O Documento de Aparecida, mudanças na liturgia e o lançamento de um texto sobre a Pastoral Afro-brasileira foram os temas abordados na coletiva da tarde desta sexta-feira, 04, na 46ª Assembléia Geral da CNBB em Indaiatuba (SP). Estavam presentes na mesa, Dom Joviano de Lima Junior, Arcebispo de Ribeirão Preto (SP), Dom Luiz Demetrio Valentini, Bispo de Jales (SP) e Dom João Alves dos Santos, Bispo de Paranaguá (PR).
Conferência de Aparecida
Recordando a V Conferência, que aconteceu em maio de 2007, na Basílica de Aparecida (SP), Dom Demétrio falou como os bispos e, até mesmo o Papa, se surpreenderam com a Conferência e atribuiu isso à proximidade com o povo mais simples. “A Conferência foi realizada dentro de um Santuário, próximo ao povo e essa proximidade produziu um clima de simplicidade, respeito e confiança muito positivo entre os bispos”, destacou.
O Bispo recordou que este é o único continente em que acontecem estas Conferências e onde existe um órgão (CELAM) que as articula. “Isso proporciona uma retomada da identidade própria da Igreja na América Latina”, disse.
Dom Demétrio destacou algumas intuições do Documento Aparecida, que devem ser levadas em conta, como a identificação da Igreja com o povo e suas lutas: “O método ‘ver, julgar e agir’, retomado nesta Conferência”.
“A Igreja que quer estar a serviço da vida dos povos e não se fecha em si própria. Isso foi provado no Concílio Vaticano II, que permanece válido, no sentido de renovar a Igreja à luz do Evangelho e aos apelos do mundo atual”. Segundo ele, este é o maior desafio de Aparecida.
“Como colocar estes valores importantes em prática? Como ser uma Igreja em constante estado de missão? Aparecida é para retomarmos muitas coisas”, destacou.
Pastoral Afro-brasileira
Dom João explicou que esta pastoral tem crescido no sentido de “desenvolver os valores e culturas dos povos afros, integrando a fé, cultura, a experiência com Jesus Cristo”.
O bispo afirmou que há muitos aspectos a serem considerados, primeiro que esta é uma ação da Igreja para evangelizar a partir da realidade dos afro-descendentes no Brasil. Também, à luz do Documento Aparecida, podemos valorizar as culturas, expressões, e integrá-las na vivência da fé e no ser Igreja.
“A Igreja procurou refletir e aprofundar a realidade atual do povo negro. Suas condições de vida, acesso a moradia e educação. Diante desta realidade quer ser uma luz para dar espaço para esta grande parcela do povo que, ainda, é marginalizada”, explicou.
Falando sobre os desafios da Pastoral, Dom João pontuou quatro aspectos:
– Um dos desafios é a questão do “ser sujeito”. Embora os afro–descendentes sejam metade da população brasileira, o negro não é sujeito da história;
– Outro ponto é fazer este sujeito ser protagonista na Igreja, pela sua participação na vivência e celebração da sua fé;
– Também, no sentido de construir uma sociedade a partir dos valores, respeito, acolhimento e partilha devem ser resgatados;
– E como último aspecto, destacou a marginalizacão da sociedade: “são uma grande massa de excluídos e precisamos, à luz do Evangelho e da proposta de Jesus, construir uma sociedade de irmãos. Que todos tenham oportunidades iguais de trabalho e participação na sociedade, para que vivam de forma justa e igualitária”, explicou.
Sobre a presença da cultura afro nas Celebrações Eucarísticas, Dom Joviano, contribuiu explicando que “a Palavra, o gesto, o símbolo que correspondem aquilo que celebramos no Mistério são litúrgicos. Portanto, a música e os instrumentos”. E disse que isto já está bem estabelecido a nível mundial e que a CNBB tem feito seminários para estudar o assunto.
Mudanças na Liturgia
Dom Joviano falou que, nesta manhã, foram apresentados três aspectos da liturgia, um foi sobre a inclusão de bem-aventurados, beatos e santos recentes no calendário litúrgico, que foi aprovado nesta Assembléia.
O segundo ponto foi sobre o pedido de que Frei Galvão seja declarado o patrono da construção civil. O bispo explicou que este pedido deverá ser enviado à Santa Sé.
O último aspecto foi a aprovação, na Assembléia, de algumas mudanças na tradução das Orações Eucarísticas I, II e III. Segundo Dom Joviano, está sendo realizada uma revisão no Missal Romano: “O texto vem para a Assembléia para ser emendado e aprovado. Daqui é encaminhado para a Santa Sé, para verificação e possível aprovação ou não”.
Além destas, os bispos receberam outras orações eucarísticas para estudarem e começarem o novo processo de elaboração.