Mensagem de Bento XVI para a TV pública alemã ARD - 2011

Palavras de Bento XVI à transmissão “Wort zum Sonntag” da televisão pública alemã ARD
Residência Pontifícia de Castel Gandolfo


Senhoras e senhores,
queridos conterrâneos!

Dentro de poucos dias partirei para a minha viagem à Alemanha, e estou muito contente. Penso com alegria, particularmente, em Berlim, onde acontecerão muitos encontros, e, naturalmente, no discurso que farei no Bundestag e na grande Missa que poderemos celebrar no estádio olímpico.

Um dos momentos importantes da visita será em Erfurt: naquele mosteiro agostiniano, naquela igreja agostiniana, onde Lutero iniciou o seu caminho, poderei encontrar os representantes da Igreja Evangélica da Alemanha. Ali rezaremos juntos, escutaremos a Palavra de Deus, pensaremos e falaremos em conjunto. Não esperamos algum evento sensacional: de fato, a verdadeira grandeza do evento consiste exatamente nisso, que nesse lugar, juntos, possamos pensar, escutar a Palavra de Deus e rezar, e, assim, seremos intimamente próximos e se manifestará um verdadeiro ecumenismo.

Algo de particular possui, para mim, o encontro com a Etzelsbach, essa pequena porção de terra que, ainda que passando por todas as peripécias da história, permanece católica; depois, o Sudoeste da Alemanha, com Friburgo, a grande cidade, com muitos encontros que se desenvolverão ali, sobretudo a vigília com os jovens e a grande Missa que concluirá a viagem.

Tudo isso não é turismo religioso, e menos ainda um “show”. De que coisa se trata o diz o tema destes dias: “Onde há Deus, há futuro”. Deveria tratar-se do fato de que Deus retorne ao nosso horizonte, esse Deus tantas vezes totalmente ausente, do qual, contudo, temos tanta necessidade.

Talvez me perguntásseis: “Mas Deus existe? E, se existe, ocupa-se verdadeiramente de nós? Podemos chegar até Ele?”. Certamente é verdadeiro que não podemos colocar Deus à mesa, não podemos tocá-lo como um utensílio ou pegá-lo com a mão como a um objeto qualquer. Devemos, novamente, desenvolver a capacidade de percepção de Deus, capacidade que existe em nós. Podemos intuir algo da grandeza de Deus na grandeza do cosmo. Podemos utilizar o mundo através da técnica, porque esse é construído de maneira racional.

Na grande racionalidade do mundo, podemos intuir o espírito criador do qual provém, e, na beleza da criação, podemos intuir algo da beleza, da grandeza e também da bondade de Deus. Na Palavra das Sagradas Escrituras, podemos ouvir palavras de vida eterna que não vêm simplesmente dos homens, mas que vêm d’Ele, e nelas podemos ouvir a Sua voz.

E, enfim, quase que vemos a Deus também no encontro com as pessoas que foram tocadas por Ele. Não penso somente nos grandes: de Paulo a Francisco de Assis até Madre Teresa; mas penso nas tantas pessoas simples sobre as quais ninguém fala. Todavia, quando as encontramos, delas provém algo de bondade, sinceridade, alegria, e nós sabemos que ali está Deus e que Ele toca também a nós. Por isso, nestes dias, desejemos comprometer-nos para tornar a ver a Deus, para tornar nós mesmos a sermos pessoas através das quais entre no mundo uma luz da esperança, que é luz que vem de Deus e que nos ajuda a viver.

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