Em vídeo enviado Conferência Nacional sobre Dependências, o Papa enfatiza a tendência dos jovens a se isolarem diante das incertezas do futuro
Da redação, com Vatican News

O Papa Leão XIV falou sobre a dependência dos jovens a vícios nocivos, como álcool, drogas e até internet / Foto: Reprodução Youtube
O Papa Leão XIV ecoa as preocupações dos jovens que frequentemente se tornam vítimas da dependência, não somente do álcool ou das drogas, mas também da internet. Ao mesmo tempo, se faz voz do desconforto dos jovens que vivem em “um tempo de provações e questionamentos”, incapazes de distinguir o bem do mal diante de mil estímulos e, portanto, incapazes de estabelecer limites morais.
O Pontífice oferece uma dupla visão em sua mensagem em vídeo para a 7ª Conferência Nacional sobre Dependências, promovida em Roma pela Presidência do Conselho de Ministros, que teve início nesta sexta-feira, 7 de novembro. Um encontro de dois dias de escuta e debates, que conta também com a presença do presidente da República italiana, Sergio Mattarella, entre entidades públicas e privadas comprometidas com a prevenção, o tratamento e a recuperação.
A dependência se torna uma obsessão
É longa a lista elencada pelo Papa das novas dependências resultantes do crescente uso da internet, computadores e celulares, que não trazem apenas benefícios óbvios:
O uso excessivo que muitas vezes leva a dependências com consequências negativas para a saúde, que tem a ver com o jogo compulsivo e as apostas, com a pornografia, a presença quase constante no mundo digital. E o objeto de dependência torna-se uma obsessão, condicionando o comportamento e a vida diária.
Um mundo privado de esperança
Fenômenos, afirma Leão XIV, que “são sintoma de um desconforto mental ou interior do indivíduo e de uma decadência social de valores e de referências positivas, em particular nos adolescentes e nos jovens”, em uma época em que as pessoas tentam encontrar um sentido para a própria vida. Esse processo se desenrola em um mundo hiperconectado, onde as pessoas pensam que podem fazer tudo sem limites morais, onde as fronteiras entre o bem e o mal são cada vez mais tênues.
O aumento do mercado e do consumo de drogas, o recurso ao ganho fácil em máquinas caça-níqueis e o vício na internet, que inclui também conteúdos nocivos, demonstram que vivemos em um mundo privado de esperança, onde faltam propostas humanas e espirituais vigorosas.
Artífices livres da própria existência
É igualmente verdade — enfatiza o Papa — que os pais, as escolas, as paróquias e centros juvenis fazem importantes esforços para tornar as gerações mais jovens mais responsáveis, apesar do medo do futuro que alimenta sua fragilidade e as leva a se voltarem para si mesmas:
Os adolescentes e os jovens têm necessidade de formar a consciência, desenvolver a vida interior e estabelecer relações positivas com seus pares e um diálogo construtivo com os adultos, para se tornarem artífices livres e responsáveis de sua própria existência.
A sede de viver
O convite do Papa Leão XIV é o de agir “de forma concertada, em um esforço de prevenção que se traduza em uma intervenção da comunidade no seu conjunto”. O seu, é um apelo ao Estado, às associações de voluntariado, à Igreja e à sociedade para que respondam ao grito dos jovens por ajuda, bem como à sua “profunda sede de viver”, oferecendo assim uma presença atenta que os ajude a “forjar a sua vontade”. É, portanto, necessário, afirma o Pontífice, “incrementar a autoestima das novas gerações para combater a sensação de insegurança e instabilidade emocional fomentada tanto pelas pressões sociais como pela própria natureza da adolescência”.
As oportunidades de emprego, educação, desporto, um estilo de vida saudável, a dimensão espiritual da existência: este é o caminho para a prevenção das dependências.
Uma cultura da escuta
O Papa pede aos presentes “propostas práticas” para promover “uma cultura de solidariedade e subsidiariedade”, estendendo a mão aos outros, “escutando, num percurso de encontro e relacionamento com os outros, especialmente quando estes são mais vulneráveis e frágeis”.




