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O Papa Bento XVIcomeça nesta quinta-feira, 22, a terceira viagem à sua terra natal, a Alemanha. Ele permanece em terras germânicas até domingo, 25.
Esta é uma das visitas oficiais do Pontífice com o maior número de discursos – 18, no total. O número perde apenas para o total de pronunciamentos feitos durante a viagem à Terra Santa, em maio de 2009, que teve mais de 30 intervenções. Outro dado curioso é que Bento XVI terá que fazer um voo por dia para visitar as cidades de Berlim, Erfurt, Etzelsbach e Friburgo.
Apesar de ser a terceira vez que pisa sua terra após ser elevado à Sé de Pedro, esta é a primeira viagem com caráter oficial, uma vez que o convite partiu do presidente federal alemão, Christian Wulff. Esta também será a terceira vez que um Papa falará diante de um Parlamento: João Paulo II falou diante do Parlamento da Polônia, sua pátria, e também do Parlamento Italiano, enquanto Bispo de Roma. Agora, é Bento XVI quem tomará a palavra.
“Creio que nossa sociedade precisa de esperança e penso que, em todas as suas intervenções, o Papa nos transmitirá essa visão de esperança para o futuro com valores cristãos. Bento XVI encontra uma Alemanha em que a fé não é mais tão vivida também no interior da própria Igreja, mas eu vejo que também aqueles que não estão de acordo com Igreja estão interessados na mensagem do Papa”, indica o Núncio Apostólico em Berlim, Dom Jean-Claude Périsset.
Em Berlim
Como a visita tem um cunho mais estatal que pastoral, ressalta-se a importância do discurso do Pontífice no Bundestag (Parlamento alemão). “A primeira visita oficial do Papa alemão na capital da Alemanha deixa-nos orgulhosos, mesmo que os cristãos berlinenses sejam poucos. Esperamos alguns protestos por essa visita, mas convido, primeiro, a escutar aquilo que o Papa deseja dizer para, depois, fazer um juízo. Desse modo, será possível descobrir a mensagem de um grande homem europeu, um eminente intelectual e um profundo e confiante crente na realidade de Deus. Estou seguro de que as celebrações, as Palavras do Papa e a sua presença terão a capacidade de abrir os nossos olhos para o grande horizonte da Igreja universal e de concentrar os nossos corações na meta do nosso trabalho, que é Cristo vivo”, explica o novo Arcebispo de Berlim, Dom Rainer Maria Woelki, nomeado para guiar a Arquidiocese no último 2 de julho.
O embaixador alemão junto à Santa Sé, Walter Jürgen Schmid, espera frutos nos âmbitos político e também pastoral. Ele também ressalta a importância do pronunciamento de Bento XVI no Parlamento. “Não é comum que uma visita de Estado inclua o Parlamento, honra reservada a visitantes particularmente relevantes. O presidente do Bundestag, em acordo com o Parlamento, fez o convite ao Papa. O discurso, naturalmente, terá um caráter central e atrairá grande atenção. Tanto é verdade que, desde agora, discute-se sobre o que o Papa dirá”.
“Os seus discursos fazem refletir e, seguramente, podemos esperar belas homilias, um belo testemunho, sinais de ecumenismo e fatos que confirmam que, apesar de todas as tendências de secularização, somos ainda um País em que Estado e Igreja estão reciprocamente abertos e possuem um relacionamento positivo”, acredita o Arcebispo de Munique e Friburgo, Cardeal Reinhard Marx, que também acolherá o Pontífice em uma das etapas da viagem.
Encontro com os luteranos
A Alemanha é a Pátria da Reforma protestante. Entre os eventos mais esperados está o encontro com representantes do Conselho da Igreja Evangélica alemã no Mosteiro agostiniano de Erfurt, onde viveu Lutero. A viagem terá, portanto, um forte cunho ecumênico, como afirma o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch.
“Creio que, seguramente, o Santo Padre reforçará o ecumenismo. Ele tem em seu coração, sobretudo, o desejo de que o ecumenismo reencontre suas raízes espirituais, porque é uma missão que nos foi confiada pelo Senhor quando, na oração sacerdotal, pediu que todos os seus discípulos fossem ‘um só’. Nesse sentido, não temos alternativas ao ecumenismo: é uma tarefa que o Senhor nos confiou, e isso é aquilo que o Papa colocará em primeiro plano”.
Para o Bispo de Erfurt, Dom Joachim Wanke, o Papa dará coragem para ser testemunhas em uma sociedade que ignora a Deus. “Foi o próprio Papa quem solicitou e, depois, aceitou o convite a dirigir-se ao Convento agostiniano em que viveu Lutero. Sabemos que apenas juntos – cristãos evangélicos e católicos – podemos ser testemunhas do Evangelho na nossa sociedade. E o encontro com o Papa dará novo impulso à boa atmosfera ecumênica que vivemos nessa região”.
Por fim, o Núncio Apostólico, Dom Jean-Claude Périsset, ressalta que apenas o fato de o Papa ir ao encontro dos irmãos evangélicos no lugar em que Lutero foi monge já é relevante. “O Papa deseja dar esse sinal: não sobretudo de diálogo com representantes da Igreja evangélica e de outros grupos que se reportam à Reforma, mas também um momento de oração, um ato de oração ecumênica. Para mim, esse gesto tem uma ressonância que vai bem além dos muros do Convento de Erfurt e da própria Alemanha”.
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