A Mariápolis Ginetta completa hoje seu jubileu de ouro; como sonhou a fundadora do Movimento dos Focolares, é farol de unidade, diálogo e de uma sociedade nova para todos
Ronnaldh Oliveira
Da Redação
A Igreja Católica, desde sua gênese, buscou das mais variadas formas viver o mandato de Jesus na chamada oração sacerdotal: “Pai, que eles sejam um, como nós somos um” (cf Jo, 17-21). A Unidade e o diálogo são, até hoje, base das ações e teorias eclesiais, mas somente durante a II Guerra Mundial, na cidade de Trento, na Itália, a jovem de 21 anos, Chiara Lubich, entendeu que poderia viver e disseminar a unidade entre todos os povos, crentes e não crentes ao redor do mundo. Aqui no Brasil, por meio da Mariápolis Ginetta, essa missão já fecunda há 50 anos.
O ideal que não passa
Em meio a mortes e destruições, evacuações populacionais, desaparecimentos, rompimentos de relacionamentos e redirecionamentos de projetos de vida, Chiara Lubich em diversas reflexões compreendeu que o único ideal que não passa, independente do contexto histórico vivido é o próprio Deus. “Ele sempre permanece. Tudo pode acabar ou mudar, mas Deus continua junto de nós”, afirmava Lubich.
Foi também com base neste pensamento, que decidiu ser sinal para as pessoas de Trento, permanecendo na cidade com algumas companheiras, com a intenção de servir todos aqueles que mais precisavam. Diante das divisões da guerra, ser ponto de unidade e crescimento da vida.
As cidades sobre o Monte
Chiara criou um Movimento, uma Obra a qual confiou a Maria, mãe e rainha da unidade. A partir de suas experiências, pensou que poderiam haver cidades sobre o monte, que deveriam ser verdadeiros faróis para a sociedade, de que de fato é possível, com a comunhão de bens, as decisões conjuntas, o amor mútuo, viverem o Ideal e a presença constante de Deus. Em todo o mundo hoje, somam-se 35 Mariápolis, como são chamadas os vilarejos. Três delas estão presentes aqui no Brasil.
A Mariápolis Ginetta
A Mariápolis presente no Estado de São Paulo, na cidade de Vargem Grande Paulista, muito tempo considerada como Centro Nacional dos Focolarinos, completa hoje, 15, o seu jubileu de ouro. Fruto da providência de Deus, evidenciada por muitas ações, oportunizou encontros espirituais e sociais para milhares de pessoas em todo o mundo.
Com residências de famílias leigas, consagrados, padres, bispos e até oriundos de outras denominações religiosas, a cidade farol, hoje bairro do municípo, é sinal constante de Encontro com Deus para os visitantes.
Karina Gonçalves Sobral, que reside com seu marido e as duas filhas na comunidade, enfatiza a importância da espiritualidade do encontro e dos valores contidos na cultura local: “A Mariápolis tem por designio ser o lugar do encontro, da casa aberta para todos. E é para todos mesmo. Aqueles que vierem aqui precisam ser bem recebidos. Faz parte do nosso carisma, o acolhimento”.
“Entendemos que diante dos vários terrenos mostrados para nós na época, este aqui em Vargem Grande tinha vocação para ser um espaço fecundo de Deus, do Ideal que não passa. Aqui nos instalamos e estamos até hoje”, relata Maria do Socorro Pimentel, consagrada que vive no espaço há mais de 40 anos.
A Presença da Fundadora
Chiara Lubich esteve presente na Mariápolis Ginetta por três vezes. Em uma delas, teve a inspiração, ao deparar-se com a grande desigualdade social na população brasileira, de criar a Economia de Comunhão, que tem como principal objetivo desenvolver uma rede de pessoas e empresas dispostas a rever o próprio comportamento no que se refere às relações econômicas e ao consumismo.
A Mariápolis recebe o nome de uma das primeiras companheiras de Chiara, a Serva de Deus Ginetta Calliari, que responsável por iniciar o Movimento dos Focolares no Brasil. Ela foi uma das maiores incentivadoras da construção do que seria hoje a ‘cidade sobre o monte’ em Vargem Grande Paulista. Seu corpo está sepultado no ‘Campo Santo’, atrás da Igreja de Jesus Eucaristia, na comunidade, e recebe diversos fiéis pedindo graças.
O Reconhecimento
Já em maio, a Prefeitura Municipal de Vargem Grande Paulista reconheceu o trabalho social e espiritual realizado pelo Movimento dos Focolares na cidade. Não só com seu Centro de Eventos que serve a cidade, as obras sociais que acompanham inúmeras crianças, adolescentes e jovens, casas de passagens para pessoas em situação de rua, com também seu Sistema de Comunicação, que trouxeram investimentos, parcerias e notoriedade para o município.
Para a missa celebrada nesta segunda-feira, 15, por Dom João Bosco, bispo diocesano de Osasco, o Papa Francisco enviou a Benção Apostólica escrita como gratidão à missão do Movimento na cidade, no Estado de São Paulo e em todo o território nacional.