A Igreja no Brasil destaca nesta semana a pessoa do leigo e seu papel no Cristianismo. Nesta perspectiva, o presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Severino Clasen, apontou alguns traços do perfil do leigo que evangeliza a sociedade atual.
Para ele, o leigo deve buscar a cultura do encontro, "ter a capacidade de ouvir, ouvir e ouvir"; ser simples e não criar “estruturas pesadas”. A cultura do encontro foi um termo muito utilizado pelo Papa Francisco, especialmente, durante os dias em que esteve no Brasil. Dom Severino acredita estar aí a missão do leigo: ser um "braço" da Igreja na sociedade.
“O acolhimento de ir ao encontro de outros grupos: esta é uma dimensão fundamental na evangelização de hoje. Nós não podemos ficar somente com os bons, aqueles que estão conosco, mas precisamos encontrar aqueles que também são bons, mas que precisam de uma 'chegadinha', de uma palavra, de um estímulo. Isso é que faz a diferença”, destacou.
Leigos na missão da Igreja
Após o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica abriu-se com mais largueza à participação efetiva dos fiéis leigos em sua missão. Hoje, eles são convidados a exercer trabalhos importantes nas paróquias e dioceses, como: ministério extraordinário da pregação do Evangelho, da Comunhão Eucarística, do ensino doutrinal e etc.
Há muito espaço para os leigos, disse Dom Severino, mas eles não podem ficar esperando. "A Igreja espera que os leigos se organizem e deem sua contribuição por meio das pastorais. Essa participação faz com que eles se tornem uma Igreja viva e autêntica. É por este caminho que nós esperamos a transformação do mundo”, afirmou o bispo.
Segundo o ele, a Igreja anseia uma resposta positiva de acolhida e comprometimento frente aos dons que ela oferece: os sacramentos, a Palavra de Deus e os “horizontes de uma vida limpa, justa e fraterna”. Sobretudo, disse Dom Severino, que os sentimentos que os leigos aprendem na Igreja sejam levados aos seus ambientes familiares, de trabalho, lazer e etc.
“É importante que o leigo conserve, onde quer que esteja, o caráter de filiação de Deus e da Igreja, sem dois comportamentos”, completou.
Outro ambiente para que o leigo exerça sua missão é a política. Dom Severino afirma que está também é uma função laical e que se não for bem feita pode produzir maus frutos. “Se a coisa está mal é porque os leigos não estão assumindo seu papel de Igreja, de transformação da sociedade, não estão dando o testemunho daquilo que é a vivência evangélica”, disse o bispo sobre o contexto político.
Leigos devem ser entusiasmados
Dom Severino também ressaltou que, por vezes, o desânimo de alguns fiéis é resultado do pouco entusiasmo dos padres e bispos. O presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB, recordou a necessidade de convicção e entusiasmo junto aos leigos, por parte do clero.
“Muitas vezes os leigos desanimam porque eles não encontram esse estímulo no seu padre, na sua paróquia ou até no próprio bispo. Nós, da hierarquia da Igreja, precisamos ser estímulo constante e permanente na vida dos nossos cristãos leigos e leigas. Com certeza, os leigos envolvidos com este entusiasmo, não vão desanimar”, disse.
Para Dom Severino, a própria evangelização deve ser também um veículo de entusiasmo para os leigos, e as paróquias precisam, cada vez mais, se estruturarem para a eficácia desta missão. “Os leigos são protagonistas da Nova Evangelização que a Igreja no Brasil está buscando”, concluiu Dom Severino.
O Documento de Aparecida e o conceito laical
O documento que constitui o resultado da V Conferência Episcopal da América Latina e Caribe – o Documento de Aparecida – define os fiéis leigos como “homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja” (cf. DA nº 209). A V Conferência tornou-se referencial da Igreja no Brasil para a ação evangelizadora e destacou especialmente o papel dos leigos neste processo.
Segundo o documento, "para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e adequado acompanhamento para darem testemunho de Cristo e dos valores do Reino no âmbito da vida social, econômica, política e cultural” (DA nº 212).
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