Associação Internacional de Fiéis da Fazenda da Esperança completa 20 anos neste domingo, 17; carisma atrai jovens dispostos a viver e pregar a esperança
Julia Beck
Da redação
Duas décadas. É o que completa neste domingo, 17, a Família da Esperança, a Associação Internacional de Fiéis da Fazenda da Esperança. Aprovada pelo Pontifício Conselho para os Leigos da Igreja Católica, a associação teve seu primeiro reconhecimento assinado em 1999 pelo, na época, arcebispo de Aparecida (SP), Dom Aloísio Lorscheider. Desde então, os leigos membros da associação assumiram a condição missionária e se esforçam para fazer das comunidades e obras, verdadeiros centros de espiritualidade e evangelização.
A Família da Esperança tem como fundadores: frei Hans, Nelson Giovanelli, Luci Rosendo e Iraci Leite. Segundo documentos, os fundadores queriam apenas viver o mandamento de amar o próximo como a si mesmo, por meio de dois carismas: o da unidade e o franciscano.
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Segundo frei Hans, é por meio dos membros da Família da Esperança que os jovens em recuperação na Fazenda da Esperança encontram um ambiente onde podem fazer uma nova escolha de vida, onde podem reencontrar a sua origem e descobrirem que nasceram para amar. “Aqui podem aprender a amar. Eles vivem um ano juntos, a gente ensina, pratica o Evangelho, o amor, o perdão. Quantos e quantos conseguem perdoar aqueles que os fizeram mal e conseguem recomeçar a vida. Isso é importantíssimo para cada um, suas famílias e para a sociedade”, destacou.
Atualmente a Fazenda da Esperança abriga aproximadamente 3.500 jovens em recuperação, em 144 casas de missão espalhadas por 23 países. Só em Guaratinguetá, sede da comunidade terapêutica, mais de 140 jovens recebem os cuidados de membros da Família da Esperança.
Para padre Christian, reitor da sede da Fazenda da Esperança e membro da Família da Esperança, a comemoração sugere um momento de reflexão: “Estamos tentando entender quais são os planos de Deus para a nossa comunidade”. Em 2021, a Fazenda da Esperança terá sua primeira casa na Tailândia, próximo destino do Papa Francisco. “Ano que vem iniciaremos nossas atividades na Tailândia. Um país onde os cristãos são minoria. Olhando para essas conquistas só consigo afirma que quem fez e faz tudo isso é Deus. Nosso desejo é de sermos fiéis e esperarmos tudo de Deus. Temos a alegria de celebrar essa festa e estamos cientes que tudo é obra de Deus”, concluiu.
Da Fazenda para a Família
Lucas Machado, operador de telemarketing, foi um dos jovens que permaneceu em recuperação durante um ano na Fazenda da Esperança. Viciado em drogas, Lucas foi morador de rua durante 9 anos e contou com a ajuda de uma antiga professora, Maria Lúcia, para receber a ajuda da comunidade terapêutica. Segundo o operador de telemarketing, a Fazenda da Esperança contribuiu para restabelecer sua vida e o ensinou a acreditar na misericórdia de Deus.
“A Fazenda da Esperança foi o elo que me aproximou de Deus”, revela Lucas
Além de alimentar a sua fé, Lucas acredita que sua passagem pela comunidade terapêutica uniu sua família e deu ânimo para que ele resgatasse sua vida profissional. Após o fim de sua recuperação, o jovem revela que se sente atraído a viver o carisma da esperança, por meio da Família da Esperança, e que vive hoje um processo de discernimento vocacional: “Sinto essa vontade de espalhar essa esperança, porque eu sou fruto da esperança”.
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Assim como Lucas, Guilherme Cruz Cardoso também recorreu à Fazenda da Esperança para se recuperar do vício das drogas. O jovem conta que na infância sofreu um abuso sexual e que durante sua adolescência teve crises quanto a sua orientação sexual e experimentou as drogas. Guilherme comenta que chegou a se prostituir e tornou-se viciado em cocaína.
“O período da prostituição é mais sujo e mais difícil que o uso da droga, porque você toma banho e continua se sentindo podre, sujo. Foi um momento muito difícil”, lembrou Guilherme.
Uma tia-avó foi quem apresentou ao jovem a Fazenda da Esperança. Na época, Guilherme entrou em contato e foi se recuperar. “Quando cheguei para me recuperar eu estava destruído, tinha muitas dores, muitas mágoas, não falava com a minha família, meus irmãos, só falava com a minha mãe. Foi muito difícil”, relatou. Durante sua estadia na Fazenda da Esperança, a tia-avó que havia o encaminhado para o local, faleceu. No período de luto, o jovem afirmou ter recebido todo o suporte emocional dos membros da comunidade terapêutica: “Me senti tão amado”.
Com dois meses de recuperação na Fazenda da Esperança, Guilherme revela que já sabia que ficaria na obra e que a ajudaria de alguma forma. Após a conclusão do período de recuperação, o jovem permaneceu na comunidade terapêutica por 2 anos como voluntário e depois morou por um ano com sua família. “Fui convidado a voltar para a Fazenda como assessor de comunicação do Santuário da Esperança. Nesse período vi que existe uma Família da Fazenda da Esperança que é dessas pessoas que se recuperaram, dos voluntários”. Atualmente, além de assessor de comunicação do Santuário da Esperança, o jovem é celibatário da Família da Esperança.
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“Hoje faço parte desta família. Sou ex-recuperando e membro dessa comunidade. Esse carisma, que é o carisma da esperança, mudou a minha vida”, sublinhou Guilherme.
“A Fazenda da Esperança é o corpo e a Família da Esperança é a alma”, é o que afirma Maurício Bovo, membro da Família da Esperança e responsável geral pelos Grupos Esperança Viva (GEV) que são os grupos de apoio dos que se recuperaram na Fazenda da Esperança. Como Lucas e Guilherme, Maurício também passou pela comunidade terapêutica após uma juventude de vício em drogas. “A Fazenda me resgatou”, declarou.
Bovo conta que descobriu durante o tempo de recuperação que algumas dores e sentimentos que tinha dentro de si, e que não sabia lidar, foram fatores determinantes para que vivesse o vício. “Viver o amor foi me libertando a ponto de eu conseguir falar sobre as minhas dores”.
“A Fazenda foi me devolvendo a esperança, me resgatou daquela vida e me mostrou o caminho de uma vida nova”, frisou Maurício.
Para o membro da Família da Esperança, o que o marcou durante a recuperação foi o desejo de ser curado fazendo o bem para as pessoas. Depois do tempo que ficou na Fazenda, Maurício sentiu-se vocacionado a apoiar todos que passavam pela fazenda e seus familiares por meio dos GEV. “Foi a forma que escolhi de começar a me doar para este carisma”.
Após o discernimento e a decisão de pertencer à Família da Esperança, Bovo afirma que tudo que perdeu no tempo que viveu nas drogas, Deus o deu em dobro. “Formei minha família, com meus filhos e recebi a missão de levar a esperança. Foi um caminho natural participar da Família da Esperança, é uma forma de reconhecer tudo que Deus fez por mim”.