Na cerimônia de acolhimento na JMJ, Papa reforçou aos jovens que Deus os chama pelo nome, cada um deles é importante para Deus
Huanna Cruz
Da Redação
Cerca de 500 mil peregrinos que participam da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, Portugal, acolheram o Papa Francisco nesta quinta-feira, 3. Francisco expressou sua satisfação por escutar o simpático barulho dos jovens e ressaltou que é bom estar todos juntos em Lisboa, com muitas cores e cantos, num verdadeiro clima de festa.
Em seu discurso, Francisco falou aos jovens que o Senhor os chamou, não só nestes dias, mas desde o início dos seus dias. “Sim, Ele chamou-vos pelo nome. Chamados pelo nome: tentai imaginar estas três palavras escritas em letras grandes e, em seguida, pensai que estão escritas dentro de vós, nos vossos corações, como que formando o título da vossa vida, o sentido do que sois: tu és chamado pelo nome, tu és chamada pelo nome, eu sou chamado pelo nome”.
Segundo o Pontífice, ao princípio da teia da vida, ainda antes dos talentos que possuem, das sombras e feridas que carregam dentro de si, todos receberam um chamamento. Chamados, porque amados. Aos olhos de Deus são todos filhos preciosos, que Ele cada dia chama para abraçar e encorajar; para fazer de cada um uma obra-prima única e original, cuja beleza mal se consegue vislumbrar.
“Nesta Jornada Mundial da Juventude, ajudemo-nos a reconhecer esta realidade essencial: sejam estes dias ecos vibrantes da chamada amorosa de Deus, porque somos preciosos a seus olhos, apesar do que, às vezes, os nossos olhos veem, enevoados pela negatividade e ofuscados por tantas distrações. Sejam dias em que o teu nome, através de irmãos e irmãs de muitas línguas e nações que o pronunciam com amizade, ressoe como uma notícia única na história, porque único é o pulsar do coração de Deus por ti. Sejam dias para fixar no coração que somos amados tal como somos. Este é o ponto de partida da JMJ, mas sobretudo da vida”, enfatizou o Papa.
Chamados pelo nome
“Chamados pelo nome: não é um simples modo de dizer, é Palavra de Deus (cf. Is 43, 1; 2 Tm 1, 9)”, disse Francisco ao ressaltar que se Deus chama pelo nome significa que, para Ele, a pessoa não é um número, mas um rosto.
“Quero fazer-te notar uma coisa: muitos, hoje, sabem o teu nome, mas não te chamam pelo nome. Com efeito, o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a tua singularidade, mas a tua utilidade para pesquisas de mercado”.
Segundo o Papa, quantos “lobos” se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que conhecem quem a pessoa é, mas sem a querer bem, insinuando que creem nela e prometendo que é alguém, para depois a deixarem sozinha, quando já não lhes forem úteis. São as ilusões do mundo virtual e todos devem estar atentos para não se deixar enganar, porque muitas realidades que atraem e prometem felicidade mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, supérfluas, substitutos que deixam o vazio interior. Jesus, não, assegurou o Papa: Cristo tem confiança na pessoa, para Ele cada um conta.
Somos a comunidade dos chamados
“E assim nós, sua Igreja, somos a comunidade dos chamados: não dos melhores – não, absolutamente não –, mas dos convocados, de quantos acolhem, juntamente com outros, o dom de ser chamados. Somos a comunidade dos irmãos e irmãs de Jesus, filhos e filhas do mesmo Pai”, disse o Pontífice.
Francisco ressaltou que a Igreja é, e deve ser cada vez mais, aquela casa onde ressoa o eco da chamada pelo nome que Deus dirige a cada um. O Senhor não aponta o dedo, mas alarga os braços: assim no-Lo mostra Jesus na cruz. Não fecha a porta, mas convida a entrar; não mantém a distância, mas acolhe.
“Nestes dias, transmitamos a sua mensagem de amor, que liberta o coração e deixa uma alegria que não desaparece. Como? Chamando os outros pelo nome. Perguntai o nome a quem encontrais e, depois, pronunciai o nome do outro com amor, acrescentando sem medo: «Deus ama-te, Deus chama-te». Lembrai-vos mutuamente que sois preciosos. E não temais ajuntar: «Irmão, irmã, é bom que tu existas». Acreditais nisto? Posso contar convosco?”, interrogou Francisco.
“Deus nos ama como somos, Jesus nos ama como somos, não como gostaríamos de ser, mas como somos efetivamente”, concluiu o Papa desejando a todos uma feliz JMJ.