Simpósio de Bioética

Qualidade dos cuidados no final da vida é discutida no evento

Ariane Fonseca
Enviada especial a Brasília

O último dia do Simpósio de Bioética, atividade inédita do Congresso Eucarístico Nacional 2010, começou com uma adoração eucarística e uma conferência sobre a qualidade de cuidados no final da vida. Comandada pelo médico português Daniel Serrão, a palestra discutiu o que é morte natural e o que é morte antecipada, além de abordar a importância de viver bem os últimos dias de vida.

“Todos nós vamos morrer, mas é importante cuidar do fim da vida com alegria. A vida só termina quando todas as células estão mortas”, explicou o professor, que ainda acrescentou que os cristãos devem ser contra a morte antecipada.

“Não há tratamento que impeça que a morte venha um dia, mas antes que venha a morte de Deus há cura para as nossas doenças. Os médicos não podem tirar a vida de alguém antes do tempo. Intervir no corpo do doente e impedir a morte enquanto é possível é o dever do médico”.

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Serrão também falou aos participantes do simpósio sobre a eutanásia e mostrou a visão da Igreja Católica sobre o assunto. O termo eutanásia, etimologicamente falando, significa morte sem dor ou morte suave. Ocorre quando há uma ação direta de uma pessoa para antecipar o momento da morte, sendo aplicado algum método ou se tirando outro.

Em mensagem para a Jornada pela Vida, promovida pela Conferência Episcopal Italiana em 2009, o Papa Bento XVI disse que “a eutanásia é uma falsa solução ao drama do sofrimento, é uma solução que não é digna do homem”. Em sua palestra, o médico também reforçou a frase do líder da Igreja Católica. “Não podemos ser a favor da morte, se ainda há vida. O segredo é tratar sempre, hoje não há dor intratável. A partir da sua inteligência, o médico precisa lutar pela vida do paciente”, destacou.

A eutanásia não está especificamente descrita no Direito Penal brasileiro. No entanto, a jurisprudência trata a sua prática como crime de assassinato. No artigo 5º da Constituição Nacional e o artigo 4º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto de São José, do qual o Brasil é signatário, a legislação brasileira estabelece que deve-se preservar a vida e para isso todos os esforços devem ser adotados.

Medicina de cuidados paliativos

Serrão também abordou na sua conferência sobre a medicina de cuidados paliativos. O termo paliativo deriva do latim “pallium”, manto usado pelos peregrinos durante suas viagens em direção aos santuários para protegê-los. Em analogia, o cuidado paliativo tem o objetivo de proteger a pessoa doente durante seu último período de vida, ou seja, ela tem como objetivo proteger o paciente do sofrimento evitável, salvaguardando sua dignidade como pessoa até seus últimos momentos.

“Tempo de morrer não pode ser tempo de abandono e sofrimento. É o fim da vida que dá a vida o seu grandioso sentido. Ele pode ser mantido até o fim, temos que ser promotores da vida em plenitude, também, no fim da vida”, concluiu.

Sobre o conferencista

O professor dr. Daniel Serrão é médico português. Atualmente, é uma personalidade ligada à Medicina, mais concretamente à Anatomia Patológica e à Bioética. É especialista em ética da vida e membro da Pontifícia Academia para Vida.

Adoração pela vida

Antes da palestra, aconteceu uma emocionante adoração eucarística em favor da vida, conduzida pelo bispo de Nova Friburgo (RJ), Dom Rafael Cifuentes. Durante o momento de oração, membros da comunidade católica Jesus Menino deram testemunhos de vida sobre os desafios que enfrentam no seus 20 anos como movimento eclesial.

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