A leitura orante da Palavra de Deus é capaz de proporcionar o encontro pessoal com Jesus e uma mudança radical na vida das pessoas. É o que destaca Maria Cecília Rover, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, em entrevista ao noticias.cancaonova.com.
Segundo ela, a partir dessa experiência verdadeira com Jesus através da Palavra de Deus, a pessoa se engaja profundamente na Igreja e é capaz de, mesmo com os desafios e questionamentos, manter-se firme nos valores que são os valores evangélicos.
Márcio Ribeiro, 31 anos, da cidade de Cascavel, no Paraná, experimentou essa transformação em sua vida a partir do momento em que começou a ler a Bíblia diariamente.
Ele conta que antes mesmo de ter tido uma experiência pessoal com Deus, começou a ler a Bíblia aos 17 anos como uma forma de "descansar a mente das leituras dos livros de vestibular", e aos 21 anos, após ter um "encontro especial com Jesus" – como ele descreve-, passou a lê-la todos os dias, até hoje.
"A mudança que ocorreu em minha vida foi significativa porque pude entender o plano de salvação que o Senhor tem para o mundo e para a minha vida, pude ainda perceber o quanto Deus me ama, conhecer as suas promessas e o que mais gosto de dizer é o quanto eu me tornei uma pessoa melhor, mais humana, compreensiva comigo mesmo e com aquele que está ao meu redor. A leitura da Bíblia aumentou em mim a concentração e desenvolveu o meu raciocínio", explica Márcio.
Maria Cecília afirma que a Igreja tem consciência desses frutos da leitura constante da Sagrada Escritura, tanto que ela está trabalhando para que a "Palavra de Deus seja colocada como centro da vida e da ação da Igreja".
"Não há nenhuma ação da Igreja que não deva ser alimentada, iluminada pela Palavra de Deus. Ela suscita, alimenta a vida pessoal e também a vida de toda pastoral da Igreja", destaca a assessora da comissão bíblico-catequética.
Mas o que fazer quando não se consegue compreender a Palavra de Deus?
Márcio recorda que nas primeiras vezes em que leu a Bíblia entendeu poucas coisas, mas por persistência, lia assim mesmo. "Sempre fui teimoso e não gostava de me sentir vencido", relata.
Tempos depois foi à Paróquia que frequentava à procura de informações que o ajudassem a entender melhor a Bíblia. Começou a assistir o programa Escola da Fé, com o Prof. Felipe Aquino, e a partir das orientações do seu pároco adquiriu o livro "A Bíblia no meu dia a dia", de Monsenhor Jonas Abib. "Essas ferramentas foram sendo instrumentos eficazes na minha vida e me ajudando a superar as dificuldades", recorda Márcio.
E o esforço gerou frutos. Hoje Márcio é o coordenador do Ministério de pregação da Renovação Carismática Católica (RCC) na cidade de Cascavel. Casado há apenas seis meses, continua fazendo seu diário espiritual, onde escreve suas experiências diárias com a Palavra de Deus e ali consegue constatar os cuidados e a fidelidade de Deus para com ele.
Essa formação cristã para o entendimento e a interpretação correta da Sagrada Escritura é, para a assessora da Comissão da CNBB, uma das funções da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética. E uma das orientações que a Igreja dá às pessoas que sentem dificuldades é que elas procurem estudar a Bíblia em comunidade.
"Qualquer agente de pastoral, qualquer cristão, na verdade, deve aproximar-se da Palavra de Deus para conhecê-la, e se há dificuldade de conhecê-la individualmente é porque realmente a Palavra de Deus é feita para ser estudada em comunidade, vivida em comunidade", afirmou Maria Cecília.
Ela destaca que a Igreja sugere o método da Lectio Divina, com seus quatro passos: leitura, meditação, oração e contemplação. Ela salienta ainda que "estudo é fundamental, mas a oração [com a Bíblia] também é fundamental. Para conhecer melhor e para entender e ser capaz de interpretar corretamente a Sagrada Escritura é necessário o estudo e a oração com a Palavra de Deus".