Do Oiapoque ao Chuí

Bispos comentam experiência da Igreja em regiões extremas do Brasil

Próximos a municípios do extremo norte e sul do país, bispo de Macapá (AP) e do Rio Grande (RS) apresentaram um panorama dos desafios enfrentados pela Igreja nessas regiões

Julia Beck
Enviada à Aparecida (SP)

Dom Pedro (esq.) e Dom Ricardo apresentam aos jornalistas desafios da Igreja em regiões extremas do país / Foto: Júlia Beck – Canção Nova

O bispo de Macapá (AP), Dom Pedro José Conti, e o bispo de Rio Grande (RS), Dom Ricardo Hoerpes, participaram na manhã desta segunda-feira, 16, do terceiro “Meeting Point” da 56º Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Os bispos apresentaram, respectivamente, as realidades de Oiapoque, no extremo norte, e do Chuí, no extremo sul. Falta de sacerdotes é elencado com o principal desafio da Igreja nos dois extremos do Brasil.

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.: Cobertura da 56ªAssembleia Geral da CNBB

“Fazemos o possível, mas não é fácil”, disse Dom Conti, que iniciou a discussão do tema: “A experiência das Igrejas locais em regiões extremas do Brasil”. O bispo elencou as principais dificuldades enfrentadas pela Igreja local de Oiapoque: cultura, comércio, comunicação e locomoção. Segundo ele, a realidade dos garimpos clandestinos e do tráfico humano, principalmente o de meninas e mulheres, são problemáticas recorrentes na região. “O Amapá é considerado uma rota de tráfico de drogas e pessoas”.

De acordo com Dom Pedro Conti, desde 2015 o extremo norte conta com a missão “Nas Fronteiras”, na qual sacerdotes e voluntários se dedicam ao combate do tráfico humano por meio da prevenção e da promoção de atividades elementares para jovens e crianças. 

Sobre os povos indígenas, outro desafio da região, Dom Pedro menciona que a mobilidade, a penetração na língua e na cultura, e a necessidade de agentes pastorais qualificados ainda são obstáculos a serem vencidos. “Sentimos falta de agentes de pastoral qualificados. Só assim poderemos incentivar os indígenas para que também sejam protagonistas da sua própria evangelização”. 

O extremo sul do país

Dom Ricardo Hoerpers, também presente no meeting point, apresentou um panorama vivenciado pela Igreja no sul do país. “É um lugar significativo e muito preservado”, disse sobre o Chuí. Segundo ele, ainda que existam dificuldades de mobilidade, o principal desafio do Chuí é a falta de crença e de religião da população. “De acordo com o Senso 2010, o Chuí tornou-se a capital brasileira dos que não têm religião”, expôs.

Diante do atual cenário da evangelização do sul, Dom Ricardo afirmou que a meta para o Chuí é a de recuperação dos cristãos que se dizem católicos. “O nosso trabalho é dar aos nossos católicos uma presença mais efetiva”, contou. A meta vai ao encontro do projeto de iniciação cristã pensado para a região, que recentemente recebeu o apoio de mais um sacerdote. Além do resgate da população católica, Dom Ricardo afirmou que o diálogo religioso e ecumênico também são metas a serem alcançadas na região.

Segundo Dom Ricardo, um problema que vem ganhando a atenção da Igreja no sul é a legalização da maconha no Uruguai, país que faz fronteira com o Brasil e que é próximo ao Chuí. “Os uruguaios [os que são dependentes químicos] têm vindo ao Brasil em busca de ajuda”, revelou. Esta realidade motivou os sacerdotes locais na tentativa de estabelecer na região, uma casa de apoio aos dependentes químicos, contou Dom Ricardo.

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