Durante os quase oito anos de Pontificado, Bento XVI promoveu o diálogo com os representantes de várias religiões
Luana Oliveira
Da Redação, com agências
O diálogo inter-religioso sempre esteve presente no pontificado de Bento XVI, tendo em vista que, durante todos esses anos à frente da Igreja Católica, o Papa buscou, como ele mesmo salienta, “o autêntico ‘espírito de Assis’, o qual se opõe a qualquer forma de violência e abuso da religião como pretexto para a violência”.
No seu discurso, em 21 de outubro de 2007, durante sua visita a Nápoles, sul da Itália, Bento XVI esclareceu o sentido do famoso encontro com os líderes religiosos mundiais, querido, em 1986, pelo seu predecessor: “No respeito às diferenças das várias religiões, todos somos chamados a trabalhar pela paz e por um compromisso real para promover a reconciliação entre os povos”.
“Num tempo difícil de crises e conflitos, intensificados pelo fenômeno cada vez mais extenso da globalização, as religiões são chamadas a realizar a sua especial vocação de serviço à paz e à convivência”, enfatiza Bento XVI em sua mensagem enviada ao Encontro Internacional de Oração pela Paz promovido pela Comunidade Santo Egídio em 2010.
Durante o seu pontificado, Bento XVI encontrou-se com líderes de várias religiões de todo o mundo:
Sua Beatitude Chrysostomos II, arcebispo ortodoxo de Nova Justiniana e de todo o Chipre, encontrou-se com o Papa Bento XVI, em março de 2011, em audiência privada. A conversa centrou-se, especialmente, sobre a situação dos cristãos no Oriente Médio e sobre o tema da liberdade religiosa na Ilha de Chipre.
Em janeiro de 2012, o Pontífice encontrou-se com uma delegação ecumênica da Igreja Luterana da Finlândia, liderada pelo Reverendo Seppo Hakkinen, bispo da diocese luterana de Mikkeli, e mostrou-se alegre com as relações fraternas entre os cristãos finlandeses.
No mesmo ano, em maio, num encontro histórico, Bento XVI recebeu judeus da América Latina: “Ao considerar os progressos adquiridos nos últimos 50 anos de relações judaico-católicas em todo o mundo, não podemos deixar de agradecer ao Todo-Poderoso por esse sinal evidente de Sua bondade e providência”, disse o Papa.
Por ocasião dos 25 anos do encontro inter-religioso de oração Hieizan pela paz no mundo, o Papa Bento XVI enviou uma mensagem ao monge supremo da denominação budista Tendai, Venerável Kojun Handa.
:: Confira o discurso na íntegra
A 24ª viagem internacional de Bento XVI, em setembro de 2012, foi considerada por muitos como ato de coragem. O Pontífice foi ao Líbano como “peregrino da paz” e destacou: “A convivência feliz de todos os libaneses deve demonstrar a todo o Oriente Médio e ao resto do mundo que, dentro duma nação, pode haver colaboração entre as diversas Igrejas – todas elas membros da única Igreja Católica – num espírito de comunhão fraterna com os outros cristãos e, ao mesmo tempo, a convivência e o diálogo respeitoso entre os cristãos e os seus irmãos de outras religiões”.
“A visita de Bento XVI ao Líbano demonstrou ao mundo que o povo libanês, cristão e muçulmano está unido, enquanto que os partidos políticos e as facções se dividem e criam conflito,” afirmou Muhammad Sammak , assessor político do grão-Muftí do Líbano e secretário-geral do Comitê Libanês para o diálogo islamo-cristão.
Dentro do dicastério, na sede do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, durante a plenária, refletiu-se sobre “a importância do ecumenismo na nova evangelização”. O presidente deste Pontifício Conselho, Cardeal Kurt Koch, destacou a necessidade de aprofundar esse tema sob uma dimensão ecumênica.
Falando sobre a estreita relação entre nova evangelização e ecumenismo, encontrada na Oração Sacerdotal de Jesus, quando Ele ora ao Pai pela unidade de todos aqueles que creem, o Cardeal Koch adverte “que a credibilidade da mensagem do Evangelho depende da unidade dos cristãos. A divisão na Igreja é um dos maiores obstáculos à evangelização. O grande desafio para nós cristãos, hoje, é encontrarmos maneiras de dar testemunho comum da fé no Evangelho.”
Em novembro de 2012, ao receber os bispos franceses em vista ad limina , o Santo Padre destacou que “um dos graves problemas que afeta homens e mulheres dos tempos atuais é a ignorância religiosa, incluindo os católicos”.
:: Relembre as principais ações do Papa Bento XVI em 2012
No início do ano seguinte, 17 de janeiro de 2013, o Papa recebeu novamente a visita de uma delegação ecumênica da Igreja Luterana da Finlândia por ocasião da festividade de Santo Henrique. “Para avançar no caminho da comunhão ecumênica – destacou o Pontífice – precisamos estar, cada vez mais, unidos em oração, mais comprometidos com a busca da santidade e mais empenhados nos âmbitos da pesquisa teológica e cooperação a serviço de uma sociedade justa e fraterna.”
Bento XVI também recebeu, no dia 4 de fevereiro, a visita do novo Patriarca de Babilônia dos Caldeus, a sua beatitude Louis Raphaël I Sako. Tratou-se de um encontro repleto de fraternidade e esperança. Nesta oportunidade, o Papa pediu a Deus que abençoasse o novo patriarca “para que, como o Bom Pastor, pudesse enxugar as muitas lágrimas do povo iraquiano e consolar, encorajar, sempre pacificar irmãos e filhos e acompanhá-los no testemunho”.