Pesquisa

Uso do biocarvão no solo minimiza efeitos do aquecimento global

O uso do biocarvão no solo mostra entre suas principais vantagens um alto poder de estocar carbono atmosférico em uma forma estável, que garante que ele permaneça no solo por várias centenas de anos. A informação foi dada à Agência Brasil pela pesquisadora da Embrapa Florestas, Claudia Maia. Ela participa, no Rio de Janeiro, da 3ª Conferência Internacional sobre Biochar (biocarvão).

“Ele é muito estável, se degrada muito lentamente e, com isso, você vem enriquecendo o estoque de carbono. E você está ajudando a minimizar os efeitos do aquecimento global. Esse é o primeiro apelo do biocarvão”, disse.

Ainda segundo a pesquisadora, as propriedades químicas e físicas do biocarvão favorecem na utilização dos fertilizantes. “A utilização do biocarvão ajuda a reter os nutrientes na sua própria matriz e você pode usar quantidades menores de fertilizantes”. Além de economizar fertilizantes, as respostas dos experimentos efetuados com o biocarvão indicam que há um aumento também na produtividade do solo. “Porque o efeito é não só na retenção de nutrientes, mas também de água. E com maior água disponível para as plantas, elas apresentam maior produtividade no final de um ciclo de produção”, afirmou Claudia Maia.

Para a pesquisadora o biocarvão não tem qualquer relação com as queimadas. Segundo ela, a estratégia do Brasil e da maioria dos países que adotam a tecnologia do biocarvão está ligada a sistemas de produção de energia. “Nós estamos falando em carbonizar resíduos de sistemas para produção de agroenergia, seja bagaço de cana, restos de serraria, restos de fábrica de papel e celulose, resíduos da indústria de bioóleo. Enfim, biomassa residual que, normalmente, não é aproveitada nos sistemas de produção. Queimar floresta nativa é falta de senso. Ninguém sério está pensando numa possibilidade dessa”, disse.

Claudia Maia destacou que o Brasil tem grande potencial de florestas plantadas de pinus e eucalipto, porque apenas 5% da produção florestal nacional vêm de florestas plantadas. Na China, são quase 30%. “Nós temos um potencial de expansão muito grande”. A meta é ocupar áreas de pastagens degradadas no Cerrado e, até na Amazônia, com florestas plantadas. A estratégia da pesquisa sobre biocarvão visa a recuperação dessas áreas. “A ideia é restaurar o solo já degradado para restabelecer o potencial de fertilidade e produtividade”.

Os cientistas estão debatendo na conferência as melhores formas de carbonizar a biomassa para uso no solo, as características químicas desse processo e os cuidados que devem ser tomados do ponto de vista ambiental. O conhecimento que está sendo debatido no encontro, iniciado no último dia 12, vai enriquecer a rede nacional de pesquisas da Embrapa, da qual participam universidades de todo o país.

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