JPII recebeu em audiência ontem (11/11), na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 60 participantes da Assembléia Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais. O conhecimento representa “um extraordinário e profundo valor para toda a família humana”.
Mas tal valor é ainda mais elevado e útil, se o conhecimento científico passa “do nível da pesquisa e da reflexão ao de sua aplicação prática”, que requer dos cientistas o compromisso de trabalhar para o bem comum da humanidade.
Com um profundo discurso sobre o papel da ciência e de seus cultores _ enquanto o terceiro milênio dá seus primeiros passos _ JPII dirigiu uma série de perguntas e de solicitações, na audiência desta manhã, aos membros da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, que, de quinta-feira passada até hoje, realizaram sua Assembléia Plenária, centralizada, este ano, no tema: “Valores culturais da ciência”.
Em primeiro lugar, o Papa reconheceu que, graças à ciência, o homem pôde compreender melhor seu lugar no Universo, suas ligações “entre a história humana e a história do cosmo”, a excepcional complexidade e ao mesmo tempo a admirável coordenação dos próprios processos vitais”.
Se hoje a filosofia e a teologia _ observou o Pontífice _ “compreendem melhor do que no passado, o significado do ser humano, devem isso em grande parte à ciência”. Mas os cientistas têm um dever: o de “servir mais ainda, já que conhecem mais, segundo a afirmação evangélica: “A quem muito foi dado, muito ser cobrado.”
“Penso não somente nos perigos provocados por uma ciência desprovida de uma ética salutarmente enraizada na natureza da pessoa humana e no respeito ao meio ambiente” _ acrescentou o Papa _ mas sobretudo nos “enormes benefícios que a ciência pode oferecer aos povos do mundo” através da pesquisa e de suas aplicações tecnológicas.
Uma ciência livre dos interesses, protegida em sua “legítima autonomia” das “pressões políticas e econômicas” e pautada “na verdade e no bem comum”.
JPII fez um apelo aos cientistas a fim de que, baseados em seus conhecimentos e autoridade, “incrementem o nível de instrução e melhorem as condições de saúde”. “Coloquem em prática estratégias para uma mais equânime distribuição dos recursos” e “facilitem a livre circulação de informações” para “melhorar a qualidade de vida” e elevar os padrões, pediu o Pontífice.
“Levem esses conceitos comuns e aspirações às agências nas quais vocês trabalham” _ exortou o Santo Padre _ de modo que a ciência não se limite a promover o diálogo entre os pesquisadores _ individualmente considerados _ mas também “entre as nações e culturas”, contribuindo para a harmonia dos povos.
Entre os membros da Pontifícia Academia das Ciências Sócias que participaram da Assembléia Plenária destes dias, encontravam-se dois brasileiros: o Prof. Rudolf Muradian, docente no Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz, localizada no eixo Itabuna-Ilhéus, no sul da Bahia, e o Prof. Crodowaldo Pavan, docente de Biologia na Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo.
Fonte: Rádio Vaticano