Num tempo caracterizado em grande parte por um relativismo subliminar que penetra todos os âmbitos da vida, muitos acabam perdendo o verdadeiro sentido da vida, destacou o Papa Bento XVI ao Conselho do Comitê Central dos Católicos Alemães, na tarde deste sábado, 24. O compromisso faz parte da agenda desta 21ª viagem internacional do Papa.
“Notamos como este relativismo exerce uma influência cada vez maior sobre as relações humanas e a sociedade. Isto exprime-se também na inconstância e descontinuidade de vida de muitas pessoas e num individualismo excessivo. Há pessoas que não parecem capazes de renunciar de modo algum a determinada coisa ou de fazer um sacrifício pelos outros”, enfatizou o Pontífice.
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O Santo Padre salientou que este individualismo excessivo reflete-se também na vida conjugal: muitos já não são capazes de se unir de forma incondicional a uma outra pessoa, não têm coragem de prometer ser fiel a vida toda, de entregar-se a uma só pessoa, de comprometer-se resolutamente com a fidelidade e a veracidade, e de procurar sinceramente as soluções dos problemas.
Numa reflexão mais elaborada da sociedade, o Papa enfatiza que é preciso olhar a pessoa humana na sua totalidade tendo em vista sua relação com o Criador.
“Vemos que, no nosso mundo rico ocidental, há carências. Muitas pessoas carecem da experiência da bondade de Deus. Não encontram qualquer ponto de contato com as Igrejas institucionais e suas estruturas tradicionais. Mas porquê? Penso que esta seja uma pergunta sobre a qual devemos refletir muito a sério. Ocupar-se desta questão é a tarefa principal do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização”, salientou.
Na Alemanha, como em outros países, vê-se por detrás das estruturas, a falta de um Deus vivo, destacou o Pontífice.“E Digo mais: a verdadeira crise da Igreja no mundo ocidental é uma crise de fé. Se não chegarmos a uma verdadeira renovação da fé, qualquer reforma estrutural permanecerá ineficaz”, afirmou.
É necessário voltar-se às pessoas a quem falta a experiência da bondade de Deus para que elas possam expor a sua nostalgia interior, disse o Papa, acrescentando que todos são chamados a procurar novos caminhos para a evangelização.
“Um destes caminhos poderiam ser as pequenas comunidades, onde sobrevivem as amizades, que são aprofundadas na frequente adoração comunitária de Deus. Aqui há pessoas que contam as suas pequenas experiências de fé no emprego e no âmbito da família e dos conhecidos, testemunhando assim uma nova proximidade da Igreja à sociedade. Depois, a seus olhos, aparece de modo cada vez mais claro que todos necessitam deste alimento do amor, da amizade concreta de um pelo outro e pelo Senhor. Permanece importante a ligação com a seiva vital da Eucaristia, porque sem Cristo nada podemos fazer”, ressaltou o Santo Padre.
Por fim, o Papa pediu a Deus que indique o caminho para que toda a Igreja seja luz no mundo, para que cada um possa mostrar ao próximo o caminho para a Fonte, onde possam saciar o seu profundo anseio de vida.
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