Psicóloga especialista em processos de gestão detalha estratégias para quem busca uma nova vaga de trabalho após o fim desta pandemia
Thiago Coutinho
Da redação
A chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus afetou o mercado de trabalho, causando altos níveis de desemprego em vários países. No Brasil, o cenário também é preocupante: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 12,850 milhões pessoas em busca de uma vaga no cada vez mais concorrido mercado de trabalho.
Até a pandemia passar, é importante que o trabalhador aproveite este momento para se preparar para se reposicionar no mercado. “Estamos passando por um momento em nosso país em que o número de demissões cresce a cada dia. Se você foi demitido, lembre-se de que não está sozinho”, explica Elaine Portugal, psicóloga com ênfase nas Práticas Clínicas e Processos de Gestão. “O desligamento gera um impacto emocional, os sentimentos negativos são inevitáveis, mas é preciso compreender e aceitar a demissão para se restabelecer e então elaborar estratégias para se reposicionar no mercado de trabalho”, acrescenta.
Antes de dar início a quaisquer buscas por um novo emprego, é importante focar exatamente naquilo que se quer. “Para encontrar uma vaga, você precisa saber o que está procurando, tenha uma área de interesse bem definida e busque vagas de acordo com suas habilidades técnicas e comportamentais”, detalha Elaine.
Pode ser que aquela vaga tão almejada não chegue. Neste caso, a palavra-chave é adaptação. “É preciso ser flexível, ainda que não seja a oportunidade dos seus sonhos”, adverte a psicóloga.
Para este período de pandemia, a psicóloga comenta ainda a oportunidade de trabalhar a rede de contatos, o chamado “networking“. “Percebo que, em meio a esta pandemia, as pessoas estão mais solidárias e se colocando à disposição para ajudar quem busca novos aprendizados e oportunidades. Uma ótima plataforma para quem precisa fortalecer a sua rede de contatos é o LinkedIn”, aconselha Elaine.
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Cursos on-line
Outra maneira de aproveitar as horas vagas durante a pandemia é investir em cursos on-line. Com eles, o profissional pode incrementar o currículo e enriquecer a carreira. “É uma ótima estratégia para demonstrar o quanto você está empenhado e motivado em se aprimorar”, ressalta Elaine.
Alguns detalhes, por outro lado, devem ser observados. É importante, por exemplo, que o curso esteja relacionado à formação acadêmica ou profissional. “E ao concluir um curso, atualize as informações do seu currículo para deixá-lo ainda mais interessante para os recrutadores”.
Os currículos impressos, aliás, já não são tão comuns junto às empresas. E isso mesmo antes da pandemia. “Não fique preso àquele modelo convencional de levar o currículo impresso à empresa, porque a grande maioria não aceita mais este tipo de recebimento. Aposte nos cadastros on-line, crie uma conta no Linkedin, envie o currículo para o e-mail da empresa e se cadastre em sites de vagas”, orienta a psicóloga.
Daniela Burato, Analista de Recursos Humanos, tenta recolocar-se em sua área há um ano e dois meses. Assiste a vídeos e cursos on-line, porque entende que as exigências do mercado de trabalho estão cada vez maiores. “O último processo seletivo do qual participei tinha 24 páginas, entre redação, português, matemática, informática e inglês. Foi bem cansativo, fiquei quatro horas fazendo essa prova”, afirma.
Além das exigências para o cargo, Daniela também lamenta outros fatores que dificultam sua recolocação no mercado. “Como meu último salário era mais alto que para aquele que tentava, os empregadores acreditam que você não ficará na empresa por muito tempo. Para mim, o que também conta é a idade”, queixa-se Daniela, que está com 40 anos.
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Currículo, o “cartão de visitas”
Um currículo bem elaborado pode ser um diferencial na hora de procurar uma nova vaga. É nele que constará os dados pessoais, objetivo profissional, escolaridade, cursos, experiências e habilidades profissionais. “Pode-se dizer que o currículo é como se fosse um resumo de toda trajetória profissional do candidato, ele indica o quanto a pessoa se esforçou, os caminhos que trilhou e aonde quer chegar”, esclarece a especialista. “Com o mercado de trabalho cada vez mais disputado, um currículo bem elaborado pode se tornar também uma vantagem competitiva”.
Ainda segundo Elaine, não é possível que um modelo único de currículo seja definido, mas é necessário que nele contenham informações básicas, porém, importantes sobre o candidato. “Para mim, um bom currículo é aquele que é simples e eficiente”, aconselha a especialista em processos de gestão.
No entanto, alguns erros e exageros podem ser evitados. Por exemplo, não exagerar ou descrever habilidades que não possua. “Quando você não é honesto ao elaborar o seu currículo, isso é facilmente descoberto pelo recrutador no momento da entrevista”, reitera a especialista.
Elaine estabelece uma lista de erros que devem ser evitados:
• Currículo descrito de forma muito complexa ou confusa;
• Erros de português, gramática ou concordância;
• Currículo sem a área de interesse bem definida;
• Contato (celular ou e-mail) desatualizado, impossibilitando o contato do recrutador com o candidato;
• Mentiras sobre o nível de conhecimento;
• Não incluir o período no qual trabalhou em uma empresa e as atividades desempenhadas;
• Fugir do foco;
• Informações desnecessárias.
Seleção à distância
Outra novidade que acabou tomando força durante a pandemia foi o processo seletivo à distância. A entrevista é feita por aplicativos de videochamada. Além disso, é bom ficar atento às redes sociais, pois elas se tornaram uma vitrine em que os recrutadores analisam o comportamento dos candidatos.
“Algumas empresas adotam também a aplicação de testes de perfil comportamental com o uso de softwares modernos. Hoje em dia, existem empresas especializadas que oferecem esse tipo de serviço e, ao final dos testes, é possível gerar relatórios extremamente interessantes sobre características pessoais e profissionais dos candidatos”, esclarece Elaine.