De 19 a 26 de junho

Brasil inicia Semana Nacional Antidrogas

Especialista fala das consequências do uso de drogas lícitas e ilícitas e propõe alternativas para combatê-las na sociedade

André Cunha
Da Redação

Sob o slogan “Juntos Somos Fortes”, a Semana Nacional Antidrogas –  de 19 a 26 de junho – busca demonstrar que é através de ações contínuas e parcerias dos diversos grupos sociais que o consumo de drogas pode ser combatido.

Apesar do destaque dado a outras drogas como crack, cocaína e maconha, o tabaco – embora lícito – é a droga que mais preocupa os especialistas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) deverá ser a terceira principal causa de mortes até 2020. Hoje, vitima mais de 200 milhões de pessoas, 7 milhões delas no Brasil, onde 40 mil morrem por ano. Além da queima de substâncias tóxicas, contidas na exaustão de diesel dos automóveis e queima de produtos químicos, a fumaça do cigarro é a principal responsável pela doença (cerca de 90% dos casos) e de 85% das mortes que provoca, segundo o Ministério da Saúde.

O psiquiatra  e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD), Angelo Américo Martinez Campana, reafirma que o Tabagismo é uma das principais causas de morte na humanidade. Ele destaca que, no Brasil, mais da metade da população consome álcool e cerca de 18% ainda fuma. Já o consumo de drogas ilícitas mais fortes, como a cocaína e crack, apesar de chamar atenção pela gravidade, menos de 2% da população as consomem.

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As consequências do uso de drogas

De acordo com o Dr. Angelo, o consumo de tabaco traz consequências especialmente na saúde física, sendo o câncer o problema mais grave e prevalente.

Quanto às outras drogas, o especialista explica que as consequências sociais, físicas e mentais variam de substância para substância. “O consumo de álcool está ligado a acidentes de trânsito e trabalho, aumento da incidência de várias doenças clínicas, baixa produtividade, aumento do número de agressões e homicídios. No caso da maconha, temos jovens com sequelas graves, como perda de inteligência e motivação, além de aumentar o número de quadros psicóticos. Com a cocaína e crack, dependência química grave, agressividade, aumento da criminalidade, conflitos familiares e dificuldades no trabalho”.

As causas sociais que levam a pessoa ao consumo de drogas são importantes, segundo o doutor, mas outros fatores de vulnerabilidade também devem ser considerados. Para ele, conflitos familiares, ausência da família, fatores genéticos, biológicos e os da causa social, como a exclusão social, pobreza extrema, falta de acesso à educação e aos bens de consumo podem levar uma pessoa à dependência química.

Liberação da maconha no Brasil

Desde 2014, alguns projetos de lei tramitam na Câmara dos Deputados com a proposta de liberar a produção, industrialização e consumo de maconha no Brasil. Entre eles, se destacam os dos deputados Eurico Júnior (PV/RJ) e Jean Wyllys (PC do B).

Para Dr. Angelo a liberação do Cannabis – como é conhecida cientificamente – não resolveria os problemas desencadeados pelo tráfico, visto que as questões mais graves estão relacionadas com a venda de cocaína, no que diz respeito a drogas ilegais. “Os que advogam a liberação da maconha também pensam que o porte e consumo de qualquer droga poderia ser liberado. No caso da maconha, baseiam no fato de que é droga potencialmente fraca para adultos, porém, com muitos danos para o adolescente que caso fosse liberada, aumentaria muito o consumo apesar da proibição da venda para menores, que no nosso país não funciona a contento”.

Ao invés da liberação, para o combate às drogas, o doutor sugere campanhas de prevenção nas escolas e empresas, orientação familiar, diminuição da pobreza, melhoria do acesso aos bens de consumo e projetos sociais de inclusão. No caso das drogas lícitas, a postura deve ser a de controle mais severo da venda de álcool e tabaco, mantendo a proibição de venda para menores. Além disso, o aumento do preço e impostos e diminuição dos pontos de venda.

O que a Igreja diz?

Ao receber participantes de uma conferência internacional de agências antidrogas em junho de 2014, o Papa Francisco afirmou ser contra a liberação das drogas. “A droga não se vence com a droga. A droga é um mal e, com o mal, não pode haver relaxamento ou compromissos. Pensar em poder reduzir o dano, permitindo o uso de tóxicos àquelas pessoas que continuam a usar droga, não resolve de fato o problema. A legalização das chamadas drogas leves, mesmo de modo parcial, além de ser, pelo menos, questionável em termos de legislação, não produz os efeitos que foram prefixados”, disse o Papa.

“O flagelo das drogas continua a fazer estragos em formas e dimensões impressionantes, alimentado por um mercado vergonhoso que atravessa as fronteiras nacionais e continentais. Desta forma, continua a crescer o perigo para os jovens e adolescentes. Diante deste fenômeno, sinto necessidade de expressar minha tristeza e minha preocupação”, completou o Pontífice.

 

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