Igreja celebra hoje memória de Santa Ana e São Joaquim; psicopedagoga avalia relação de avós e netos
Denise Claro
Da redação
Nesta quinta-feira, 26, a Igreja celebra a memória dos pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana. A piedosa Santa Ana, estéril, após fervorosas orações, obteve de Deus o nascimento da Virgem Maria, tendo-a consagrado a Deus aos três anos de idade no Templo de Jerusalém. Foram, mais tarde, os avós do menino Jesus.
A comemoração do Dia dos Avós é uma oportunidade de refletir sobre a importância dos avós e dos idosos na vida da família e da sociedade. São muitos os pais que, pela necessidade do trabalho, deixam seus filhos aos cuidados dos avós por um período do dia. Em outras famílias, a convivência nas festas e finais de semana com os avós, deixam marcas nos netos. Quem não se lembra da casa da avó? Das suas comidinhas, suas histórias e seu carinho?
A psicopedagoga Walquíria Silva ressalta que a relação dos avós com os netos é muito benéfica para ambos. “É uma relação muito permeada de afeto. Isso é de extrema importância para a criança, independente da fase em que ela esteja, porque está experimentando relações sociais que vão torná-la um adulto saudável. Os avós com sua experiência transmitem a educação de uma forma mais afetuosa e lúdica. E a criança tem mais consciência de sua história de vida e familiar”.
A especialista avalia que crianças que convivem com os avós tendem a repetir os valores e competências vividos naquela família, e afirma que, nos dias de hoje, isso é muito valorizado.
“É uma troca. Os avós aprendem com os netos sobre tecnologia, por exemplo, e ensinam a esta criança valores. Outra coisa importante é que o convívio com o neto dá vida àquele idoso. Dependendo da idade com que aquela pessoa se tornou avó, muitas vezes já sentia que não tinha mais um papel importante na sociedade e na família. Esse convívio é uma motivação, o que acaba diminuindo a depressão e o estresse”.
Papa Francisco sempre frisou que os avós e idosos ocupam um o lugar especial na sociedade. Chegou a afirmar que um povo que não respeita os avós é um povo sem memória, e consequentemente, sem futuro. Em outra ocasião, disse:
“Os avós na família são os depositários e, muitas vezes, testemunhas dos valores fundamentais da vida. A tarefa educativa dos avós é sempre muito importante e torna-se ainda mais, quando, por várias razões, os pais não são capazes de assegurar uma presença adequada ao lado dos filhos durante a idade do crescimento”.
Avós e netos
A niteroiense Arlete Camões e o esposo Ronaldo são avós de quatro netos. Ela define o ser avó como “a maravilha das maravilhas”. Arlete diz que é um momento diferente do que se tem com os filhos. Com os filhos, há as obrigações, a própria educação. Mas com os netos, se curte mais.
“Os netos são a sobremesa! É a parte gostosa da vida! As crianças transformam a gente. Acho que é a retribuição que Deus nos dá no final da nossa vida. Quando a gente já está velhinho, mais cansado, vêm os netos e enchem a gente de alegria. Um presente de Deus na nossa velhice”.
Arlete ajudou a cuidar da neta Júlia, que hoje tem 5 anos de idade, por três anos, em virtude da necessidade de trabalho dos pais. Ela diz que os netos são a alegria dos avós.
“Depois que os filhos saem de casa, a gente fica com a vida meio vazia, mais parada. Com a chegada dos netos a gente está sempre junto, o neto é companhia. E também ajudamos a passar os valores para eles, levamos à Missa, mesmo quando pequenos, a gente ensina a rezar. É um sentimento de dever cumprido, ver os filhos começando a vida, e ajudar com os netos”.
Os avós Albérico e Joviana Lopes são bem presentes na vida dos netos. Deixaram a cidade, Aracaju (SE), para morar perto dos netos, em Cachoeira Paulista (SP).
“Ser avô e avó para nós é uma extensão da nossa paternidade e maternidade. Crescemos em paciência, carinho, serenidade. Somos felizes por ver nossa família crescendo. Vivi duas cirurgias muito graves, corri o risco de morrer, e hoje poder conviver com meus netos é uma grande Graça. O sacrifício de deixar nossa casa e vir para cá é uma herança de amor e renúncia que queremos deixar para eles. Nos esmeramos em passar para eles os valores e principalmente o afeto nas brincadeiras, que fazem parte do nosso dia a dia”, diz Albérico.
Elisa Godinho e o esposo Silvio moram em São Paulo e ajudam a cuidar do único neto, Miguel, desde bebê. Ela diz que ser avó é inexplicável.
“Como somos mais experientes, às vezes vemos lá na frente, e tentamos ajudar os filhos a não errar no que a gente errou. Acho que o mais importante é o amor. Um lar com muito amor é o mais importante. Somos avós muito felizes por podermos conviver com nosso neto. Fomos pais muito novos e só temos uma filha, e como avós podemos nos dedicar mais. Ensinamos o respeito, o amor, valores e Deus acima de tudo. Acho que os avós têm esse papel”.