Missa de despedida do cardeal acontece neste sábado, 30; ele foi nomeado pelo Papa Francisco como arcebispo da Arquidiocese de Salvador (BA)
Da redação, com CNBB
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira, 27 , o Cardeal Sérgio da Rocha falou sobre seus momentos finais à frente da Arquidiocese de Brasília, localizada na Capital Federal do país. O prelado, que foi nomeado como arcebispo da Arquidiocese de Salvador (BA), primaz do Brasil, também falou da nomeação de seu vigário-geral, o padre Jeová Elias Ferreira, como novo bispo da diocese de Goiás (GO).
Em entrevista ao portal da CNBB, o cardeal disse que as palavras “comunhão” e “missão” definem o seu tempo de pastoreio em Brasília. “Na verdade, não são simples palavras, são um programa de vida e de ação pastoral”, disse. Dom Sérgio conta que insistiu muito na comunhão e na unidade. “Insisti que é preciso caminharmos unidos, uma vez que a missão é grande demais para ser assumida sozinha. Então precisávamos, e precisamos, caminhar unidos”.
As Visitas Pastorais Missionárias foram citadas pelo cardeal como “uma das experiências mais agradáveis e que deram muitos frutos em Brasília”. Para o arcebispo, não são apenas visitas que o bispo realiza, mas visitas que o bispo realiza durante vários dias numa paróquia, acompanhado de padres, de um grande número de missionários, de leigos e leigas. “Eu creio que esta foi uma das marcas deste período que aqui estive”, afirmou.
Segundo Dom Sérgio, alguns leigos da arquidiocese afirmavam que ele falava com tanta frequência de missão, de missionários, que às vezes estranhavam quando não aparecia essas palavras em suas pregações. “E não foram apenas palavras. Foi, na verdade, uma insistência, graças a Deus, compartilhada pela arquidiocese de Brasília”.
O arcebispo revela que uma de suas insistências na arquidiocese foi na formação de comunidades. “De criar novas comunidades em toda parte do Distrito Federal de tal modo que nada ficasse sem a presença da Igreja. Foram criadas 23 paróquias no meu período. Não era tanto a criação de paróquias, mas a formação de comunidades com espaços de participação das pessoas”. Dom Sérgio conta que ordenou 80 padres em Brasília e muitos diáconos.
“Naturalmente, mais do que atividades o que conta mesmo foi esse período bonito de trabalho conjunto, convivência fraterna e serviço que procurei fazer aqui. Eu devo muito à graça e ao amor de Deus, mas devo também às pessoas me acompanharam. Eu não trabalhei sozinho. Se alguma coisa boa há, é compartilhado o mérito ou o fruto e é graça de Deus, tudo é graça. Contei com muita gente, nossos bispos auxiliares, o clero, as religiosas e religiosos, tantas pessoas consagradas, os fiéis, leigos e leigas, os movimentos, pastorais, associações… É uma riqueza imensa a Igreja em Brasília”, sublinhou.
Missão em Salvador
Sobre a sua nova missão em Salvador (BA), Dom Sérgio conta ter um olhar primeiramente de esperança. “Esperança que vem de Deus em saber que contamos com a presença de Jesus junto àqueles que envia. Acabamos de recordar o Evangelho e o mandamento de Jesus: ‘Ide anunciar o Evangelho e fazer discípulos. Eu estarei com vocês, todos os dias, até o fim’. Essas palavras de Jesus me acompanham sempre. Vou com essa esperança. Vou com a esperança de contar com a colaboração de muita gente”.
O cardeal esclarece que não dá para assumir sozinho a missão da Igreja e afirmou que em Salvador, a missão também é muito exigente. “A arquidiocese é muito grande. É a primeira do Brasil. Isto não é um título de honra, é responsabilidade eu me tornar um arcebispo primaz. Porque eu estou participando e vou começar a participar mais de perto de uma história longa, bonita, de vários séculos”, frisou. O arcebispo destacou que sairá de Brasília, que é uma realidade recente de Igreja numa capital federal que não existia, e vai para a primeira capital do Brasil.
O título de arcebispo primacial e a arquidiocese primaz do Brasil são para Dom Sérgio um sinal de honra no sentido espiritual, mas também de responsabilidade e estímulo para continuar servindo cada vez melhor e honrar a história da Igreja. O arcebispo agradeceu Dom Murilo Krieger, os bispos auxiliares, o clero e o povo de várias partes da Bahia que têm se manifestado de forma generosa. O acolhimento, de acordo com Dom Sérgio, é uma animação, apesar de sentir por ter que deixar Brasília onde permaneceu por 9 anos. “Aqui me senti muito amado. E já começo a me sentir amado também pelo povo de Salvador. E, como tenho dito, já começo a fazer e já me sinto parte daquela Igreja querida”.
Atividades de Dom Sérgio
Entre as atividades de destaque do cardeal está a atuação do religioso como presidente da Conferência Nacional dos Bispo do Brasil de 2015 a 2019. Dom Sérgio foi criado cardeal pelo Papa Francisco no consistório realizado na basílica de São Pedro, em 19 de novembro de 2016, recebendo o título da basílica de Santa Cruz na Via Flaminia, em Roma. É membro do Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos (Vaticano), da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e da Congregação para o Clero.
A posse do cardeal como arcebispo de Salvador (BA) está marcada para o dia 5 de junho, às 19h, na Catedral Metropolitana Transfiguração do Senhor (Catedral Basílica), localizada no Terreiro de Jesus, no Centro Histórico de Salvador. Abaixo, a íntegra da entrevista que ele concedeu ao portal da CNBB.
Neste sábado, 30, às 10h30, acontece a Missa de despedida do cardeal Sérgio da Rocha da Arquidiocese de Brasília, igreja à qual assumiu em 6 de agosto de 2011. A Missa será transmitida pelas redes sociais da arquidiocese de Brasília direto da Catedral Metropolitana e pela TV Canção Nova em Brasília. Na ocasião, será celebrado o Jubileu de 50 anos da Catedral