Em Missa com moradores de rua, Dom Cláudio Hummes transmitiu-lhes o abraço do Papa e pediu que a Igreja se comprometa com os pobres
André Cunha
Da redação
“Não é Deus quem faz os pobres. Não é ele quem diz: você será rico, e você será pobre”, afirmou o Legado Pontifício do Congresso Eucarístico Nacional (CEN), Dom Cláudio Hummes. O cardeal presidiu uma Missa nesta quarta-feira, 17, que contou a presença de centenas de moradores de rua. A celebração faz parte da programação do XVII CEN, em Belém do Pará.
Segundo Dom Cláudio, é sociedade quem faz com que alguns sejam mais ricos, que não sabem nem o que fazer com o que tem, mas continuam acumulando às custas de quem não tem. “Deus entregou a nós a responsabilidade de organizar a humanidade de modo que ninguém seja pobre, excluído”, afirmou.
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No início da homilia, Dom Cláudio questionou a assembleia, também formada por bispos e padres, sobre como a Igreja deve ser presença hoje no Brasil. “Quais são as coisas mais importantes?”, perguntou, respondendo em seguida:
“O que é mais importante para a Igreja que os pobres? Por isso essa Missa quer ser um momento forte neste Congresso. Por isso também queremos dar força para quem está trabalhando com os pobres. Há tanto trabalho por esse Brasil a fora sendo feito… Nós temos um divida enorme com os pobres”.
Na ocasião da eleição de Bergoglio como Papa, Dom Cláudio, que estava no Conclave, pediu ao Papa: “não se esqueça dos pobres”. Hoje, citando o Pontífice que ele ajudou a eleger, o cardeal lembrou que a Igreja não pode deixar de ouvir o grito dos pobres. “Ela tem que dar prioridade a isso”, disse ele.
“A Igreja tem que se envolver totalmente na luta contra a exclusão social, econômica, cultural, o que seja. A Igreja deve ser exemplo para a sociedade dizendo que todos devem ser incluídos à mesa; nesta mesa não pode haver diferença. Todos devem poder vir e entrar, pois esta [a Igreja] é a casa dos pobres”.
Por fim, o cardeal transmitiu aos morados de rua um abraço do Papa Francisco, enfatizando que os mais pobres são o centro da preocupação do Santo Padre. “Se tem um homem nesse mundo hoje que tem isso fortemente no centro da sua preocupação é o Papa Francisco. Claro, muitos outros também, mas ele está aí nos mostrando esse caminho. Que sejamos misericordiosos, como Deus é misericordioso conosco”.