O câncer de pele representa 33% dos casos de câncer registrados no Brasil e, se descoberto no início, as chances de recuperação são altas
Thiago Coutinho
Da redação
Dezembro é mês de férias, praia e a chegada do verão. O excesso de sol nesta época do ano pede cuidados com a pele. Anualmente, o Brasil registra 180 mil novos casos de câncer de pele. É por isso que a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) escolheu este mês para a campanha Dezembro Laranja, que reforça os cuidados com a pele e medidas de combate contra o câncer de pele.
De acordo com a dermatologista Meire Gonzaga, membro da SBD, o cuidado inicial com a pele se dá com uma hidratação adequada. “É sempre bom estar com a pele bem hidratada antes da exposição solar, pois a hidratação cria uma barreira de proteção na pele, que somada ao uso de protetor solar, que deve ser reaplicado a cada duas horas, sem esquecer as áreas sensíveis do corpo como orelhas, lábios, nuca, dorso dos pés, nos protege dos raios solares”, explica a especialista.
Meire ressalta ainda que o uso de bonés, chapéus, camisetas e óculos de sol também são itens que não podem ficar de fora para quem se expõe ao sol. “Esses são os cuidados mais importantes para a exposição solar nesse período do ano”, diz.
Pessoas com mais de 40 anos
A incidência do câncer de pele em pessoas com mais de 40 anos é recorrente. Isso se dá, segundo a dermatologista, diante da ação cumulativa sob o sol ao longo de uma vida. É por este mesmo motivo que as crianças raramente são vítimas do câncer de pele. “Tudo que acontece na nossa pele hoje não é a ação do sol que tomamos agora, mas do sol que tomamos desde criança. Por isso, é muito menos frequente nas crianças, pois elas não tiveram tempo de se expor à radiação solar”, explica.
Há uma errônea crença de que pessoas com pele negra não apresentam câncer. “Engana-se quem acredita que pessoas negras não precisam usar filtro solar”, desmistifica a médica. “O que acontece é que elas [as pessoas de pele negra] têm uma proteção adicional, que é a melanina. A melanina filtra os raios solares, por isso, o câncer de pele é menos frequente na população negra”, observa.
Proteja-se mesmo em casa
Mesmo em ambientes fechados, como casas e escritórios, por exemplo, o uso de filtro solar é uma necessidade. “A luz emitida pelas telas de computadores e celulares também podem pigmentar a pele, principalmente em pacientes portadores de melasma”, detalha a dermatologista. “O Brasil possui altos níveis de insolação, mesmo em estações como outono e inverno. Por isso, devemos aplicar o protetor solar, mesmo em dias nublados, pois a radiação solar ultrapassa as nuvens”, alerta.
O fator solar ideal para os protetores é sempre acima do nível 30. Os protetores abaixo deste nível não são tão eficazes. Segundo Meire, a quantidade indicada de aplicação do filtro é o equivalente a uma colher de sobremesa. “Então, pensando em que a maioria das pessoas não se baseia na regra da colher de sobremesa, que indica a quantidade adequada a ser aplicada no rosto, couro cabeludo e pescoço, quanto maior o nível de proteção, melhor”, adverte.
Tratamento
Estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que o câncer de pele corresponde a 33% de todos os casos registrados no país. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa — mas seus registros são bem altos.
“A medida clássica de tratamento do câncer de pele é a remoção cirúrgica da lesão, por margem de segurança. Hoje em dia, temos outras maneiras de se tratar o câncer de pele, alguns tipos podem ser tratados com radioterapia e quimioterapia é indicada em estágios mais avançados”, explica a dermatologista.
A remoção completa da lesão, porém, ainda é o melhor tratamento. Além disso, em alguns casos pode ser necessário o uso de tratamentos de imunoterapia. “Então, quanto mais precocemente for diagnosticado o câncer de pele, a melhor opção é a remoção cirúrgica da lesão. Dependendo do quadro, existem outras formas cirúrgicas como a cirurgia micrográfica de mohs [tratamento que remove todo o tumor, preservando a pele sã em torno da lesão]. Já nos pacientes com melanoma é indicada a remoção cirúrgica total da lesão e, às vezes, complementamos com a imunoterapia”, finaliza.