Leão XIV recebeu delegação do Grupo de Conservadores e Reformistas Europeus do Parlamento Europeu; exortou-os a promover o bem comum e proteger a herança religiosa do continente
Da Redação, com Vatican News

Foto: Vatican Media – IPA/Sipa USA via Reuters Connect
Promover o bem comum, sem nunca perder de vista os marginalizados. Palavras do Papa Leão XIV a uma delegação do Grupo de Conservadores e Reformistas Europeus. Eles foram recebidos em audiência nesta quarta-feira, 10, antes da Audiência Geral. Trata-se de um grupo político do Parlamento Europeu criado em 2009 por partidos conservadores de direita e centro-direita.
Em seu discurso aos presentes, o Pontífice citou o exemplo de sabedoria, coragem e defesa da consciência de São Tomás Moro para aqueles que buscam promover o bem-estar da sociedade. Ele lembrou que um dos objetivos essenciais de um parlamento é permitir a expressão e discussão de opiniões distintas. E uma das características distintiva de toda sociedade civil é que as diferenças sejam debatidas com cortesia e respeito, acrescentou.
Raízes judaico-cristãs da Europa
Retomando as palavras de seus predecessores, Leão XIV considerou que a identidade europeia só pode ser compreendida e promovida em referência às suas raízes judaico-cristãs. “O objetivo de proteger a herança religiosa deste continente, no entanto, não é simplesmente salvaguardar os direitos de suas comunidades cristãs, nem se trata principalmente de preservar costumes ou tradições sociais particulares, que, de qualquer forma, variam de lugar para lugar e ao longo da história. Trata-se, acima de tudo, do reconhecimento de um fato”, esclareceu o Papa.
Segundo o Pontífice, todos são beneficiários da contribuição que os membros das comunidades cristãs deram e continuam dando para o bem da sociedade europeia. Ele também pontuou desenvolvimentos da civilização ocidental, progressos que testemunham o “vínculo intrínseco” entre o cristianismo e a história europeia, “uma história que deve ser preservada e celebrada”, afirmou.
Ouvir a voz da Igreja
O Papa também se referiu aos princípios éticos e modelos de pensamento que formam o patrimônio intelectual da Europa cristã. Valores esses que são essenciais para proteger os direitos divinamente concedidos e o valor intrínseco de cada pessoa humana, desde a concepção até a morte natural. Também fundamentais para responder aos desafios da pobreza, da exclusão social, da privação econômica, da crise climática em andamento, da violência e da guerra.
“Garantir que a voz da Igreja, também através de sua Doutrina Social, continue sendo ouvida, não significa restaurar uma época passada, mas garantir que recursos fundamentais para a cooperação e integração futuras não sejam perdidos”, disse o Papa Leão.
O diálogo entre fé e razão
No final de seu discurso, Leão XIV citou o que Bento XVI afirmou no Westminster Hall, em Londres, em 2010, sobre a necessidade do diálogo entre “o mundo da razão e o mundo da fé”. Nesse diálogo, “os políticos têm um papel de grande importância”, destacou Leão.
O Pontífice acrescentou que “é vital respeitar as competências específicas de cada um, bem como fornecer o que o outro precisa”, ou seja, “um papel reciprocamente ‘purificador’ para garantir que nenhum dos dois caia em distorções”.
O Santo Padre espera que os políticos possam se comprometer “positivamente” com este importante diálogo, “não apenas para o bem dos povos da Europa, mas de toda a família humana”.




