“Os desafios de paróquias e dioceses não são pequenos nem fáceis de serem superados, pois a vida continua e a comunidade precisará, mais do que nunca, da devida assistência”, afirma Dom Murilo
Da redação, com CNBB
No atual cenário da pandemia mundial do novo coronavírus, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) respondeu aos diversos questionamentos sobre a necessidade de se recolher o dízimo. Para esclarecer as dúvidas, Dom Murilo Krieger, atual administrador apostólico da arquidiocese de Salvador (BA), explica o princípio da doação. Como um dos responsáveis pelo documento da CNBB intitulado “O Dízimo na Comunidade de Fé: orientações e propostas”, o bipo afirma, na perspectiva eclesial, que a doação é intrinsecamente ligado à vida cristã, é “compromisso de fé”.
O documento anuncia que o dízimo tem quatro dimensões: religiosa, eclesial, missionária e caritativa. Quando questionado se os católicos devem ou não oferecer o dízimo em tempos de igrejas sem missas presenciais, Dom Murilo enfatizou que o fiel deve fazer questão de participar responsavelmente da vida de sua paróquia, oferecendo o dízimo como expressão de sua fé.
“A partir do momento que o fiel tem a consciência de que a oferta é uma colaboração para com a manutenção da Igreja, na perspectiva de que tudo o que tem recebeu de Deus e a Ele oferece uma parte do fruto de seu trabalho, e sabendo que sua paróquia tem compromissos com os funcionários, com o pagamento da energia elétrica, água, telefone, com a ajuda aos necessitados etc., o fiel faz questão de participar responsavelmente da vida de sua paróquia e oferece o dízimo como expressão de sua fé”, salientou. “Sem muito esforço, ele descobre que, se está passando por dificuldades, há outras pessoas que passam por problemas muito maiores”, disse dom Murilo.
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O bispo falou sobre o comprometimento do caixa das paróquias e dioceses, neste período. De acordo com ele, os párocos passarão por grandes dificuldades a partir de agora, mas também as dioceses, que se mantém com uma percentagem do que as paróquias recebem. “Como as paróquias têm suas receitas diminuídas, também a diocese receberá menos. Os desafios de paróquias e dioceses não são pequenos nem fáceis de serem superados, pois a vida continua e a comunidade precisará, mais do que nunca, da devida assistência”, garantiu.
Já sobre o significado e o valor da contribuição de cada um com o dízimo, especialmente neste período de quarentena e quaresma, Dom Murilo recordou a preocupação que todos devem ter para com os necessitados. Segundo ele, a caridade deve ser organizada, sistematizada, para se atingir os mais necessitados, e atingi-los de maneira eficaz. “Parte do dízimo é direcionada para os necessitados da comunidade. Portanto, oferecendo o Dízimo, o fiel cumpre também seu papel social”, finalizou.
Consultado sobre o assunto, o secretário-geral da CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Joel Portella Amado, explica que o dízimo não deve ser visto como um “pagamento” e sim um “recolhimento”. “A comunidade de fé não pode ser vista como um local onde se paga a contrapartida por um produto recebido. Esse princípio se aplica, por exemplo, às lojas. Nunca a uma comunidade, pois as comunidades se assemelham às famílias. Não às lojas. Um irmão, mesmo distante, será sempre um irmão com quem devemos nos preocupar. Um freguês poderá até ser objeto de preocupação do dono da loja, mas não porque ali está uma pessoa, e sim pelo fato do que aquela pessoa pode dar, no caso, o pagamento”, conclui.