De ceias de Natal a doação de brinquedos, iniciativas contagiam sociedade
Denise Claro
Da redação
Faltam 11 dias para o Natal. As cidades estão preparadas, as casas enfeitadas. A festa cristã contagia a sociedade. Momento de confraternização entre familiares e amigos. O tempo do Advento é especialmente de vivência na Liturgia da espera do Senhor que vem, tempo de conversão.
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A partir da experiência do Natal, muitos são os que, em meio às atividades próprias deste tempo, conseguem se organizar para fazer algo pelo próximo. A solidariedade é marca deste período, e muitas iniciativas surgem, até mesmo de forma independente, em favor dos mais pobres.
A psicóloga Elaine Ribeiro afirma que a solidariedade se manifesta na percepção da necessidade do outro e especialmente da empatia em contribuir para que outras pessoas possam ter aquilo que muitos não têm em suas vidas.
“Estas iniciativas acontecem pelo sentido de estar em sociedade e promover o outro. Fazemos pelo outro aquilo que gostaríamos para nós. Fazemos por uma causa, carentes, idosos, crianças, moradores de rua. Enfim, elegemos algo que nos dá um sentido maior para a vida e os maiores presenteados não são aqueles que recebem, mas sim, aqueles que dão algo de si para o outro.”
Elaine reforça a importância de ações sociais, e afirma que esses movimentos têm um poder muito grande.
“Se cada um pudesse sair um pouco de si pelo outro, teríamos muito mais pessoas auxiliadas, não só nesta época do ano, mas durante o ano todo. As pessoas, unidas, são capazes de fazer muito. A importância destas ações nos faz pensar ainda nas desigualdades sociais e nos menos favorecidos, e especialmente, nos faz agir com gratidão por tudo aquilo que temos e somos. Não precisamos dispor de muito dinheiro, nem de muito tempo, mas é importante sair de si. Olhar um pouco além e avaliar tudo aquilo que a minha ação pode dar ao outro”.
Natal para Todos
A Paróquia Nossa Senhora das Dores do Ingá, em Niterói, realiza anualmente várias ações com as pessoas assistidas pela Pastoral Social. Neste ano, pela segunda vez, está sendo promovida a Campanha ‘Natal para Todos’, e tem atividades como a Ceia de Natal com os moradores de rua, entrega de presentes no Morro do Palácio, e confraternização.
O estudante de direito Gabriel Garcia, de 22 anos, faz parte da Coordenação da Pastoral da Juventude e está na organização da Campanha.
“A gente teve a ideia quando estávamos saindo de uma missa, e um irmão em situação de rua nos abordou, dizendo uma série de coisas que pareciam estar no coração dele. Ele dizia: ‘Que Deus é esse que faz as pessoas saírem da Missa e nos ignorarem? Que Deus é esse que a gente experimenta, mas que não consegue se traduzir em uma atitude humana com os mais pobres?’”
Gabriel conta que foi impactado naquele dia. Que embora entendendo toda a complexidade da situação, sobre o amor de Deus, ali entendeu, juntamente com o grupo de jovens presente, que deveriam tomar uma atitude, e montaram uma ação que se propusesse a chamar a atenção da sociedade.
“Uma das atividades é a ceia de Natal com os irmãos de rua, na praça, e esta escolha foi estratégica porque o objetivo é justamente que a comunidade veja que as pessoas em situação de rua existem, têm nome, dignidade, e devem poder celebrar o Natal tanto quanto a gente, que vive em situação mais privilegiada. São irmãos que têm todo o direito de celebrar o nascimento de Jesus, e com alegria, pois Ele veio também por eles”.
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Sobre o trabalho de organização, Gabriel afirma que é difícil, cansativo, mas muito recompensador. “Apesar de custoso, é uma experiência que traz um bônus muito maior, que é a sensação de dormir à noite, deitar a cabeça no travesseiro tranquilo, de que eu fiz a minha parte. Nunca me satisfaço, mas é um motor para o dia seguinte. É dormir com a cabeça tranquila e acordar com a cabeça agitada de novo. E na hora da Ceia, é uma sensação de explosão no coração, uma alegria que não cabe no peito e só me faz pensar no ano seguinte… fico pensando no que dá pra fazer a mais. É um sentimento bom, e que acho que chega perto, mas ainda bem longe do que é esse amor que Deus propõe pra gente”.
O jovem acredita que fazer o bem não tem somente uma relevância social, mas também individual. O contato com uma realidade diferente, da forma mais pura e natural, traz ganho para a vida de quem recebe e de quem se dá.
“A gente passa a ver o mundo de outra forma, a compreender Deus de outra forma. A própria relação com Deus se tornou para mim mais próxima, amigável. A maior resposta positiva para quem atua em projetos como esse é perceber Deus no outro. Essa é a chave do grande bem quando a gente faz algo assim.”
Gabriel lembra que o Natal é um momento de renovação da esperança. É o momento da lembrança do povo marginalizado, excluído, que aguardava o Salvador. “Quando eles não tinham nada, era nessa esperança que eles se agarravam pra tentar sustentar as injustiças e as mazelas da vida terrena. E todo Natal eu vivo um pouco dessa esperança”.
Fazer o bem no ambiente empresarial
Erick Moreira coordena uma clínica de Fisioterapia na cidade de Cachoeira Paulista (SP). Em uma conversa informal com a equipe, decidiram fazer um projeto social nesta época do ano.
“A clínica existe há dois anos, e hoje somos uma equipe maior, nos tornamos uma família. Tivemos juntos a ideia de promover uma arrecadação de brinquedos para as crianças mais pobres e começamos a divulgar para os pacientes da clínica e nas redes sociais. Assim nasceu o Natal Solidário na clínica”.
Em pouco tempo, o retorno foi bem significativo, e a clínica espera continuar com a ação nos próximos anos.
Erick comenta o motivo pelo qual, em sua visão, a solidariedade fica tão evidente no Natal. “Esse período do ano é sinônimo de união, família e amor ao próximo e com isso as pessoas ficam mais sensibilizadas com quem é mais necessitado. Quando se pensa nas crianças, a vontade só aumenta de trazer um sorriso no rosto e mostrar que há esperança. Esperamos contagiar as crianças com alegria e levar esperança, amor e fé para elas”.