Na Catequese desta quarta-feira, 11, Francisco destacou que o ensinamento do Evangelho é claro: “é preciso rezar sempre, até quando tudo parece vão”
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a oração na Audiência Geral desta quarta-feira, 11, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico por causa da pandemia de coronavírus. O Pontífice iniciou sua reflexão dizendo que alguém lhe disse que ele fala muito sobre a oração, que não é necessário. “Sim é necessário”, disse o Papa, “porque se não rezarmos não teremos a força para ir em frente na vida. A oração é como o oxigênio na vida. Orar é atrair sobre nós a presença do Espírito Santo que nos faz ir adiante sempre. Por isso, eu falo muito sobre a oração”.
Jesus deu exemplo de uma oração contínua, praticada com perseverança, destacou o Santo Padre. “O diálogo constante com o Pai, no silêncio e no recolhimento, é o fulcro de toda a sua missão”, frisou. O Pontífice recordou três parábolas contidas no Evangelho de Lucas que sublinham esta característica da oração.
Para Francisco, a oração deve ser acima de tudo tenaz, como o personagem da parábola que, tendo que receber um hóspede que chegou de repente, no meio da noite, vai bater à porta de um amigo e pede-lhe pão. “O amigo responde “não!”, porque já está na cama, mas ele insiste, e insiste a ponto de o obrigar a levantar-se e a dar-lhe. Um pedido tenaz!”.
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Deus é mais paciente do que o ser humano, afirmou o Papa, é Ele quem bate à porta do coração de homens e mulheres com fé e perseverança, Ele não fica desiludido. “Deus responde sempre. Sempre. O nosso Pai sabe bem do que precisamos”, comentou. O Santo Padre observou que a insistência não serve para o informar ou convencer, mas para alimentar o desejo e a expectativa em todos.
A segunda parábola é a da viúva que se dirige ao juiz para que a ajude a obter justiça. Este juiz, recordou Francisco, é um homem sem escrúpulos, mas no final, exasperado pela insistência da viúva, decide contentá-la. O Pontífice sublinha que esta parábola ensina que a fé não é o impulso de um momento, mas uma disposição corajosa para invocar Deus, até para “discutir” com Ele, sem se resignar ao mal e à injustiça.
A terceira parábola apresenta um fariseu e um publicano que vão ao Templo para rezar. O primeiro dirige-se a Deus gabando-se dos próprios méritos; o outro sente-se indigno até de entrar no santuário. Contudo, Deus não ouve a oração dos soberbos, mas atende a dos humildes, reforçou o Papa. “Não há verdadeira oração sem espírito de humildade. Não há oração verdadeira sem espírito de humildade. É a humildade que nos impele a orar”.
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O ensinamento do Evangelho é claro, frisou o Santo Padre, é preciso rezar sempre, até quando tudo parece vão, quando Deus parece surdo e mudo, e parece perda de tempo. “Mesmo que o céu se ofusque, o cristão não deixa de rezar. A sua oração anda de mãos dadas com a fé. E a fé, em muitos dias da nossa vida, pode parecer uma ilusão, uma labuta estéril”.
“Existem momentos escuros em nossas vidas e ali a fé parece uma ilusão, mas praticar a oração significa também aceitar esta dificuldade. “Padre, eu rezo, mas não sinto nada. Sinto-me com o coração árido, seco. Não sei”. Mas devemos ir adiante com essa fatiga dos momentos ruins, momentos em que não sentimos nada. Muitos santos e santas viveram a noite da fé e o silêncio de Deus, quando nós batemos, batemos e Deus não responde, e esses santos foram perseverantes.”
Segundo o Papa, “nessas noites de fé, quem reza nunca está sozinho. Na verdade, Jesus não é apenas testemunha e mestre de oração, é muito mais. Ele nos acolhe na sua oração para podermos rezar n’Ele e através d’Ele. E isso é obra do Espírito Santo. É por esse motivo que o Evangelho nos convida a rezar ao Pai em nome de Jesus. São João relata estas palavras do Senhor: “O que vocês pedirem ao Pai em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho”.” A oração de Jesus “dá as asas que a oração do homem sempre desejou possuir”.
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Em seguida, o Pontífice recordou as palavras do Salmo 90-91, que são carregadas de confiança, que brotam de um coração que espera tudo de Deus: “Ele o cobrirá com as suas penas, e debaixo de suas asas você encontrará refúgio. A sua fidelidade é escudo e couraça. Você não temerá o terror da noite, nem a flecha que voa de dia, nem a peste que caminha nas trevas, nem o mal que devasta ao meio-dia”.
“É em Cristo que esta maravilhosa oração se cumpre, é n’Ele que encontra a sua verdade plena. Sem Jesus, as nossas orações correriam o risco de se reduzir a esforços humanos, na maioria das vezes destinados ao fracasso. Mas Ele tomou sobre si cada grito, cada gemido, cada júbilo, cada súplica, cada prece humana. Não nos esqueçamos o Espírito Santo. O Espírito Santo reza em nós. É Ele que nos impele a rezar, nos leva a Jesus, é o dom que o Pai e o Filho nos deram para ir ao encontro de Deus. Quando nós rezamos, é o Espírito Santo que reza em nossos corações”.
Por fim, o Santo Padre afirmou que Cristo é tudo, inclusive na vida de oração. Francisco recordou Santo Agostinho, que resume admiravelmente as três dimensões da oração de Jesus, que também é possível encontrar no Catecismo da Igreja Católica: “sendo o nosso Sacerdote, ora por nós; sendo a nossa Cabeça, ora em nós; e sendo o nosso Deus, a Ele oramos. Reconheçamos, pois, n’Ele a nossa voz e a voz d’Ele em nós”. “É por isso que o cristão reza, nada teme! Confia no Espírito Santo que nos foi dado como dom que reza em nós e nos conduz à oração. Que seja o mesmo Espírito Santo, mestre de oração, a nos ensinar o caminho da oração”.