DIA DO MUSICOTERAPEUTA

Profissionais comentam os benefícios da Musicoterapia

Dia do Musicoterapeuta é celebrado nesta sexta-feira, 15; profissionais falam da importância da música na reabilitação da saúde do paciente

Huanna Cruz
Da Redação

Musicoterapeuta Sarah Caroline Jeronimo da Silva / Foto: Arquivo Pessoal

Nesta sexta-feira, 15, é comemorado o Dia do Musicoterapeuta, uma profissão com potencial ainda pouco conhecido. Estudos já mostraram que a música pode oferecer efeitos positivos no cérebro, sendo um deles a liberação da dopamina, também conhecida como “hormônio do prazer”. O musicoterapeuta é um profissional que trabalha sob essa ótica do bem-estar e visa à promoção de saúde. Emprega instrumentos musicais, o corpo, a voz e demais sons com a intenção de estabelecer canais de comunicação com seus pacientes.

Segundo a musicoterapeuta Bruna Ribeiro, esta é uma área da saúde que usa da música como recurso para reabilitar algum ponto da saúde do paciente, explorando a relação da pessoa com a música. E isso tendo em vista que, independente de ter conhecimento musical ou saber tocar um instrumento, a música faz parte da humanidade.

Para outra profissional da área, Sarah Caroline Jeronimo da Silva, esta é uma prática que pode atender pessoas em seus diversos contextos, desde os bebês ainda na barriga de suas mães, até crianças, adolescentes, adultos e idosos. Pode ser aplicada em ambiente domiciliar, clínico, hospitalar, empresarial, escolar e em diferentes instituições.

Musicoterapia e doenças degenerativas

“A Musicoterapia vem se mostrando uma abordagem muito eficaz nas doenças degenerativas, eu atendo esse público, tenho pacientes com alzheimer, parkinson, lesões de AVC, doenças graves e difíceis.”, afirma Bruna. 

A profissional acrescenta que o auxílio da musicoterapia para o alzheimer, por exemplo, sendo uma das pouquíssimas metodologias em que se consegue ter acesso ao paciente. “A memória musical que todos nós temos, ela é a última a ser afetada por essa doença, então ele esquece o nome dos filhos, esquece o que eles fizeram durante a vida, mas as músicas que eles ouviram na infância, na juventude, permanecem. Já tive pacientes que já não conseguiam mais falar, mas quando eu colocava as músicas de carnaval, as músicas antigas, ele ainda conseguia cantar”, ressalta. 

Bruna explica ainda que a musicoterapia é muito indicada, o problema é que muitos médicos não a conhecem. Em casos de câncer, a musicoterapia atua muito bem, já que o paciente costuma ficar emocionalmente fragilizado e necessitado de suporte. 

Musicoterapia e autismo

Para a musicoterapeuta Sarah, crianças com autismo podem se beneficiar bastante da musicoterapia. Ela explica que a utilização de instrumentos pode servir como uma importante ferramenta para incentivar a comunicação e a autoexpressão. E isso traz qualidade de vida para o portador do transtorno.

Sarah Caroline ainda ressalta que, no caso do autismo, há lacunas no desenvolvimento de habilidades importantes no que diz respeito à comunicação, interação e funções comportamentais. A musicoterapia tem crescido no tratamento dessa população por sua estimulação multissensorial e potencialização do processo de aprendizagem, partindo da musicalidade dos pacientes para estimular as habilidades a serem desenvolvidas por meio da música.

Há um vasto campo de estudos e trabalhos publicados sobre a musicoterapia no autismo, bem como nos transtornos do neurodesenvolvimento e nas doenças neurodegenerativas, indicando as melhoras e as ferramentas de trabalho mais assertivas no campo de tratamento.

Experiência com musicoterapia

Viviane Sales de Mendonça Scura, de São Bernardo do Campo (SP), é mãe de Isabella, de 3 anos. Ela relata que a musicoterapia trouxe várias habilidades para a filha: além de melhorar o contato visual, estimulou a repetição, o tempo de espera, o completar a música, melhorou as relações com as pessoas. Ela vem percebendo que pessoas também cantam e emitem sons, não somente os desenhos infantis com letras e figuras legais.

A mãe ainda ressalta que procurou a musicoterapia pelo atraso de fala da sua filha que, naquele momento, se comunicava muito pouco. Ela buscou e encontrou na internet muitas mães e profissionais indicando a música como um auxílio para a fala e comunicação na criança.

“Aproveitei o fato da Isabella gostar muito de música e fui em busca. A música está sendo um diferencial. Os demais profissionais que cuidam dela vem aproveitando muito do trabalho da musicoterapia e utilizando como base no tratamento”.

O exercício da profissão

Sarah Caroline acredita que a profissão deve ser exercida por um profissional qualificado que passou por formação adequada em um programa de graduação ou pós-graduação. Não há necessidade do paciente ter conhecimento musical prévio, uma vez que o objetivo não é “ensinar música”, mas utilizar dela e de seus recursos para alcançar objetivos não musicais. Entre eles, estão o autoconhecimento, desenvolvimento de fala ou linguagem, estimular habilidades motoras, memória ou aprendizagem, reduzir ansiedade, aumentar bem-estar, promover qualidade de vida, fortalecer laços e relacionamento entre grupos, entre tantos outros objetivos que podem ser trabalhados.

O musicoterapeuta realiza uma investigação inicial para analisar os objetivos que levaram o paciente ao tratamento, podendo utilizar de avaliações específicas para elaboração do plano terapêutico individualizado para cada pessoa ou grupo atendido. A prática clínica utiliza as experiências musicais ativas como compor, recriar e improvisar e experiências receptivas, por meio da escuta musical. Por ser uma área da saúde, a musicoterapia conta com um trabalho estruturado e baseado em evidências, indo muito além de simplesmente “fazer música”.

História da Musicoterapia

A música é uma das manifestações humanas mais antigas e muitos já perceberam seus efeitos terapêuticos a partir de suas experiências musicais, muitas vezes associados a suas emoções e sentimentos. Em dado momento histórico, os médicos também perceberam sua importância para potencializar o tratamento de doenças, chegando a receitar música junto ao tratamento medicamentoso. Isso uma vez que percebiam que, de alguma forma, a música “fazia bem para alma” e acreditavam que os pacientes se recuperariam mais rápido.

Porém, somente na Segunda Guerra Mundial o estudo da música e sua influência nas dimensões humanas passaram na ser estudadas de maneira científica. Foi quando um hospital norte-americano que atendia os feridos da guerra contratou músicos para tocar para alguns pacientes, a fim de gerar um pouco de bem-estar em meio ao sofrimento vivido. Perceberam, então, que os pacientes que receberam os músicos se recuperaram mais rápido em comparação aos que não receberam os músicos, iniciando um grupo de estudos com objetivo de investigar se a música poderia influenciar o processo de reabilitação dos pacientes e como isso ocorreria. A partir de então, foram criados os primeiros grupos de estudos, congressos, cursos e hoje se tem a formação de Musicoterapia em nível superior em todo mundo, inclusive no Brasil.

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