Francisco recebeu em audiência na manhã desta segunda-feira, 11, no Vaticano, os funcionários do Escritório do Auditor Geral, um organismo vaticano instituído há nove anos
Da redação, com Vatican News
O desejo do Papa Francisco ao criar o Escritório do Auditor Geral, há nove anos, com o Motu Proprio Fidelis dispensator et prudens, era lançar algumas reformas econômicas, em continuidade com o trabalho já iniciado pelo Papa Bento XVI. Um órgão cujas funções foram então melhor definidas nos Estatutos subsequentes e reafirmadas na Constituição Apostólica Praedicate Evangelium.
No seu discurso entregue aos funcionários do escritório, presentes dentre os vários aspectos e valores que caracterizam esse organismo, o Pontífice recordou brevemente três: independência, atenção às práticas internacionais e profissionalismo.
Independência
Em primeiro lugar, a independência. O Escritório do Auditor Geral não depende hierarquicamente de outros órgãos. Entretanto, longe de significar arbitrariedade, isso implica a responsabilidade de uma ação sempre bem pensada e inspirada no mais alto princípio da caridade. Segundo o Santo Padre, é importante que o espírito de correção fraterna sempre o guie, mesmo quando for necessário apontar práticas contábeis e administrativas que não estejam de acordo com as regras e situações a serem corrigidas.
A Palavra de Deus – escreveu o Papa – ensina que “o Senhor corrige aqueles a quem ama, como um pai corrige seu filho amado” (Pr 3:12). “Lembremo-nos dessas palavras que acompanham a correção: amor e paternidade, sempre, sem ceder à tentação do protagonismo fácil”.
A esse respeito Francisco frisou que é bom recordar, com espírito sinodal, a importância da colaboração do Escritório com os outros Dicastérios da Cúria e, em particular, com os organismos econômicos, evitando “competições” que podem facilmente se transformar em rivalidade, também em nível pessoal.
Atenção às práticas internacionais e profissionalismo
Em segundo lugar, atenção às práticas internacionais. O Pontífice afirmou ser importante promover a aplicação das melhores práticas, promover a justiça e estar alinhado com o restante da comunidade internacional, desde que, é claro, os padrões não contradigam os ensinamentos da Igreja.
Sobre o terceiro ponto, o profissionalismo, ele salientou aos presentes que eles têm um histórico profissional considerável, adquirido em organizações importantes. Em alguns casos, isso significa décadas de experiência trabalhando em alto nível, e o Papa agradeceu-lhes por terem decidido colocar tudo isso a serviço da Santa Sé.
Francisco recordou então que o “Escritório do Auditor Geral também é uma das Autoridades Anticorrupção de acordo com a Convenção de Mérida, à qual a Santa Sé aderiu em 2016 também em nome do Estado da Cidade do Vaticano. Certamente, aqueles que trabalham na Santa Sé e no Estado da Cidade do Vaticano o fazem com fidelidade e honestidade, mas a tentação da corrupção é tão perigosa que precisamos estar muito atentos”.
Ouvir as pessoas
“Sei que os senhores dedicam muita atenção a isso, com um trabalho que é administrado com firmeza e misericordiosa discrição, porque, sujeito à necessidade de transparência absoluta em todas as ações, os escândalos servem mais para encher as páginas dos jornais do que para corrigir em profundidade comportamentos”. “Convido-os, – disse Francisco – além disso, a ajudar os responsáveis pela administração dos bens da Santa Sé a criar salvaguardas que possam impedir, “no início”, que a própria insidiosidade da corrupção se concretize”.
O Papa concluiu seu discurso dizendo que sabe que alguns dos presentes servem no refeitório da Caritas. “É uma coisa bonita, e eu lhes digo: façam isso com o coração aberto, com simplicidade e gratuidade, e encontrem tempo para conversar com essas pessoas e ouvir suas histórias. Muitas vezes se encontram pessoas que precisam de amizade, mas que são deixadas sozinhas. Muitas vezes, um sorriso e uma palavra valem ainda mais do que um prato de macarrão”.