“Para nós, Aparecida é Assis”, afirma coordenador geral do Capítulo das Esteiras, que acontece no Santuário Nacional de Aparecida

André Cunha
Enviado especial a Aparecida (SP)

Franciscanos de todo o Brasil iniciaram nesta quinta-feira, 3, o Capítulo das Esteiras, em Aparecida (SP), com o tema “Levar ao mundo a misericórdia de Deus” e o lema: “É preciso voltar a Assis!”. Cerca de mil pessoas devem participar do evento que vai até domingo, 6.

A abertura do encontro, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, contou com a presença do presidente da Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB), frei Éderson Queiroz, que falou da importante presença franciscana no país.

“São Francisco está presente na vida do nosso povo, em nossas Igrejas, dioceses, em todas as camadas da população. Vemos isso com muita alegria, mas também como um desafio para nós que seguimos São Francisco, sobre como ser uma presença franciscana, de modo especial, neste momento do nosso Brasil, onde os pobres são desrespeitados, onde as leis ambientais estão sendo diferenciadas em vista do agronegócio, onde há poluição dos rios por parte das mineradoras que estão à soltas”, disse. 

O Frei destacou o crescimento da pobreza no Brasil, da devastação da natureza, da marginalização dos pobres, e acusou que há quase uma “culpabilização dos pobres por tudo que acontece no país”.

Um Capítulo na Casa da Mãe

Capítulo é um termo usado na Igreja pelas congregações para definir uma assembleia, por exemplo, onde se tomam decisões importantes para o andamento de determinado grupo.

O primeiro capítulo franciscano aconteceu quando São Francisco reuniu os primeiros frades para que pudesse ouvi-los, em 1217. Como eram cerca de 5 mil frades e não havia cama para todos, eles foram acomodados em esteiras, o que deu o nome à reunião: Capítulo das Esteiras.

Para o coordenador geral deste evento, Frei Gilson Nunes, o Capítulo Nacional das Esteiras tem um aspecto especial pois celebra os 800 anos do Perdão de Assis, nome que representa o dia em que São Francisco declarou que todos os fiéis que fossem à Porciúncula, em Assis, receberiam o perdão de Deus.

“Os franciscanos se reúnem para fazer memória do passado, mas também para atualizar a graça da nossa vocação de viver segundo o Evangelho e levar a misericórdia de Deus a um mundo ferido por divisões, totalitarismos, injustiças, corrupções… Estamos aqui para celebrar o dom que Francisco recebeu da Igreja, o dom de perdão, e como disse o Papa Francisco, criar paraísos neste mundo de tantos desertos, e levar a água da vida a todos aqueles que têm sede e fome de justiça”, disse o religioso.

O Centenário de Aparecida também motiva o encontro. “Porciuncula é uma capela dedica a Santa Maria dos Anjos, uma igreja mariana. Hoje estamos na Casa da Mãe, celebrando os 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora. Sinto-me muito feliz por ver a família reunida para proclamarmos juntos que Deus é bom, é misericordioso. Temos a missão de levar essa misericórdia ao mundo. É uma alegria imensa ver a família franciscana do Brasil reunida aqui. Para nós, Aparecida é Assis”, afirmou Frei Gilson.

Programação

Na sexta-feira, 4, Frei Carlos Susin (OFMCap) refletirá sobre “A Misericórdia na perspectiva franciscana”. A Missa ficará a cargo do bispo-emérito da Diocese de Valença, Dom Frei Elias James Manning.

Já no sábado, haverá reflexões sobre a Encíclica Laudato Si’, conduzidas por Frei Rodrigo Peret (OFM), Moema Miranda (OFS) e Igor Bastos (Jufra). Além das palestras, as oficinas abordarão os temas: Artes, Espiritualidade, Ecologia Integral, Juventudes, Família e Periferias Existenciais. A Santa Missa será presidida pelo arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Dom Frei Cláudio Hummes

O evento termina no domingo, 6, com a Celebração Eucarística às 10h30, presidida por frei Éderson Queiroz.

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