Esperança de paz

2016 pode ser um ano mais pacífico? Bispo comenta

2015 foi ano violento, mas também teve iniciativas de paz, afirma Dom Devair Araújo, que indica o amor de Deus como ponto de partida para paz verdadeira

Jéssica Marçal
Da Redação

Sexta-feira, 1º de janeiro. Primeiro dia de 2016. Depois das festividades da virada, é hora de dar adeus a 2015 e começar o novo ano celebrando o Dia Mundial da Paz. Mas depois de tanta guerra e violência no ano que passou, o que é possível esperar de 2016? O novo ano pode ser mais pacífico?

Dom Devair Araújo, bispo na arquidiocese de SP / Foto: Arquidiocese de São Paulo

Dom Devair Araújo, bispo na arquidiocese de SP / Foto: Arquidiocese de São Paulo

Dom Devair Araújo da Fonseca é bispo referencial para a Pastoral da Caridade, Justiça e Paz da arquidiocese de São Paulo. Ele reconhece que em 2015 o mundo assistiu ao crescimento da violência e da guerra em diversos países do mundo. Como exemplo da constatação do bispo, basta recordar os dois atentados realizados em Paris por extremistas do Estado Islâmico, a guerra na Síria, um dos fatores da crise de refugiados, e os casos de violência urbana.

Mas se cresceu a violência, aumentaram também as iniciativas de paz. “Nós temos muitas situações de violência ao nosso redor, mas nós também temos boas iniciativas, nós também temos pessoas que amam outras pessoas”, ressaltou Dom Devair, citando como exemplo a solidariedade de tanta gente na crise de refugiados, oferecendo abrigo e comida a pessoas estranhas.

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O Papa Francisco e a paz

O próprio Papa Francisco é uma figura que trabalhou, e muito, em 2015 para contribuir com a paz no mundo. Tanto que no último dia 23 de dezembro ele foi anunciado como o vencedor do prêmio “Carlos Magno”, por seu empenho na construção da paz.

Todos os anos, o Papa escreve uma mensagem para a data celebrada hoje. Para este ano, Francisco se inspirou no tema “Vence a indiferença e conquista a paz” para convidar todo o mundo a promover uma cultura de solidariedade a fim de acabar com conflitos e situações de injustiça que ferem o princípio da paz.

Essas e outras mensagens de Francisco têm despertado a admiração de católicos e não católicos e encorajado as pessoas a terem esperança de um futuro melhor. Segundo Dom Devair, isso acontece porque elas veem na pessoa do Papa um compromisso, uma coerência entre fala e ação.

“Ele fala e age com esperança. Ele contempla com tranquilidade, com segurança, os problemas. Ele vê esses problemas, ele fala desses problemas, ele toca nesses problemas, mas ele não para nos problemas, porque, como homem de fé, o Papa tem a certeza da intervenção e da ação de Deus em favor da paz, em favor da vida”.

O que é preciso para conquistar a paz?

O branco sempre tão presente nas roupas usadas na virada do ano reflete o desejo de paz para o ano que se inicia. Cansado de violência, o povo quer a paz, mas o caminho para essa meta nem sempre é fácil. Dom Devair explica que a paz não é apenas ausência de conflitos; a Igreja entende que nenhuma grande transformação vai acontecer se não houver uma transformação do coração das pessoas.

“É nesse sentido que, quando a gente evangeliza, quando a gente fala de Deus, não é só por uma questão religiosa, também de uma transformação da vida inteira da pessoa. Alguém que deixa Deus tocar o seu coração, a sua vida, é alguém que promove a paz, é alguém que vai em busca desse caminho (…) Esse é o grande desafio: superar as limitações humanas por meio da escuta sincera e da vivência da Palavra de Deus”.

Uma boa dica, segundo Dom Devair, para que 2016 seja um ano mais pacífico é apostar no sentimento do amor, em especial reconhecer o amor de Deus pela humanidade. “Quando nós estivermos mais atentos, quando as pessoas se deixam abraçar pelo amor de Deus, elas começam a amar mais os outros, porque elas se sentem amadas. O nosso mundo carece de amor. (…) Quando nós descobrirmos o amor de Deus, toda a nossa vida ganha um novo sentido. E aí nós podemos falar de uma paz verdadeira e efetiva”.

 

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