O jovem e a Igreja

Como os jovens lidam com a doutrina católica?

Confira o testemunho de quem está compreendendo a Fé

Da redação
André Alves

A equipe do tamujuntojmj.cancaonova.com inicia nesta segunda-feira, 24, uma série de reportagens sobre a juventude, em preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio2013, que acontece no próximo mês.

Padre Anderson Marçal, comunidade Canção Nova

Padre Anderson Marçal é missionário na Comunidade Canção Nova

Nesta primeira matéria, o assunto é a relação do jovem com a doutrina da Igreja. Conforme o Doutor em Teologia, padre Anderson Marçal, a doutrina representa valores que a Igreja possui, derivados principalmente dos ensinamentos de Jesus. Segundo ele, esses valores não vão contra a humanidade, mas é a maneira como o homem deve viver, conforme o modelo de vida de Cristo.

Não faz muito tempo que o jovem Rafael Morais, 22 anos, de Cruzeiro (SP), passou a se relacionar com a doutrina católica. O interesse em estudar a fé surgiu após os primeiros contatos com o YouCat – Catecismo Jovem, lançado por Bento XVI na JMJ Madri.

Rafael explica que antes tinha certa resistência com relação à doutrina, e o motivo, segundo ele, era a falta de conhecimento. “Eu achava que a Igreja e o que ela ensina, eram coisas pra pessoas idosas, gente com pique pra ler tudo aquilo. Pra mim, a doutrina da Igreja, as formas como ela a mostrava se resumiam em palavras difíceis de se entender. Hoje, eu vejo que não é nada disso; são palavras simples, capazes de penetrar o coração de um jovem”.

Segundo Rafael, o preconceito para com a doutrina foi vencido pelo ato de conhecer melhor o que diz a fé católica. “Quanto mais me aprofundei e procurei saber o que de fato a Igreja queria dizer com aquilo, essa resistência foi quebrada e passei a aceitar o que a Igreja ensina. Afinal, ela não nos impõe nada, mas nos oferece. Cabe a nós aceitar ou não”.

Padre Anderson sugere o encontro com Jesus como a melhor forma de lidar com as discordâncias relacionadas à fé. Para ele, o Cristianismo não são apenas normas sobre o que se deve ou não fazer, mas é um encontro com Deus. “Porque, quem diz não é a Igreja; ela apenas obedece os ensinamentos de Jesus”, reforçou.

Rafael Morais durante Bote Fé Lorena

Rafael Morais durante o Bote Fé Lorena (SP). (FOTO: Arquivo pessoal)

Hoje, Rafael é um estudante assíduo dos escritos dos Papas, do Catecismo Católico – tanto na versão jovem como o tradicional – e do Compêndio do Concilio Vaticano II. Faz parte do grupo de estudos YouCat School da Paróquia Santa Cecília em Cruzeiro. O objetivo do grupo é estudar a doutrina da Igreja de um jeito simples e jovem.

O jovem e sua formação doutrinal permanente

A jornalista Joice Reis, 25 anos, do Rio de Janeiro, não encontrou grandes dificuldades para absorver a fé. A jovem é de família católica e desde a infância recebe educação cristã em casa; frequentou a catequese paroquial, fez primeira Eucaristia e foi crismada. Entretanto, ela acredita que a formação cristã não deve se limitar à catequese inicial, mas ser um processo constante.

“Nós vivemos num mundo que está sempre com questionamentos, apresentando questões novas, trazendo situações adversas que talvez não tenhamos vivido ainda, por isso, a doutrina é como um porto seguro onde devo recorrer sempre para direcionar minha opinião e minhas atitudes”.

Apesar da formação recebida em casa e na Igreja, Joice dedica um tempo do dia para o estudo da Bíblia e do Catecismo, que considera uma “fonte riquíssima”, embora pouco acessada pela maioria dos fiéis.

“Os ensinamentos da Igreja são ricos, principalmente no que diz respeito à sexualidade e afetividade. Às vezes, reclamamos de não sabermos o que a Igreja ensina sobre esse assunto, mas não procuramos conhecer melhor. É preciso ter busca”, salientou.

Por uma minoria, a doutrina católica é considerada ultrapassada e retrógrada. Joice é contundente em afirmar o contrário: “Acho que a doutrina da Igreja é coerente! Ela te leva a um caminho de liberdade. A gente ouve muito as pessoas dizerem que as verdades que a Igreja ensina são restrições, e a pessoa se sente tolhida diante disso, sendo que na verdade ela quer viver de uma forma mais livre. Mas pra mim, todas as colocações que a Igreja faz, e algumas restrições sim, são um caminho de liberdade onde, por escolha pessoal, submeto minha vontade, minha inteligência à vontade de Deus, àquilo que é a minha fé, que acredito ser verdade”.

Joice e o noivo Fabrício

Joice Reis e o noivo Fabrício durante evento para jovens. (FOTO: Arquivo pessoal)

Joice ainda completou: “São propostas de liberdade, que exigem renúncia sim, mas que me trazem um benefício, e que para alcançá-lo eu faço essa opção”.

De acordo com padre Anderson Marçal, a doutrina não é ultrapassada porque ela leva em consideração os valores que não mudam. “O valor à vida, à família, à pessoa humana, à verdade, ao amor; são valores imutáveis”, disse ele. “Quando a Igreja aprova ou desaprova uma determinada situação significa que ela vai a favor dos valores que não mudam ou vai contra os mesmos”.

A autenticidade cristã e o relativismo social

Para ser cristã autêntica, numa sociedade relativista, Joice acredita que é preciso amadurecimento em todas as áreas, a busca por se conhecer e a firmeza nos valores recebidos. “Não sou uma Joice na minha casa, outra na Igreja, outra no meu trabalho, sou a Joice integral. Então eu carrego comigo tudo que é próprio do meu ser em todos esses ambientes”.

“No meu trabalho sou chamada a dar testemunho da minha fé, assim como na Igreja e em todos os ambientes onde eu vou. Não é fácil, porque muitas vezes somos questionados, interpelados, ironizados, mas como uma pessoa de fé sou chamada a dar respostas diferentes em todas as situações”, afirmou convicta.

Joice testemunha que é possível ser uma cristã autêntica e continuar sendo jovem no mundo. “Não deixo de conviver com meus amigos, não deixo de me divertir; vivo meu profissional, meu familiar, meu noivado, mas fazendo escolhas que dizem daquilo que acredito. Em nenhum momento eu me sinto tolhida ou oprimida por regras e restrições, mas as minhas escolhas me levam a um caminho de descoberta e crescimento como pessoa”.

Sobre o desafio de ser jovem católico que adere a Cristo sem receios, padre Anderson, completa a opinião de Joice: “o jovem que quer viver a verdade do Evangelho precisa ir à busca Daquele que falou. É apenas um encontro pessoal com Aquele que disse o que devemos fazer – e esse é Jesus Cristo – é que vai dar um novo horizonte à nossa vida”.

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