Analice e José Valter são os personagens de uma história de amor, resiliência e perdão com a ajuda da Canção Nova
Thiago Coutinho
Da redação
Em Mateus 18, 21-22, Pedro se aproxima de Jesus e pergunta: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?”. Jesus, prontamente, responde ao seu discípulo: “Eu te digo: Não até sete, mas até setenta vezes sete”.
Essa passagem bíblica é um exemplo perfeito do que é o perdão na vida cristã. A vida de Analice Ferreira Amaral Rufino, 28, e seu marido, José Valter Rufino Júnior, 33, é um autêntico exemplo do que Jesus ensinou.
Em 23 de abril de 2018, por volta das 5h30 da manhã, José Valter (carinhosamente chamado de Júnior pela esposa) foi atingido por um carro enquanto ia de bicicleta ao trabalho. Resultado: ficou 97 dias hospitalizado, 27 deles na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com um traumatismo craniano grave, mandíbula e maxilar quebrados e um edema cerebral.
“O diagnóstico, a princípio, era de que ele não passaria das 72 horas de vida. O médico disse que havia um sangramento extenso no cérebro e que fatalmente ele teria morte cerebral”, explica Analice.
Analice não se deu por vencida com o diagnóstico e começou a rezar o Terço da Misericórdia. Pediu que Deus fizesse o que fosse melhor para o marido dela. Júnior reagiu, embora não da maneira esperada.
Durante os 27 dias na UTI, Júnior foi submetido a uma traqueostomia e uma gastrostomia.
Nos 70 dias restantes, Analice foi instruída pela equipe médica a aprender a cuidar de Júnior em casa. “Foi necessário montar uma mini UTI dentro de casa, num quarto que temos aqui. Aprendi tudo relativo a lidar com sonda, traqueostomia, sinais vitais e uma equipe médica vinha visitá-lo semanalmente”, relata Analice.
A presença de Deus e da Canção Nova
Analice conta que sempre manteve um diálogo normal com o marido — que se limitava a mexer os olhos como resposta. “Já havíamos tentado, até então, três vezes tirá-lo da traqueostomia, mas não conseguíamos”.
O médico, por fim, chegou a alertar Analice que não tentaria mais tirá-lo da traqueostomia, pois era um procedimento arriscado. Chateada, a esposa de Júnior certo dia ligou a tevê e, ao sintonizar na Canção Nova, começou a acompanhar um acampamento e se atentou à forte mensagem de quem pregava naquele momento: o perdão.
“O pregador começou a falar sobre a importância do perdão. Aquilo me tocou de uma tal forma que fiquei em pé, ao lado da cama de Júnior, e senti Deus falar comigo: a pessoa responsável pelo acidente precisava mais do meu perdão do que eu da ajuda dela”, relembra Analice.
Para Analice, a mágoa maior para com o responsável pelo acidente era o fato de que o motorista nunca havia procurado saber o estado de Júnior. “Minha mágoa profunda nem era pelo atropelamento em si, mas por ele nunca ter procurado saber como Júnior estava. Essa pessoa nunca procurou saber se precisávamos de ajuda. Sei que ninguém sai de casa com a ideia fixa de que vai atropelar alguém. Acidentes acontecem. Mas me questionava o porquê dessa pessoa nunca ter vindo aqui”, pondera.
O perdão
Após participar deste acampamento, Analice sentiu uma vontade muito forte de perdoar aquela pessoa. Assim, pensou, sua vida e a de Júnior seguiria adiante.
Uma das enfermeiras que cuidava de Júnior participava de um grupo de oração, liderado pelo padre Roger Luis. Analice comentou com essa enfermeira que sentia em seu coração que precisava perdoar o motorista responsável pelo acidente. A enfermeira a incentivou que seguisse adiante, procurasse a pessoa e a perdoasse.
O ônibus que Analice utilizava para voltar para sua casa passava próximo à residência do motorista. Mas não tinha o costume de parar exatamente naquele ponto. “Então, eu pensei: ‘se alguém por acaso pedir parada naquele ponto, eu desço, caso contrário sigo a minha vida’. Mas alguém pediu para que o ônibus parasse ali. Então, desci, fui até a casa dessa pessoa e resolvi conversar com ele”, relata.
Analice afirma que, ao sair da casa do responsável pelo acidente que deixara seu marido acamado, sentiu um alívio deixar seus ombros. Chegando em casa, encontrou a equipe médica que cuida de Júnior e pediu que mais uma vez tentassem livrá-lo da traqueostomia. E, dessa vez, após sua conversa com o motorista, o procedimento deu certo.
“Entendi a importância do perdão. O agir de Deus, por meio da Canção Nova, que trouxe até mim este sentimento de perdoar, de passar por este processo, de me liberar deste rancor que sentia”, assegura Analice.
A vida de Analice e Júnior é registrada diariamente em suas redes sociais. Analice mostra o dia a dia de Júnior, as pequenas vitórias e dificuldades pelas quais passam diariamente, dá dicas de relacionamento e também como cuida de seu marido, que se tornou um exemplo de resiliência.