Francisco discursa à comunidade acadêmica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira, 24, a comunidade acadêmica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família. Em seu discurso, retomou a beleza da família e alertou sobre as ideologias “que se intrometem para explicar a família”.
Há cinco anos, em setembro de 2017, Francisco publicou a carta apostólica “Summa familiae cura”, instituindo o Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família. Essa foi uma substituição ao Pontifício Instituto João Paulo II para os Estudos sobre o Matrimônio e Família, transformando em “Ciência” ou que era “Estudo”.
“Quis dar-lhe um novo vigor e desenvolvimento mais amplo, a fim de responder aos desafios enfrentados no início do Terceiro Milênio”, explicou o Papa na audiência de hoje. Segundo ele, esse desenvolvimento é importante, pois integra as competências necessárias para discernir os valores relacionais próprios da constelação familiar.
Teologia da condição familiar
Francisco disse que aprecia e encoraja o empenho do Instituto para levar o projeto magistral que inspira seu legado e sua atualização. Ele recordou que a missão da Igreja hoje exige urgentemente a integração da teologia do vínculo conjugal com uma teologia mais concreta da condição familiar.
“As turbulências sem precedentes, que neste tempo colocaram todos os laços familiares à prova, exigem um discernimento atencioso para compreender os sinais da sabedoria e misericórdia de Deus. Não somos profetas de desgraça, mas de esperança.”
Família não é ideologia
A família, frisou o Papa, permanece uma “gramática antropológica” insubstituível dos afetos humanos fundamentais. A força de todos os laços de solidariedade e de amor aprende os seus segredos na família. E quando esta gramática é negligenciada ou perturbada, observou o Pontífice, toda a ordem das relações humanas e sociais sofre suas feridas. Assim, é responsabilidade do Estado e da Igreja escutar as famílias, sustentar seu trabalho e incentivar sua vocação.
“Devemos proteger a família, mas não a aprisionar, fazê-la crescer como deve crescer. Cuidado com as ideologias que se intrometem para explicar a família do ponto de vista ideológico. A família não é uma ideologia, mas uma realidade, e uma família cresce com a vitalidade da realidade. Mas quando as ideologias vêm para explicar ou pintar a família, acontece o que acontece e se destrói tudo.”
Reconstrução após as brigas
O matrimônio e a família sempre terão imperfeições, lembrou o Papa. Ele retomou um conselho que sempre dá aos recém-casados: se quiserem brigar, até briguem, mas façam as pazes antes do dia terminar. “Essa capacidade de se reconstruir que mantém a família diante das dificuldades é uma graça, porque se não se reconstrói, a guerra fria do dia seguinte é perigosa”, frisou ele.
O Santo Padre também contou aos presentes uma experiência que viveu na Praça São Pedro quando encontrou um casal com 60 anos de matrimônio. A eles, perguntou se não haviam enjoado um do outro e a resposta foi: “Nós nos amamos”. Segundo Francisco, esta foi a melhor e mais bonita teologia sobre a família que ele já viu.
“Que o Senhor acompanhe a paixão da vossa fé e o rigor da vossa inteligência na tarefa formidável de apoiar, curar, animar – sim, animar também – esta bênção criatural e eclesial que é a família”.