Importância da doação

Doação de medula óssea pode salvar vidas; veja testemunho de uma mãe

Giselda descobriu que sua filha de apenas um ano de idade tinha leucemia, ela precisou do transplante de medula óssea e hoje está bem

Kelen Galvan
Da redação

Neste sábado, 15, celebra-se o Dia Mundial de Doadores de Medula Óssea (World Marrow Donor Association – WMDA), que este ano alcançou o marco de mais de 32,500 milhões de doadores registrados em todo o mundo.

A data é celebrada sempre no terceiro sábado do mês de setembro e visa conscientizar sobre a importância de ser doador voluntário de medula. No Brasil, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) conta com mais de 4.600 milhões de doadores cadastrados, o que o torna o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo.

Esse gesto voluntário ajudou 392 pessoas no ano passado, e 223 este ano, mas há ainda uma média de 850 pacientes que esperam por um doador compatível. A pequena Maria Clara, 3 anos, foi beneficiada com o transplante de medula óssea há dez meses.

Salva pelo transplante

Com apenas um ano de idade, ela descobriu a leucemia mieloide aguda (LMA). Sua mãe, Giselda da Silva Santos, conta que desde os oito meses de vida a filha caçula apresentava uma tosse, e por isso, a cada 15 dias tinha que ir ao médico. “Então, quando ela tinha um ano e dois meses, ainda com a tosse, ela teve uma febre. Eu a levei ao pediatra, que viu que o pulmão estava bem, e a liberou. Dias depois a levei ao hospital, pois tinha saído uma mancha roxa em sua barriga, pediram um Raio X, e não deu nada. Ela foi liberada, mas falaram que se em quatro dias não melhorasse, era para voltar”.

Ela foi apresentando outros sinais, como cansaço, falta de apetite, então foi levada novamente ao hospital. Outros exames foram realizados e surgiu a primeira suspeita do diagnóstico. Maria Clara foi encaminhada ao Graacc e veio a confirmação da leucemia e o início do tratamento.

Maria Clara com a mãe, durante o tratamento contra a leucemia / Foto: Arquivo Pessoal

“O tratamento dela foi muito difícil, porque ela chegou lá com 220 mil leucócitos, então foi direto para a UTI para fazer uma transfusão de sangue. Passou um catéter na perna dela. Ela sofreu bastante porque era uma bebê, mas eu sofri muito também. Depois disso, ela fez seis meses de quimioterapia e ficou cinco meses sem a quimio. E, infelizmente, a doença voltou pela segunda vez. E tivemos que passar por tudo de novo. Foi quando a chefe-geral da oncologia me disse que ela precisaria de transplante”, lembra Giselda.

O teste de compatibilidade para a doação de medula foi feito com os outros dois filhos de Giselda, mas deram incompatíveis, e Maria Clara precisou entrar na fila do transplante e esperar um doador.  

Maria Clara hoje está bem e mantém um acompanhamento médico mensal / Foto: Arquivo Pessoal

A espera para localizar um doador foi pequena, apenas 15 dias. Uma boa notícia no cenário de tantos pacientes que chegam a aguardar uma média de seis meses para achar um doador compatível, alguns não encontram nenhum. Segundo o Redome, as chances de compatibilidade são de 1 em cada 100 mil pessoas. 

“Apareceram dois possíveis doadores e, após cinco meses, ela foi para o transplante, graças a Deus. O procedimento do transplante é muito doloroso, com vários fatores de risco e consequências também, onde o paciente fica muito debilitado. Mas eu sempre vi a graça de Deus na Maria Clara, por tudo o que ela passou, ela nunca se deixou abater. Foi muito sofrimento, mas eu vi a vitória na vida da Maria Clara”, afirma a mãe.

Após o procedimento foram seis meses usando máscara, ela e toda a família, sem receber visitas, com cuidados rígidos com a limpeza de casa e com a alimentação. “Hoje ela está bem, é uma criança saudável e faz um acompanhamento médico a cada 30 dias”, celebra a mãe.  

De tudo o que viveu, Giselda conta que aprendeu muito a ter paciência e valorizar mais as coisas. “Penso que se muitas pessoas fizessem uma visita a um hospital de câncer, principalmente com crianças, hoje as pessoas seriam outras e teriam mais compaixão um com o outro”.  

Como ser um doador

Centenas de pessoas aguardam pelo transplante de medula óssea e a doação pode salvar uma vida. Os principais beneficiados são pacientes com leucemias, linfomas, anemias graves, mielodisplasias, doenças do metabolismo, doenças autoimunes e vários tipos de tumores.

Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos, que atenda os requisitos, pode ser um doador. Para isso, é preciso procurar um hemocentro, fazer um cadastro e retirar 10ml do sangue para análise de histocompatibilidade (HLA), que irá identificar as características genéticas do doador e verificar a compatibilidade com os pacientes que precisam de transplante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sangue do Cordão Umbilical

Outro recurso que pode ser utilizado para os transplantes de medula óssea é o cordão umbilical do recém-nascido. Doados voluntariamente pelas mães, logo após o parto, o cordão é rico em células-tronco, que podem ser utilizadas imediatamente ou preservadas por congelamento para uso posterior.

“A principal vantagem é que as células do cordão estão imediatamente disponíveis. Não há necessidade de localizar o doador e submetê-lo à retirada da medula óssea. Além disso, não é necessária a compatibilidade total entre o sangue do cordão e o paciente. Com o uso do cordão umbilical é permitido algum nível de não compatibilidade, ao contrário do transplante com doador de medula óssea, que exige compatibilidade total”, explica o site do Redome.

Esta doação não apresenta nenhum risco para a mãe ou o bebê e só acontece mediante autorização da mãe e do obstetra. Entretanto, ela só pode ser realizada em maternidades credenciadas do programa da Rede BrasilCord (que reúne os bancos públicos de sangue de cordão), portanto, não pode ser feita em qualquer hospital ou por qualquer pessoa.

Mais informações sobre doação do cordão umbilical estão disponíveis no site do Redome.

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