Professor Felipe Aquino faz uma breve reflexão sobre alguns pontos abordados durante o Sínodo
O Sínodo dos Bispos 2018 foi realizado dos dias 3 até 28 de outubro. Dedicado aos jovens, o Sínodo teve como temática central a juventude com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Essa foi a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos; a última foi realizada em 2014.
O Documento de Trabalho, que os bispos receberam, estava dividido em três partes. Sendo elas: “Os jovens no mundo de hoje”; “Fé, discernimento, vocação” e “Ação pastoral”. O Documento foi direcionado ao Sínodo dos Bispos; ao Conselho das Igrejas Orientais Católicas; às Conferências Episcopais; à Cúria Romana e à União dos Superiores Gerais. Catorze (14) grupos de trabalhos prepararam uma síntese para que todos pudessem se aprofundar e depois dar a sua contribuição na plenária.
Como foi criado o Documento de Trabalho: “Instrumentum Laboris”?
Assim, como aconteceu no Sínodo da Família, foi proposto um questionário para recolher informações sobre a realidade da juventude em cada parte do mundo. Inclusive, há perguntas específicas divididas por continente, para ajudar no processo de percepção.
Também, foi prevista uma consulta aos jovens, por meio de um site na internet, com um questionário sobre suas expectativas e um questionário sobre a vida deles. As respostas desses questionários constituíram a base do Documento de Trabalho, o “Instrumentum Laboris”, que foi o ponto de referência para a discussão dos padres sinodais.
.: Sínodo dos Bispos: uma Igreja com os jovens e pelos jovens
Debates sobre a juventude
Muitas questões foram levantadas; e muitos debates importantes foram realizados em tudo que se refere aos jovens, por exemplo:
– A realidade juvenil no mundo foi destaque nas atividades iniciais do Sínodo. Desejou-se que o Sínodo trouxesse os jovens para dentro e para perto de si e, também, escutasse os seus conselhos.
– Como acompanhar os jovens para que reconheçam e acolham o chamado ao amor e à vida em plenitude.
– A Igreja quer pedir a ajuda dos jovens para identificar o modo mais eficaz de anunciar o Evangelho.
– Ouvindo as aspirações dos jovens, podemos vislumbrar o mundo de amanhã e os caminhos que a Igreja é chamada a percorrer.
– Meditar a chamada de Samuel, que é um desses jovens profetas que disse: “Eis me aqui Senhor, o teu servo escuta”. Os jovens são convidados a ouvir a voz de Cristo e a responder como Samuel, colocando o projeto de vida nas mãos do Senhor; caminho certo para a santificação.
– Neste processo de escuta e reposta é de suma importância o acompanhamento do adulto. Pois, se espera que o adulto seja mais maduro na fé e capaz de conduzir os jovens a discernir o chamado de Deus. Ter a preocupação com o perfil, a fé e a qualidade daquele que se coloca a acompanhar o jovem.
– Ouvir o jovem, compreender a realidade e o sofrimento da juventude, em especial dos jovens migrantes e desempregados.
– Questões importante como a castidade, jovens que vivem em situação de risco, exclusão social, guerras, ameaçados pela ideologia de gênero.
– Foi dito que a Igreja precisa trabalhar mais a doutrina social com os jovens.
– O desejo de ser feliz, a busca de sentido para a vida e a luta contra o mal.
– O Sínodo debateu sobre como desenvolver uma pastoral juvenil na internet. A Igreja quer abrir novos caminhos de evangelização entre os jovens e valer-se de todo o potencial das novas tecnologias da internet. A pergunta que os padres sinodais tentaram responder é: de que modo conseguir?
– Desejo de uma Igreja que viva a comunhão de gerações.
– Escolher sempre, a partir de Jesus Cristo, é caminho seguro.
– Que a Igreja seja instrumento para guiar esse caminho de diálogo, conduzindo-os a uma vida que enxerga com o olhar do próprio Cristo.
– São várias as formas de acompanhamentos: acompanhamento psicológico, acompanhamento matrimonial, acompanhamento profissional. Para os jovens cristãos o acompanhamento deve partir, primeiro, de um profundo diálogo com Cristo. Colocar a confiança no Senhor e pedir ao Espírito Santo que possa conduzir cada passo de sua vida.
– Os jovens pedem à Igreja que ela seja um instrumento para ajudá-los a fazer esse caminho. Não é possível fazer um acompanhamento cristão bom sem a fé.
.: Confira como foi o Sínodo dos Bispos para os jovens
Sugestões e pensamentos
Entre muitas manifestações, podemos destacar algumas:
– Migração e perseguições serão dois dos temas centrais do documento final do Sínodo.
– Os padres sinodais pediram ao Papa um Dicastério para os jovens, parecido com o Dicastério da família e vida.
– Os jovens iraquianos enviaram comovente mensagem ao Papa pelo Sínodo.
– O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, assinalou que “aguar” a doutrina moral católica também no campo da sexualidade, não conseguirá atrair os jovens.
– Um Cardeal africano afirmou que Europa se comporta como se não fosse cristã.
– O Arcebispo da Filadélfia (Estados Unidos), Dom Charles Chaput, advertiu que “a palavra castidade quase não aparece” no documento de trabalho do sínodo dos Jovens que acontece no Vaticano.
– Os Padres sinodais enviarão uma carta aos jovens de todo o mundo.
– O Arcebispo de Los Angeles (Estados Unidos), Dom José Gomez, exortou os Padres Sinodais, reunidos em Roma, a “mostrar aos jovens como é a santidade”, vivendo eles mesmos o Evangelho que pregam.
– No sábado, na África do Sul, o Arcebispo de Durban: o Cardeal Wilfrid Fox Napier, disse que o trabalho do Sínodo dos Bispos deve levar em consideração a situação dos jovens, especialmente, escutar as vozes e as necessidades da Igreja na África.
Essas são algumas das mais importantes intervenções, sugestões e propostas que foram apresentadas e debatidas. Essas deverão, certamente, estarem presentes no documento final do Sínodo aprovado pelos padres sinodais. Como sempre, este Sínodo foi riquíssimo em estudar, refletir e rezar sobre a atividade dos jovens na Igreja.
Professor Felipe Aquino