ORAÇÃO MARIANA

A homilia deve despertar e não adormecer a alma, afirma Francisco

No Domingo da Palavra de Deus, Francisco dá importância do “hoje” de Deus e se dirige de modo especial aos pregadores, que devem apresentar o Evangelho sem moralismos e conceitos abstratos

Da redação, com Vatican News

Francisco, da janela do apartamento pontifício, celebrou o Angelus deste domingo, 23 / Foto: Reprodução Vatican News

O Angelus deste domingo, 23, ensolarado e frio em Roma foi marcado por uma proposta do Papa Francisco: ler, todos os dias, um pequeno trecho do Evangelho de Lucas.

Aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice comentou o Evangelho da Liturgia de hoje, quando Jesus inaugura a sua pregação.

O “hoje” de Deus

Ele vai até Nazaré, onde cresceu, e participa da oração na sinagoga, lendo um trecho do livro do profeta Isaías. E Jesus assim começa: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura”.

O Papa concentrou sua reflexão sobre a palavra “hoje”, que indica todas as épocas e permanece sempre válido. A profecia de Isaías remontava a séculos antes, mas Jesus “com a potência do Espírito” a torna atual e, sobretudo, a leva a termo.

Os conterrâneos de Jesus ficaram impressionados com a sua palavra, intuem que n’Ele há “algo a mais”, que é a unção do Espírito Santo.

“Às vezes, acontece que as nossas pregações e os nossos ensinamentos permaneçam genéricos, abstratos, não tocam a alma e a vida das pessoas. Por quê? Porque não tem a força deste hoje, aquele que Jesus ‘preenche de sentido’ com a potência do Espírito.”

As homilias: momentos para despertar, não adormecer

A pregação corre este risco: “Também muitas homilias — o digo com respeito, mas com dor — são abstratas, e ao invés de despertarem a alma, a adormecem”, constatou o Papa, com os fiéis que começam a olhar o relógio se perguntando: “Quando isso vai terminar?”. Sem a unção do Espírito, acrescentou Francisco, empobrece a Palavra de Deus, escorrega no moralismo e em conceitos abstratos, apresenta o Evangelho como distante, como se estivesse fora do tempo, longe da realidade.

“Mas uma palavra em que não pulsa a força do hoje não é digna de Jesus e não ajuda a vida das pessoas. Por isso, quem prega é o primeiro que deve experimentar o hoje de Jesus, de modo que possa comunicá-lo no hoje dos outros.”

Uma proposta: a leitura diária do Evangelho de Lucas

Neste Domingo da Palavra de Deus, o Papa fez um agradecimento a todos os pregadores e anunciadores do Evangelho, fazendo os votos de que vivam o hoje de Jesus.

“Lembremo-nos: a Palavra transforma um dia qualquer no hoje em que Deus nos fala”, disse ainda Francisco, convidando a ler diariamente o Evangelho, pois assim descobrimos que as palavras ali contidas foram feitas propositadamente para nós. E o Papa fez então uma proposta:

“Nos domingos deste ano litúrgico, é proclamado o Evangelho de Lucas, o Evangelho da misericórdia. Por que não lê-lo, mesmo individualmente, um pequeno trecho todos os dias? Vamos nos familiarizar com o Evangelho, nos trará a novidade e a alegria de Deus!”

É a Palavra também que guiará o percurso sinodal que a Igreja há pouco empreendeu, disse Francisco, dando ressalto à palavra “discernimento”. Que Nossa Senhora, concluiu, nos obtenha a constância para nos nutrir todos os dias do Evangelho.

A unidade por intercessão de Irineu

Depois do Angelus, o Papa citou a proclamação esta semana de Santo Irineu de Lyon como Doutor da Igreja, no contexto da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

“A doutrina deste Santo pastor e mestre é como uma ponte entre Oriente e Ocidente: por isso, o indicamos como Doutor da Unidade, Doctor Unitatis. Que o Senhor nos conceda, por sua intercessão, trabalhar todos juntos pela plena unidade dos cristãos”.

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