Entrada da Loja Canção Nova na internet é um dos grandes marcos dos 30 da comunidade no ambiente digital; saiba mais sobre desafios e evoluções
Julia Beck
Da Redação

Além da evangelização pela televisão e pelo rádio – os meios precursores – a Canção Nova encontrou na venda de produtos religiosos mais um importante meio para propagar a Boa Nova do Evangelho. E a chegada da internet ampliou essa área de atuação, eliminando barreiras físicas para que os produtos Canção Nova pudessem chegar a todos os lugares.
A comercialização física desses produtos, realizada a partir de 1983 pela Loja Canção Nova — criada junto com o Departamento de Audiovisuais (DAVI) da Fundação João Paulo II — ganhou uma forte aliada com a chegada da comunidade à internet, em 1995. Este passo culminou, mais tarde, na estruturação dentro do site de um espaço dedicado à loja.

Adamir Ferreira de Souza /Foto: Arquivo Pessoal
O atual gerente do DAVI, Adamir Ferreira de Souza, recorda que o fundador da comunidade Canção Nova, Padre Jonas Abib, sempre foi um homem inovador, que buscava novas formas de evangelizar. Diante desse cenário, ele acredita que a entrada da loja para o “mundo digital” foi inevitável. Foram muitos os desafios enfrentados ao longo dos anos, mas a crescente evolução da tecnologia sempre foi e segue sendo um desafio. “As pessoas esperam cada vez mais por um nível de serviço melhor e a comparação com o que o mercado oferece é constante”, pontua.
Adaptação às novas tecnologias
Foi em um período de grande necessidade de adaptação às novas tecnologias que o missionário Pedro Vilas Boas contribuiu para os trabalhos do DAVI. Entre 2018 e 2019, ele foi gerente do Núcleo de Produtos Digitais e Gravadora. Ele recorda que a loja vivia um “atraso” na transição dos produtos físicos para os digitais. O foco ainda era a venda de CDs, DVDs e LPOs, quando muitos consumidores já não demonstravam mais interesse na mídia física.
“Muitos já não queriam mais ter um CD, e sim ter acesso àquela música do CD. A tecnologia tinha mudado e já não era mais necessário carregar um objeto grande, chato, que arranhava”, lembra.
Nos últimos anos que esteve no departamento, ele conta que participou do encerramento da área de duplicação (que transformava homilias em CDs ou DVDs) e do desbravamento do fornecimento de conteúdos pelas plataformas de vídeos. O tempo foi marcado pela estratégia na divulgação e promoção de produtos digitais. “Foi preciso nos adaptarmos e entendermos um pouco mais sobre marketing digital, veiculação de músicas às plataformas digitais, streaming e plataformas audiovisuais”. Pedro também fez parte do processo de disponibilização de e-books, que tinham plataformas próprias de audiobooks.
“As pessoas compravam o acesso àquele livro que era narrado, ou a uma forma diferente de ler o livro. Ela tinha acesso ao livro, não mais físico, mas de maneira digital. Uma adaptação necessária”.
Para além da loja on-line
Outro avanço, dessa vez pontuado pelo missionário Fábio Gonçalves Vieira, que gerenciou o DAVI entre 2016 e 2018, foi a distribuição dos e-books em várias plataformas de marketplace. Iniciativas como essa, explica o missionário, permitiram que a Canção Nova expusesse para venda seus materiais de evangelização em plataformas varejistas que têm um tráfego de milhões de pessoas, melhorando o alcance a um público que talvez não acessasse a loja virtual. “Nessa época também ampliamos bastante a nossa presença no streamer”, acrescenta.
O missionário ressalta que, diante da evolução tecnológica, a Canção Nova escolheu não ficar parada, mas avançar, se modernizar e ter a coragem de “escoar o material de evangelização pela internet”. “Nós fomos ousados, como o nosso fundador sempre foi. Não ficamos parados”.
Junto com os benefícios da evolução, Vieira sublinha que surgiram desafios, como a necessidade de integração com outros serviços e a superação de limitações logísticas. “As nossas vendas tiveram um volume de crescimento grande com esse advento da implementação da nova loja virtual, então nós fomos também precisando melhorar em outras áreas a partir desse avanço tecnológico (…). Hoje nossas entregas têm prazos rápidos e tudo isso é fruto desse avanço que a internet nos proporcionou”.
Mudança de mentalidade
Pedro recorda que a adaptação ao digital não precisou acontecer apenas na equipe de marketing, logística e gerência da Loja Canção Nova, mas também, por exemplo, entre os missionários que produziam, escreviam e gravavam músicas.
“Romper com o antigo processo interno e viver a adaptação a uma nova tecnologia, a um perfil de consumidor que havia mudado, foi muito difícil. Foi um longo processo para as pessoas que estavam à frente, para as grandes autoridades da Canção Nova, para os próprios produtores de conteúdo, cantores, pregadores…”, revela o missionário.
Ele conta que entre os mais jovens da época (Thiago Tomé, Ana Lúcia e os integrantes do Amor e Adoração) essa dinâmica fluiu de forma mais natural. No entanto, entre os mais experientes, a compreensão desta mudança foi mais intensa. “Diácono Nelsinho, Salete Ferreira e Rogerinha, que pertenciam a gerações diferentes, tiveram que se adaptar, com muito esforço e vontade de evangelização, a essa modernização. Eles se adaptaram para poder fazer com que a mensagem de Jesus chegasse a mais corações. Foi bonito de ver as pessoas quererem se adaptar, apesar de não terem tanta facilidade”, lembra.
Loja on-line
Embora não haja registro exato de quando o e-commerce assumiu o formato que permanece até hoje, é evidente o percurso tecnológico que levou até ele. O primeiro passo conhecido foi a criação do antigo “shopping”: uma plataforma que funcionava como vitrine de produtos, sem opção de compra e ainda desvinculada do site oficial.

João Kruschewsky /Foto: Arquivo Pessoal
De 1997 até 2018, João Kruschewsky integrou o departamento de Tecnologia da Informação (TI) da Fundação João Paulo II (FJPII) e acompanhou de perto a evolução on-line da loja. Segundo ele, a comercialização de livros e outros produtos começou antes de 2006, em um site externo ao portal. Na época, a estrutura de e-commerce era: catálogo básico, carrinho próprio e pedidos pela internet.
A partir de 2006, houve uma evolução da loja virtual, com uma maior ampliação da operação, mais produtos e melhorias técnicas. Kruschewsky conta que foi então que a “loja.cancaonova.com” começou a se estruturar como e-commerce oficial. Entre 2007 e 2012, uma expansão do catálogo e do número de pedidos foi continuada. Dessa vez, com novas integrações internas (estoque, logística, nota fiscal). Um aumento do fluxo de usuários e fortalecimento da presença digital foi notada.
A decisão estratégica de migrar para uma grande solução de e-commerce do mercado foi tomada entre 2012 e 2013, revela o antigo colaborador da TI da FJPII. Neste mesmo período, uma reorganização do catálogo de produtos e um planejamento técnico da transição foi realizado. Foi então que entre 2013 e 2016 aconteceu a implantação da nova plataforma profissional. Um redesign completo foi feito, com um checkout moderno e melhorias de usabilidade. Integrações robustas com sistemas internos e experiência mais estável marcaram este período.
Em 2016, o lançamento da nova Loja Virtual, incorporada ao Portal da Canção Nova, foi o grande marco. Kruschewsky afirma que a estrutura on-line tinha uma melhor velocidade, estabilidade e experiência de compra. Benefícios automáticos para sócios evangelizadores foram oferecidos. Desde 2017, o profissional de TI acredita que a plataforma vive uma consolidação como um dos maiores e-commerces católicos do Brasil. Com portfólio expandido (moda, acessórios, devocionais e conteúdos digitais), a estrutura oferecida é moderna, escalável e pronta para alto volume.
“Padre Jonas sempre falava que a gente precisava colocar a Canção Nova à disposição e essa foi a missão que assumimos”, observou Kruschewsky.
Constante evolução
Ainda hoje, o atual gerente do DAVI reforça a necessidade de continuidade na evolução diante das novas ferramentas de tecnologia. “É preciso diversificar o lançamento de produtos e evoluir sempre nos níveis de serviço, seja no atendimento, na logística ou nos valores justos e acessíveis”, diz Adamir. As redes sociais, por exemplo, foram definidas por ele como ferramentas atualmente “importantíssimas” para que os produtos de evangelização sigam sendo divulgados.
Adamir enfatiza que é uma grande alegria fazer parte da missão da Canção Nova, que “vai muito além de ‘distribuir’ produtos”, mas “evangelizar através dos produtos”. “A internet veio como ferramenta para encurtar as distâncias e agilizar o nosso processo de comunicação”, reconhece.




