Sínodo para a Amazônia foi tema do Meeting Point desta sexta-feira, 3, na Assembleia Geral da CNBB
Julia Beck
Da redação
Os bispos da Igreja Católica se reunirão em outubro, no Vaticano, para o Sínodo que discutirá novos caminhos para a Igreja na Amazônia e para uma ecologia integral. A cinco meses do encontro, o tema ganhou destaque no Meeting Point da Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece até a próxima sexta-feira, 10, em Aparecida (SP).
Dom Wilmar Santin, bispo da prelazia de Itaituba (PA), comentou nesta sexta-feira, 3, a necessidade de novos ministérios na realidade Amazônica. “Uma igreja toda ministerial”, foi o que sugeriu o bispo diante das dificuldades enfrentadas pela Igreja na Amazônia. Segundo Dom Wilmar, na região faltam ministros ordenados e religiosos para acompanhar comunidades distantes. “Por isso é muito importante e necessário que os leigos participem”, frisou.
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O documento 62 da CNBB, “Missão e ministério dos cristãos leigos e leigas”, foi citado pelo bispo como fundamental para que todos tenham em mente a existência e distinção entre os quatro ministérios existentes na Igreja, são eles: o ministério reconhecido, confiado, instituído e ordenado.
De acordo com a explicação de Dom Wilmar, o ministério reconhecido é todo o serviço realizado pelos leigos dentro da comunidade e que não tem um rito próprio de instituição. O ministério confiado é o que apresenta um gesto litúrgico simples ou alguma forma canônica, exemplo de leigos que possuem este ministério são os ministros da eucaristia. O instituído é considerado uma função conferida pela Igreja por meio de um rito litúrgico chamado instituição, seriam estas funções a do acolitato e do leitorato. Já o ministério ordenado, o mais conhecido, seria o do diaconato, sacerdócio e episcopado.
“Se olharmos a história vamos ver que o primeiro ministério instituído pela comunidade foi o diaconato. (…) Ao longo da história muitos ministérios foram aparecendo, mas sobretudo após o Concílio Vaticano II é que se deu mais ênfase ao ministério dos leigos”, recordou o bispo. Os ministérios são, segundo Dom Wilmar, parte integrante das várias comunidades e peça essencial na suscitação de carismas e pessoas para o serviço. “Nesse sentido, não é algo pessoal, mas como diz São Paulo, (COR 12), é para o bem da comunidade. ‘Quem recebe um dom que coloque a serviço da comunidade'”, sublinhou.
Com o passar do tempo, o bispo frisou que a Igreja vai se estruturando e se organizando para melhor atender a comunidade, por isso o carisma assume sua missão na Igreja e é acolhido e reconhecido. Dom Wilmar explica que o ministério oficial é sempre algo eclesial, um serviço que pode ser realizado para dentro da Igreja ou para fora dela. “Precisamos fazer uma distinção entre um serviço de ação cristã de um católico e de um ministro”, alertou.
O bispo esclareceu que ações sociais não são ministérios porque não tem um reconhecimento da Igreja e que, quem recebe um ministério sendo leigo, continua leigo, não mudando seu estado. “Não é uma ordenação”, completou.
Cada diocese e prelazia tem a sua caminhada própria de acordo com a sua realidade e necessidade em termos de igreja e pastoral, sublinhou Dom Wilmar, que comentou sua experiência na prelazia de Itaituba: “[Em Itaituba] padres não têm condições de dar a assistência que deveriam dar, por ser um número reduzido, comunidade grande, tudo longe, deslocamento precário. Nós precisamos e leigos que desempenhem funções importantes”.
A ênfase dada pelo bispo aos trabalhos da prelazia é a de formação de ministros da palavra. De acordo com Dom Walmir, os índios munduruku têm expressiva participação religiosa e, devido ao local longínquo em que estão instalados careciam de mais ministros para as Celebrações da Palavra. Após mobilização da prelazia, o bispo afirma contar hoje com 48 ministros formados e instituídos que prestam apoio aos índios. Dom Walmir destacou o desejo dos índios de obterem os sacramentos do batismo e matrimônio, e preocupação da prelazia em atender também a esta necessidade.
“O Papa confidenciou ao Dom Cláudio Hummes que um de seus sonhos é ver em cada aldeia um padre indígena”, concluiu o bispo, que revelou compartilhar do mesmo desejo do Pontífice.