Música, dança e muita alegria marcaram a Festa dos Testemunhos realizada na noite desse sábado, 2, no Parque Bresso, em Milão, onde estiveram presentes 350 mil pessoas. Lá, o Papa Bento XVI ouviu alguns testemunhos e respondeu a cinco perguntas feitas por uma menina vietnamita, um casal de noivos de Madagascar, uma famílias grega, uma americana e uma brasileira.
“Gostaria muito de saber alguma coisa sobre a tua família e sobre quando era pequeno como eu”, disse a pequena Cat Tien, do Vietnã.
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.: NA ÍNTEGRA: Diálogo do Papa com as Famílias
Bento XVI contou um pouco como era sua vida em família, como eles viviam o domingo, almoçavam juntos, cantavam e eram felizes com as pequenas coisas.
“Em uma palavra, éramos um só coração e uma só alma, com tantas experiências comuns, também em tempos muito difíceis, porque era o tempo da guerra. Mas com este amor recíproco que existia entre nós e esta alegria, também pelas coisas simples, podíamos superar e suportar aquelas coisas”, salientou.
Passagem do noivado para o casamento
O casal de noivos, Serge Razafinbony e Fara Adriananombonana vieram de Madagascar, África, para estudar em Florença, na Itália, onde se conheceram. Noivos há quatro anos, eles contaram ao Papa se sentem feitos um para o outro, mas uma palavra os atrai e ao mesmo tempo os assusta: “para sempre”.
Muitos acreditam que o amor por si garanta o “sempre”, porque o amor é absoluto, quer tudo e assim também a totalidade do tempo: é “para sempre”. Infelizmente, a realidade não é assim. O Papa destaca que o namoro é lindo, mas talvez não sempre perpétuo, assim como o sentimento. Logo, a passagem do namoro ao noivado e depois ao matrimônio exige diversas decisões, experiências interiores.
“É lindo este sentimento de amor, mas deve ser purificado, deve andar num caminho de discernimento, isto é, devem entrar também a razão e a vontade; devem unir-se razão, sentimento e vontade”, aconselhou o Santo Padre.
Dificuldades econômicas
A família Paleologos, da Grécia, narrou a situação de dificuldade que vivem em meio a crise econômica, algo que tocou o Pontífice.
Mais que palavras de esperança, para Bento XVI, são necessárias ações concretas para ajudar as famílias em dificuldade.
“Busquemos que cada um faça o seu possível, pense em si, na família, nos outros, com grande senso de responsabilidade, sabendo que os sacrifícios são necessários para ir adiante”, pediu o Papa.
Como conciliar família e trabalho
Já o casal Jay e Anna Rerrie, pais de seis filhos, contaram que sentem dificuldade em conciliar o trabalho com a vida em família e pediram um conselho para o Santo Padre.
Para Bento XVI, estas são duas prioridades e os empregadores devem conceder um pouco de liberdade neste sentido, pois isso faz bem para a própria empresa, reforça o amor pelo trabalho.
Além disso, é preciso um pouco de criatividade e isso não é sempre fácil, é preciso renunciar muitas vezes a própria vontade para estar junto à família, aceitar e superar os obstáculos do cotidiano.
Divórcio e segunda união
Por fim, o casal brasileiro, Manoel Angelo e Maria Marta Araújo expuseram a triste realidade dos divórcios.
“Somos casados há 34 anos e já somos avós. Na qualidade de médica e psicoterapeuta familiar encontramos tantas famílias, notamos nos conflitos de casal uma mais acentuada dificuldade para perdoar e aceitar o perdão, mas em diversos casos encontramos o desejo e a vontade de construir uma nova união”, contou Maria Marta.
Manoel salientou que alguns desses casais que se casam novamente gostariam de se reaproximar da Igreja, mas vêem negados os Sacramentos a eles e a desilusão é grande. Se sentem excluídos, marcados por uma sentença definitiva.
“Santo Padre, sabemos que estas situações e que estas pessoas estão muito no coração da Igreja: quais palavras e quais sinais de esperança podemos dar a eles?”, perguntou Manoel.
Para Bento XVI, este problema dos casais em segunda união é um dos grandes sofrimentos da Igreja hoje e ela não tem receitas simples.
“Eu diria que é muito importe saber, naturalmente, a prevenção, isto é, aprofundar desde o início, no namoro, numa decisão profunda, madura. Além disso, o acompanhamento durante o matrimônio, a fim de que as famílias não estejam nunca sozinhas, mas realmente acompanhadas em seu caminho”, disse o Pontífice.
Depois, destacou ainda o Santo Padre, é muito importante que essas pessoas em segunda união sintam que a Eucaristia é verdadeira e pode ser “recebida espiritualmente”.
“Mesmo sem o recebimento ‘corporal’ do Sacramento, podemos estar espiritualmente unidos a Cristo no Seu Corpo. E fazer entender isso é importante, que realmente encontrem a possibilidade de viver uma vida de fé, com a Palavra de Deus, com a comunhão da Igreja”, ressaltou.