Encontro começa nesta quarta-feira, 20, e vai até sábado, 23, de forma híbrida
Da redação, com Celam
O “Encontro de Conhecimento da Amazônia e Mudanças Climáticas” começa nesta quarta-feira, 20, e vai até sábado, 23.
O evento será realizado no Campus da Universidade Federal do Pará, em Belém, de forma híbrida, com um grupo virtual ilimitado e um presencial de cerca de 200 pessoas.
A Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) participará do evento. Esta é a primeira etapa de um processo do Fórum Social Pan-amazônico (FOSPA), que acontece em Belém em julho de 2022.
O encontro, segundo o padre Darío Bossi, mediador do círculo sobre “Mudanças Climáticas e Defesa dos Territórios”, tem como objetivo “mostrar ao mundo que os povos da Pan-Amazônia têm uma voz muito clara sobre o protagonismo da Amazônia na manutenção do equilíbrio do clima e da biodiversidade no mundo, e querem ser ouvidos no cenário internacional”.
Leia também
.: Energia renovável é recurso contra as mudanças climáticas, afirma Papa
Segundo o assessor da Repam, “há consciência de que a Amazônia está no momento mais crítico de sua existência, sobrevivência e possibilidades futuras”. Segundo o padre sinodal no Sínodo para a Amazônia, “o perigo é oferecer falsas soluções ou soluções de interesse na COP-26”. Nesse sentido, ele afirma que há “a convicção de que os primeiros que mais profundamente podem indicar caminhos para a preservação e restauração da floresta são os povos que nela habitam”.
Diálogo e conhecimento
O encontro busca um diálogo de saberes entre o saber científico e o saber dos povos indígenas e comunidades tradicionais, que nem sempre tiveram caminhos comuns, segundo o padre Bossi, mas que “vêm apresentando muitas confluências nos últimos tempos e que podem ser inspiradas e complementadas”.
Leia mais
.: Mudanças climáticas: especialistas comentam perspectivas de futuro
.: Pesquisadora do Inpe fala sobre as mudanças climáticas
.: Vaticano escreve aos cientistas e apoia preocupações da greve climática estudantil
As conclusões do encontro serão descritas em uma carta que será lida durante a Assembleia Mundial da Amazônia, no dia 9 de novembro, dentro da COP-26, da qual participará o Cardeal Pedro Barreto, presidente da Rapam.
A carta vai apresentar demandas no combate ao desmatamento e pressão para o boicote dos produtos que são resultado de desmatamentos.
Programação
Ao longo dos quatro dias do encontro, decorrerão 9 rodas de conhecimento sobre diferentes temas. Haverá um mediador e a presença de dois homens e duas mulheres, representando o saber científico e o saber ancestral.
O dia da inauguração terá a participação de Dom Erwin Kräutler, presidente da Repam-Brasil. Padre Bossi afirma que está é “um dos acontecimentos mais significativos do Brasil e da Pan-Amazônia em vista da COP-26. É um evento que dá voz a quem realmente precisa ser ouvido com força na COP-26”.
Leia também
.: ONU: Cardeal faz alerta sobre futuras mudanças climáticas
.: Bispos defendem novos modelos contra mudanças climáticas
Uma região onde vivem 300 povos indígenas
Não podemos esquecer que, na Amazônia, existe a maior bacia hidrográfica. Na região também está a maior floresta tropical contínua do mundo. No local, existem mais de 300 povos indígenas diferentes, além de outros povos e comunidades tradicionais.
É um bioma que, por sua capacidade de absorver carbono da atmosfera e regular as chuvas e a temperatura, é vital para o equilíbrio climático da Terra. Os ataques à floresta são, na prática, ataques à humanidade.
Entre os objetivos está ter o protagonismo dos detentores do conhecimento tradicional e científico, bem como dos povos e movimentos sociais da Pan-Amazônia. Da mesma forma, o objetivo é possibilitar um rico intercâmbio de conhecimentos e experiências que fortaleçam o combate à globalização econômica, à violência, ao desrespeito aos direitos dos povos, à destruição da biodiversidade e aos desequilíbrios climáticos. A importância da Amazônia para uma vida justa, equitativa e saudável também será destacada.