Conscientização

Dia da Água: especialista defende bons hábitos para preservar este bem

Conscientização é importante para preservar a água, essencial para a vida na Terra

Thiago Coutinho
Da redação

Embora abundante, apenas 2% da água do planeta Terra é potável / Foto: Arek Socha por Pixabay

Neste 22 de março, o mundo celebra o Dia da Água, bem essencial à vida na Terra. Embora a maior parte do planeta seja composta por água, apenas 2,5% é água doce, sendo que a maior parte é de difícil acesso, por estarem em geleiras ou armazenadas em aquíferos.

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O Brasil, porém, é um país privilegiado: a disponibilidade hídrica brasileira é de 91,2 milhões de litros por segundo. Com relação ao consumo humano, segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR4), o país possui cerca de 48 milhões de litros disponíveis por habitante anualmente.

Toda esta abundância, porém, não se traduz em água para todos. Ainda em 2018, o Brasil passou por uma crise hídrica severa. Do ponto de vista geográfico, o Brasil sofre com algumas disparidades: cerca de 80% da água disponível está localizada na Amazônia, região que possui a menor densidade demográfica e baixa demanda de atividade produtiva. Em contrapartida, o Nordeste dispõe de apenas 5% das águas brasileiras — e por isso sofre tanto com a falta deste recurso natural (veja mais informações no quadro ao final deste texto).

“Só utilizamos esta palavra ‘crise’ quando ela chegou à região Sudeste”, recorda Elisa Dias de Melo, Engenheira Química e professora do programa de mestrado profissional Sustentabilidade em Recursos Hídricos, da Universidade Vale do Rio Verde (UninCor). “O Nordeste sempre viveu esta falta de água. Temos esta característica marcante em sermos um país rico em recursos hídricos, mas, ao mesmo tempo, a distribuição da água não é homogênea”, reitera.

A influência das mudanças climáticas na água

Esta discrepância geográfica, segundo Elisa, é um dos fatores que torna impossível uma equidade hídrica. “Junto a isso, há a contaminação desses recursos, às vezes em locais escassos, junto à questão de ações sem o devido planejamento ambiental que atentem a uma condução sustentável. Isso traz um resultado desastroso”, pondera a especialista.

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As mudanças climáticas também são agentes responsáveis na falta d’água pelo mundo. “A ONU pede atenção em relação às mudanças climáticas. Diferentes estudos apontam que as mudanças climáticas causam eventos extremos, alterando a frequência, a intensidade e a distribuição dessas precipitações que têm um impacto grande na questão da segurança hídrica das populações”, adverte.

Para Elisa, são necessárias ações imediatas para que a falta de água não se alastre. “Morei por quase dez anos na Zona da Mata mineira que passou muito recentemente pela questão do racionamento. Isso tem que ficar muito claro para o grande público. Quando falamos de mudanças climáticas, não são consequências negativas futuras. Elas já estão presentes, na verdade. E isso por conta dos maus tratos de cuidado e não planejamento com relação à natureza com o desenvolvimento sustentável”, adverte Elisa.

A prevenção do uso consciente da água

Incutir bons hábitos junto à população é a melhor saída para que a água seja preservada. “A questão chave desta resposta é educação ambiental, a conscientização, para que todos atuem de forma positiva, seja do ponto de vista individual, seja na cobrança das atitudes governamentais e também das empresas”, detalha a especialista.

As indústrias, por exemplo, segundo Elisa, precisam aplicar modos de produção em que consigam êxito sem degradar o meio ambiente — especialmente quando se trata da água. “Temos uma deliberação bem recente do CERH-MG [Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais] em relação ao reaproveitamento de água. Acredito que de fato a educação ambiental deva ser tratada em todos âmbitos: escola básica, fundamental e superior, nas instituições públicas e privadas”, pondera.

Tecnologia a favor da água

Os avanços tecnológicos para o reaproveitamento da água, ou maneiras de fazê-la chegar a todos são muitos. Existe, para ilustrar a situação, um processo conhecido como dessalinização. Nele, é retirado o sal da água do mar, tornando-a própria para o consumo. Ou ainda o reuso da água pluvial, aquela que advém das chuvas.

“Qualquer água pode ser tratada para qualquer fim”, assegura Elisa. “Mas esbarramos na questão do custo disso. Por ora, o que podemos fazer para diminuir este déficit é colocarmos em prática ações conjuntas, ações complementares, a importância da ação individual e entender que ações com impacto negativo devem ser coibidas desde já”, finaliza.

 

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