Água e Bioma do Cerrado

Evento em Brasília discute crise hídrica no Distrito Federal

Tema será abordado no Círculo de Formação Política sobre “Água e Bioma do Cerrado”

Thiago Coutinho
Da Redação

Brasília está sem chuva há 121 dias sem chuva; crise hídrica já afetou outros estados / Foto: Arquivo CN

Nesta quinta-feira, 21, o Núcleo Política e Formação (NPF), da arquidiocese de Brasília, promove o segundo Círculo de Formação Política com o tema “Água e Bioma do Cerrado”, abordando a crise hídrica que afeta o Distrito Federal desde 2016.

Apesar de ser um país com água disponível de forma abundante, o Brasil já sofreu inúmeras dificuldades quando se trata de abastecimento hídrico. Diversos estados foram acometidos por crises que duraram meses — São Paulo, em 2014 e, atualmente, o Distrito Federal, que está há 121 dias sem chuva. 

As causas para estes problemas são inúmeras. O doutor em gestão ambiental e recursos hídricos pela Universidade de Brasília, Demetrios Christofidis, cita como exemplos a privação por longos meses de chuva, o desperdício, a falta de consciência com os recursos naturais e os gases do efeito estufa que são jogados na atmosfera todos os dias. 

“Podemos dizer que as mudanças climáticas têm a ver com isto. Há, por exemplo, o degelo mais intenso em montanhas, que levam água em maior quantidade para regiões mais baixas, ou na agricultura, em que três graus de diferença na temperatura trazem a necessidade de mais irrigação”, explicou Demetrios, que vai ministrar debate de hoje no Círculo de Formação Política em Brasília. 

A vida útil do processo de distribuição de água pensado para o Brasil é de 35 anos e o início e término desse período podem variar entre os estados. Demétrios explica que, neste intervalo, a gestão pública tem que analisar uma maneira de suprir a demanda e pagar os investimentos na infraestrutura, pois ao término dessas três décadas e meia o sistema se torna defasado. 

“A população neste meio tempo pode aumentar ou diminuir. No caso do Brasil, aumentou. Somos um dos países mais urbanizados do mundo. Antes que o sistema alcance estes 35 anos, é preciso que, pelo menos, oito anos antes deste prazo seja feito um projeto. Se você não toma uma providência e a população ainda cresce, acaba tirando água de um sistema que atendia uma população que já foi alcançada”, esclareceu o professor.

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Novas fontes de energia

Em grande parte do país, o abastecimento de energia ainda se dá por meio das hidrelétricas. Uma grande quantidade de água é armazenada para que as turbinas funcionem e as hidrelétricas abasteçam cidades, indústrias e comércios.

Por outro lado, há outros meios de se produzir energia elétrica de modo que a água utilizada possa ser remanejada para áreas em que haja maior carência e demanda. “Existem outros tipos de energia que poderiam ser muito mais incentivadas, como a eólica e a solar, porque o Brasil é um país que tem uma capacidade de receber muita energia solar, por exemplo, liberando assim a água para outros usos”, afirmou o professor Demétrios. “Se o país tivesse mais investimento em energia solar, não haveria necessidade de tantas hidrelétricas, até porque a energia solar é mais barata”, reiterou.

Amazônia

A Amazônia é dona da maior biodiversidade do planeta e reconhecida como um bem imensurável à humanidade. As ações na região amazônica interferem diretamente no clima, inclusive no abastecimento hídrico, conforme explica o doutor em gestão ambiental e recursos hídricos. 

“A existência de uma região como a Amazônia interfere no mundo inteiro. O desmatamento em qualquer lugar vai afetar o ambiente. Se você tem uma área desmatada ali haverá monocultura ou cultura nenhuma, isto vai gerar erosão, assoreamento e os cursos de água mudarão”.

A solução seria uma maior conscientização para com a natureza. “O ser humano tem que ter responsabilidade e cuidado com aquilo que fornece a vida, não há mais condições de que continue achando que é dono daquilo, ele tem que ser parceiro da natureza”, ponderou.

Sobre o Círculo de Formação Política

O evento de hoje sobre “Água e Bioma do Cerrado” será na sede da Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília (Fateo), às 19h30. Será possível acompanhar o evento ao vivo pelo Facebook da Arquidiocese de Brasília (www.facebook.com/ArqBrasilia) e ainda enviar perguntas sobre o assunto pelo e-mail npf@arquidiocesedebrasilia.org.br. As inscrições presenciais ainda estão abertas pelo link: http://bit.ly/2wCp0ox.

Ainda este ano, haverá mais duas edições do Círculo: uma em 26 de outubro, sobre “O poder político – Câmara Legislativa e suas funções” e outra em 29 de novembro, com o tema “Política e Cristianismo”. O primeiro encontro do Círculo foi no dia 31 de agosto e teve como tema “Desafios do mundo do trabalho no século XXI e a Doutrina Social da Igreja”. 

O Núcleo Política e Formação da arquidiocese de Brasília foi criado no final de 2016 a pedido do arcebispo local, Cardeal Sérgio da Rocha, presidente da CNBB. A proposta é aprofundar a formação sobre fé e política. 

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