Laudo da perícia feita pela Polícia Federal foi apresentado nesta quinta-feira, 4
Da redação, com Agência Brasil
O incêndio que devastou o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro, no dia 2 de setembro do ano passado, teve início com a sobrecarga em um dos aparelhos de ar-condicionado do auditório, no primeiro andar. O laudo da perícia feita pela Polícia Federal foi apresentado nesta quinta-feira, 4.
Segundo os peritos, houve uma falha no aparelho C, que ficava próximo ao palco. O perito criminal Marco Antonio Zata, informou que foi identificado que os três aparelhos de ar-condicionado do auditório estavam ligados a um só disjuntor, quando o indicado é ter um disjuntor para cada um.
“Cada máquina tem uma especificação do tipo de disjuntor individual. Ou seja, deveria ter um disjuntor para cada ar-condicionado. No caso específico do auditório, era um disjuntor para três máquinas. Não estava seguindo a recomendação do fabricante.”
De acordo com o perito, o problema pode ter ocorrido por uma falha no disjuntor, que não desarmou, devido à sobrecarga a que estava exposto. Ele indicou também que as máquinas internas do sistema split, chamadas de evaporadoras, não estavam com o devido aterramento. As condensadoras, que ficam instaladas do lado de fora do prédio, não foram atingidas pelo incêndio e estavam preservadas. Foi constatado que a fiação da máquina C estava rompida.
“É típico de um evento de sobrecorrente, quando tem uma corrente maior do que o cabo aguenta e não ocorre a queda da corrente. Verificamos também o escurecimento de um dos cabos e a aderência dos fios, típico de sobrecarga. Identificamos algumas anormalidades, com circuitos desfeitos e refeitos, que podem ter causado algum estresse para o sistema”.
Propagação do fogo
O perito especialista em incêndio Carlos Alberto Trindade descreveu que as câmeras não captaram o início das chamas, mas foi possível refazer o trajeto do fogo com as evidências encontradas.
“Identificamos que o fogo começou no auditório, com um comportamento de incêndio ascendente radial, com tendência para subir. Então, a propagação foi do auditório para o segundo piso, para a sala do dinossauro, onde ficava a exposição do maxakalissaurus, e a fumaça foi propagando ao longo do ambiente do museu. No laudo, indicamos a sequência de câmeras com a passagem da fumaça e da chama. Depois, o fogo passou para a sala da preguiça gigante.”
Segundo Trindade, o laudo é conclusivo e descarta como origem do incêndio a causa de descarga atmosférica, de balão ou de incêndio intencional, devido à ausência de multifocos, o auditório estar trancado e não terem sido encontrados agentes acelerantes, ou seja, combustível como álcool ou gasolina, nem objetos usados para isso.
Pela análise das imagens das câmeras, foi identificado que o incêndio começou às 19h13 e as informações da empresa Light mostram que a energia do palácio foi cortada automaticamente às 20h03.
A Polícia Federal apresentou os dados do laudo e informou que não há previsão ainda para o encerramento do inquérito, bem como não foram apuradas ainda se há algum culpado pela tragédia.