Francisco conheceu o trabalho de três instituições caritativas na periferia de Lisboa; refletiu sobre o amor concreto, aquele que não tem asco da pobreza do outro
Da Redação, com Vatican News
O apelo do Papa Francisco, uma vez mais, em prol da proximidade aos mais pobres marcou seu encontro com representantes de centros de assistência sócio-caritativa em Portugal. Nesta sexta-feira, 4, Francisco pôde conhecer o trabalho de três desse centros na periferia de Lisboa. O encontro aconteceu na Paróquia São Vicente de Paulo, que fica entre os bairros de Serafina e Liberdade, ambos com condições habitacionais precárias.
Três instituições apresentaram seus testemunhos ao Santo Padre: o Centro Social Paroquial (ligado ao espaço onde acontece a reunião), a Associação de Solidariedade Social “Ajuda de Berço” e a Associação de Pais e Amigos de Crianças com Câncer “Acreditar”. O pároco e também diretor do Centro Social Paroquial, cônego Francisco Crespo, acolheu o Papa e agradeceu pela presença que “enche de grande alegria e anima a fazer sempre mais e melhor por aqueles que precisam de apoio e do amor de Cristo”.
Em seu discurso, o Pontífice agradeceu pelas apresentações e pelo trabalho em prol da caridade, “origem e meta do caminho cristão”, por meio da “realidade concreta de ‘amor em ação’”. Neste sentido, ele destacou três aspectos próprios da assistência ao próximo: “fazer juntos o bem, agir no concreto e estar próximo dos mais frágeis”.
Fazer o bem juntos e concretamente
Primeiro, ao falar sobre “fazer juntos o bem”, Francisco frisou a palavra “juntos”. Cada indivíduo, apesar dos desafios que enfrenta, não é um “problema”. Ao contrário, “é um presente, é um dom, um dom único com os seus limites, mas um dom precioso e sagrado para Deus, para a comunidade cristã e para a comunidade humana”. Assim, na soma de todos, o conjunto se enriquece.
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A segunda característica é a ação concreta. Retomando a expressão de São João XXIII usada em um dos testemunhos de que “a paróquia é o fontanário da aldeia onde todos vão beber”, o Papa falou do cuidado com quem procura esta ajuda eclesial. “Quando não se perde tempo a lamentar-se da realidade, mas se tem a preocupação de ir ao encontro das carências concretas, com alegria e confiança na Providência, acontecem coisas maravilhosas”, declarou o Santo Padre.
Estar próximo aos pobres, sem asco
O último aspecto é a proximidade aos mais frágeis, especialmente de quem mais precisa – excluídos, marginalizados, descartados, humildes, indefesos. “São eles o tesouro da Igreja, são os preferidos de Deus”, exclamou o Papa. Na sequência, dizendo que não estava conseguindo enxergar bem o texto no documento, ele seguiu de improviso, abordando a questão da concretude do amor.
“Não existe amor abstrato, não existe. O amor platônico está em órbita, não está na realidade. O amor concreto, aquele que suja as mãos… E cada um de nós pode se perguntar: o amor que eu sinto por todos aqui, o que sinto pelos outros, é concreto ou abstrato? Eu, quando estendo a mão a uma pessoa necessitada, a um doente, a uma pessoa marginalizada, depois de estender a mão, faço isso em seguida (limpando), para que não me ‘contagie’? Tenho asco de pobreza, da pobreza dos outros? Procuro sempre a vida destilada, aquela que existe na minha fantasia, mas que não existe na realidade? Quantas vidas destiladas inúteis, que passam pela vida sem deixar marca, porque sua vida não tem peso!”
Francisco concluiu sua fala agradecendo pelo trabalho de cada uma das organizações, expressando que não é possível existir uma Jornada Mundial da Juventude sem levar em conta esta realidade. “Isso também é juventude no sentido de que vocês geram continuamente vida nova”, explicou.