Ministério Público, Polícia Federal e Poder Judiciário ajudaram na operação de recuperação da imagem do Rei Davi e também da imagem de Betsabéia
Da redação, com Diocese de Duque de Caxias
As imagens sacras do Rei Davi e de sua amada Betsabéia, mãe do Rei Salomão, foram furtadas da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar em 1974. As esculturas seguiram destinos diferentes e ficaram desaparecidas por mais de quatro décadas até serem localizadas em acervos de colecionadores.
A primeira escultura recuperada foi a da a rainha consorte de Israel – Betsabá – esposa do rei Davi e mãe do rei Salomão. Agora foi a vez da imagem do Rei Davi.
Ambas as obras foram executadas na primeira metade do Século XVIII e possuem características do barroco joanino, em madeira policromada e douramento, com cerca de 1,20m de altura.
Juntas, essas imagens formam um conjunto escultórico pertencente ao altar-mor da igreja histórica localizada no bairro Pilar em Duque de Caxias (RJ).
Características da imagem sacra
Elaine Gusmão, especialista em História da Arte e membro da Comissão para os Bens Culturais e Patrimônio Histórico da Diocese de Duque de Caxias, comenta as especificidades dessas obras:
“O estilo barroco é caracterizado pela grandiosidade, teatralidade e representações visuais das imagens, que nasceu para atuar como instrumento de afirmação e persuasão da fé cristã. As imagens auxiliavam na catequização dos fiéis, que não tinham acesso aos textos da Bíblia. A transcendência estética das obras fortalecia os ensinamentos religiosos através do encantamento dos devotos com a beleza artística”.
Segundo a especialista, a imagem foi confeccionada em “escorzo”, que é a alteração intencional das proporções anatômicas, técnica utilizada pelos artistas para corrigir a perspectiva, uma vez que seriam vistas de longe e de baixo para cima.
Buscas, identificação e retorno
O rastreamento e localização das imagens sacras furtadas, principalmente da Igreja do Pilar, fazem parte de um esforço permanente da Diocese de Duque de Caxias, em conjunto com o Ministério Público, e que envolve ainda, os esforços da Polícia Federal e do Poder Judiciário.
No caso específico da imagem do Rei Davi, houve buscas em leilões de arte, livros de arte e catálogos. A escultura foi identificada, em 2015, no livro “O Aleijadinho: Catálogo Geral da Obra: Inventário das Coleções Públicas e Particulares”, obra de autoria de Márcio Jardim, Herbert Sardinha Pinto e Marcelo Coimbra, lançado em 2011.
A imagem encontrava-se em uma coleção particular no Estado de São Paulo.