Comentário

Homem que apontava o céu, diz padre sobre Dom Arns

Padre Anderson Marçal foi crismado por Dom Paulo Arns e conta a marca que o cardeal deixou em sua vida e para a Igreja

Jéssica Marçal
Da Redação

Dom Paulo Evaristo Arns / Foto: Rádio Vaticano

Dom Paulo Evaristo Arns / Foto: Rádio Vaticano

Um homem de Deus que olhava sempre à frente, que soube ir ao encontro do rebanho em vez de esperar que o povo fosse à Igreja. Assim o padre Anderson Marçal, da Comunidade Canção Nova, descreve Dom Paulo Evaristo Arns, falecido nesta quarta-feira, 14, aos 95 anos.

Padre Anderson Marçal foi crismado por Dom Paulo, um fato que ele descreve como uma honra, tendo em vista o grande homem que o cardeal foi. Ele recebe a notícia da morte de Dom Paulo com tristeza, mas ao mesmo tempo se diz alegre por ter tido a oportunidade de conhecer esse “homem de Deus”.

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Postagem de padre Anderson no twitter após morte do Cardeal Arns / Foto: Reprodução twitter

Postagem de padre Anderson no twitter após morte do Cardeal Arns / Foto: Reprodução twitter

Dom Paulo, recorda padre Anderson, viveu o regime da ditadura militar e nesse período difícil para o país ele inspirou a Igreja a sair da sacristia. “O que eu tenho como um grande exemplo dele é justamente essa Igreja que precisa ir até os mais necessitados. Acho que esse é o grande ensinamento que ele nos deixa como homem de Deus, como padre, de um homem que não ficou apenas esperando que o povo de Deus fosse até as igrejas, às catedrais, às paróquias, mas, pelo contrário, podemos dizer que as paredes da Igreja não o prenderam, porque ele ia até as periferias, ao povo necessitado. Esse é o Dom Paulo que eu trago no meu coração”.

Padre Anderson é paulistano e morava na região Santana, onde Dom Paulo foi bispo auxiliar antes de ser arcebispo. Quando padre Anderson foi crismado, em 1993, Dom Paulo já era arcebispo, mas como o bispo local estava doente, foi Dom Arns quem administrou o sacramento à turma de jovens.

“Quem me crismou foi Dom Paulo e ali naquele momento, não sei o que ele disse aos jovens que estavam ali sendo crismados, mas o que ele me disse quando me crismou foi ‘seja revolucionário como Jesus foi’. Isso ficou no meu coração e eu trago isso como uma marca, um revolucionário sim, mas não um revolucionário qualquer como nós vemos em vários lugares, mas um revolucionário como Jesus foi, que nadou contra a correnteza, disse o que precisava ser dito, denunciando o que precisava ser denunciado e anunciou o que precisava ser anunciado. Hoje eu entendo aquela frase de Dom Paulo para mim dessa maneira”.

O sacerdote diz que tem Dom Paulo como referência de um homem que apontava ao céu. “Apontava ao céu pela sua vida buscando principalmente a defesa dos pobres, dos oprimidos, isso era algo muito marcante na vida dele. As poucas oportunidades que eu tive com ele confirmaram aquilo que eu já trazia deste homem que apontava ao céu”. 

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