Após visitar a Escola Municipal Tasso Fragoso da Silveira, em Realengo, onde aconteceu o atentado que matou 12 crianças, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta foi enfático ao afirmar que o acontecimento é uma oportunidade para a reflexão sobre os valores da vida e sobre a responsabilidade que temos uns para com os outros.
“O que vimos, ouvimos e presenciamos deve nos levar a refletir sobre os valores que aprendemos e trazemos no coração, e é também um desafio para trabalhar mais e melhor pelo bem, pela fraternidade e pela paz”, afirmou o Arcebispo.
Considerada a maior tragédia do gênero na história do Brasil, o atentado ocorreu na manhã da quinta-feira, 7, por volta das 8 horas, quando um jovem de 23 anos invadiu a escola, situada na Zona Oeste da cidade, disparando vários tiros contra os alunos entre 12 e 14 anos. Ex-aluno da escola, ele portava dois revólveres e muita munição. Para justificar o crime, deixou uma carta complexa, atestando a falta de equilíbrio emocional.
Ao tomar conhecimento, Dom Orani afirmou em nota que a tragédia não só “feria aqueles que foram atingidos, mas também a todos os cariocas”. Assinalou ainda o seu repudio, oferecendo orações e colocando-se em unidade à dor de todos que foram vitimados: pais, familiares, professores e amigos.
Na manhã da sexta-feira, 8, Dom Orani foi levar sua solidariedade, em nome da Igreja, a todos os envolvidos. Acompanhado pelos bispos auxiliares Dom Paulo Cezar Costa e Dom Nelson Francelino Ferreira, foi primeiro até a escola, onde com o vigário episcopal do Vicariato Oeste, Monsenhor Luiz Artur Marques de Barros Falcão, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes também estavam no local.
“Encontramos, em Realengo, uma situação assustadora e triste. Os familiares choram entristecidos, querendo encontrar uma justificativa da dureza de um coração, que cada vez mais vai ganhando espaço na sociedade. Somente Jesus Cristo para consolar os corações abatidos”, disse monsenhor Luiz Artur.
Dom Orani foi também até o Hospital Albert Schweitzer, o mais próximo da escola, onde conversou com a direção da instituição, médicos e familiares das vítimas.
Ao manifestar sua consternação pelo atentado, depois de sua visita à escola e ao hospital, o arcebispo do Rio pediu orações por todos os envolvidos, particularmente pelos pais que perderam seus filhos, a fim de que eles possam ser confortados por Deus. Compreendendo-os como mártires da violência, pediu a Deus para que fato semelhante não volte a acontecer na cidade.
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Ao comentar o histórico de vida e a atitude desequilibrada do atirador, marcado por situações complexas no âmbito familiar e social, o arcebispo lembrou a necessidade e a responsabilidade da sociedade. Dom Orani ressaltou que cada pessoa deve ser amada, acolhida e ter condições de viver bem, na dignidade dos filhos de Deus.
“Apesar da dimensão da tragédia, precisamos olhar o futuro com esperança e confiança, e, de mãos dadas, construirmos juntos um mundo melhor. Faz parte da nossa missão, como cristãos, educar a todos para o bem, para a fraternidade. A começar pelas nossas crianças, devemos ensinar a importância de buscar a Deus, de respeitar a vida e, sobretudo, uns aos outros. Os valores que plantamos, isso é o que colhemos”, afirmou Dom Orani.
O arcebispo do Rio lembrou que a Igreja, por meio dos párocos e das comunidades paroquiais próximas à escola, irá acompanhar a situação das famílias vitimadas, respeitando a liberdade de cada uma, para prestar o conforto espiritual necessário ou para ações de solidariedade.
A primeira Celebração Eucarística pelas vitimas e por seus familiares aconteceu na noite de quinta-feira, 7, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Realengo. A Missa de sétimo dia, presidida por Dom Orani, está agendada para a quarta-feira, 13, às 9h, na quadra da própria escola.
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