado o Dia Mundial do Enfermo, que convida a refletir sobre a experiência da doença. Segundo o Papa, isto é ainda mais oportuno e necessário, porque, muitas vezes, a cultura da eficiência e do descarte impele a negar a doença. 

“Para a fragilidade, não tem espaço. E assim, o mal, quando irrompe e nos ataca, nos deixa atordoados no chão. Pode acontecer, então, que outros nos abandonem ou que sintamos que devemos abandoná-los, para não nos sentirmos um peso para eles. É assim que começa a solidão”, sublinhou.

O Pontífice disse que a cultura do cuidado age de maneira diferente, personificada pelo bom samaritano que “não desvia o olhar”, mas se aproxima do ferido com compaixão e cuida daquela pessoa que os outros tinham ignorado. “Esta parábola indica uma linha precisa de comportamento”, comentou. Ela mostra “as iniciativas com que se pode refazer uma comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a fragilidade dos outros, não deixam constituir-se uma sociedade de exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem seja comum”.

Um mundo que descarta os doentes é cínico e sem futuro

“A sua profissão nasce de uma escolha de valores. Com o seu serviço, vocês contribuem para levantar e reabilitar” os seus clientes, lembrando que primeiramente são pessoas”, disse ainda Francisco.

O Papa lembrou os profissionais que a pessoa deve estar sempre no centro, em todas as suas componentes, incluindo a espiritual: “uma totalidade unificada, na qual as dimensões biológica e espiritual, cultural e relacional, de planejamento e ambiental do ser humano se harmonizam ao longo do caminho da vida. Os doentes são pessoas que pedem para serem tratadas e se sentirem cuidadas. Por isso, é importante se relacionar com elas com humanidade e empatia”.

Os profissionais de saúde também são pessoas e precisam de alguém que cuide deles, frisou o Santo Padre. O Pontífice sublinhou que este cuidado pode acontecer através do reconhecimento do serviço, da proteção de condições de trabalho adequadas…

“Cabe a cada país trabalhar para encontrar estratégias e recursos para que seja garantido a todo ser humano o acesso ao tratamento e o direito fundamental à saúde”. Saúde não é luxo! Um mundo que descarta os doentes, que não cuida de quem não pode pagar o tratamento, é cínico e sem futuro. Lembremo-nos sempre de que a saúde não é um luxo, é para todos”, concluiu.

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