Francisco refletiu sobre ação carismática do Espírito e enfatizou participação dos leigos na missão da Igreja durante Audiência Geral desta quarta-feira, 20
Da Redação, com Vatican News
Na Catequese desta quarta-feira, 20, o Papa Francisco prosseguiu com o ciclo de reflexões sobre “o Espírito e a Esposa”. Diante dos fiéis reunidos na Praça São Pedro para a Audiência Geral, o Pontífice falou sobre a “a ação carismática” do Espírito Santo, uma outra forma de atuação além “da obra santificadora que se realiza nos sacramentos, na oração e seguindo o exemplo da Mãe de Deus”.
No início de sua fala, o Santo Padre indicou dois aspectos que ajudam a definir o que é o carisma. O primeiro é que o carisma é um dom dado para proveito comum. Isso significa que não se destina principal e ordinariamente à santificação da pessoa, mas está à disposição da comunidade.
O segundo aspecto é que o carisma é o dom dado a um indivíduo ou a um grupo específico. Não é concedido a todos de uma mesma forma, e é isso que o distingue da graça santificante, das virtudes teologais e dos sacramentos que, pelo contrário, são iguais e comuns a todos. “O carisma é para uma pessoa ou comunidade especial. É um dom que Deus lhe dá”, declarou Francisco.
“Movimentos cheios de vida”
Ele indicou ainda, recordando o Concílio Vaticano II, que o Espírito Santo “distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a assumir diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja”, segundo as palavras de São Paulo: “a cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum” (1Cor 12,8).
“Os carismas são as “joias”, ou os ornamentos, que o Espírito Santo distribui para tornar bela a Esposa de Cristo”, expressou o Papa, citando o texto conciliar que termina com a seguinte exortação: “Estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja”.
O Pontífice citou seu antecessor, Bento XVI, que afirmou: “Quem observa a história do período pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que tornam quase palpável a vivacidade inexaurível da santa Igreja”.
“Cada um tem seu próprio carisma”
Neste contexto, o Santo Padre aponta que é preciso redescobrir os carismas a fim de que a promoção dos leigos, especialmente das mulheres, seja entendida não apenas como um fato institucional e sociológico, mas na sua dimensão bíblica e espiritual. “Os leigos não são os últimos, os leigos não são uma espécie de colaboradores externos ou de tropas auxiliares do clero, mas têm carismas e dons próprios com os quais podem contribuir para a missão da Igreja”, sinalizou.
Além disso, Francisco alertou para que seja afastado um mal entendido: o de identificar os carismas com dons e capacidades espetaculares. “Pelo contrário, esses são dons comuns, cada um de nós tem o seu carisma, que adquirem um valor extraordinário se inspirados pelo Espírito Santo e encarnados nas situações da vida com amor”, pontuou.
“Tal interpretação do carisma é importante”, prosseguiu o Papa, “porque muitos cristãos, ao ouvirem falar de carismas, experimentam tristeza ou decepção, pois estão convencidos de que não possuem nenhum e sentem-se excluídos ou cristãos de segunda classe. Não, não existem cristãos de segunda classe, não, cada um tem seu próprio carisma pessoal e até comunitário”.
Por fim, o Pontífice concluiu sua reflexão dizendo que “a caridade multiplica os carismas; faz o carisma de um, faz do carisma de uma pessoa o carisma de todos”.