Visita a Veneza

Papa aos artistas: “Mulheres coprotagonistas da aventura humana"

Durante sua Visita Pastoral a Veneza, Papa Francisco encontrou-se com  os artistas da exposição da Santa Sé realizada no presídio feminino na Ilha de Giudecca

Da redação, com Vatican News

Papa durante encontro com os artistas da exposição da Santa Sé em Veneza / Foto: Reprodução Vatican News

Depois do encontro com o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação e responsável pelo Pavilhão da Santa Sé na Bienal de Arte de Veneza, cardeal José Tolentino de Mendonça, o Papa Francisco dirigiu-se à Capela da Prisão, na Igreja da Madalena, para encontrar os Artistas.

Francisco iniciou seu discurso afirmando que gostaria de enviar a todos a seguinte mensagem: “O mundo precisa de artistas”, confirmando que ao lado deles, não se sentia um estranho, sentia-se “em casa” e explicou que na verdade isso se aplica a todo ser humano.

“A arte tem o status de uma ‘cidade refúgio’ uma cidade que desobedece ao regime de violência e discriminação para criar formas de pertencimento humano capazes de reconhecer, incluir, proteger, abraçar a todos. Todos, a começar pelos últimos”, destacou o Papa

“Irmãos em todos os lugares”

Francisco enfatizou que seria importante que as várias práticas artísticas pudessem se estabelecer em todos os lugares como uma espécie “de rede de cidades refúgio”.

“Colaborando para libertar o mundo de antinomias insensatas e já vazias, que tentam se apoderar no racismo, na xenofobia, na desigualdade, no desequilíbrio ecológico e na aporofobia, esse terrível neologismo que significa ‘fobia dos pobres’. Por trás dessas antinomias, há sempre a rejeição do outro”, alertou.

E fez um importante apelo aos artistas pedindo “imaginem cidades que ainda não existem no mapa: cidades onde nenhum ser humano é considerado um estranho. É por isso que quando dizemos ‘estranhos em todos os lugares’, estamos propondo ‘irmãos em todos os lugares’”.

Foto: Reprodução Vatican News

“Com os Meus Olhos”

Ao se referir ao título do Pavilhão da Santa Sé que tem como título ‘Com os Meus Olhos’, Francisco afirmou:

“Todos nós precisamos ser olhados e ousar olhar para nós mesmos. Nesse aspecto, Jesus é o Mestre perene: Ele olha para todos com a intensidade de um amor que não julga, mas sabe estar próximo e encorajar. Eu diria que a arte nos educa para esse tipo de olhar, não possessivo, não objetivante, mas também não indiferente, superficial; nos educa para um olhar contemplativo”

Mulheres coprotagonistas da aventura humana

Depois de afirmar que “ninguém tem o monopólio da dor humana”, recordou que “há uma alegria e um sofrimento que se unem no feminino de uma forma única e que devemos ouvir, porque elas têm algo importante a nos ensinar”, citando artistas como Frida Khalo, Corita Kent ou Louise Bourgeois.

E acrescentou: “Espero de todo o coração que a arte contemporânea possa abrir nossos olhos, ajudando-nos a valorizar adequadamente a contribuição das mulheres como coprotagonistas da aventura humana”

Por fim concluiu recordando “a pergunta que Jesus fez às multidões a respeito de João Batista: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas, que fostes ver? (Mt 11, 7-8). Guardemos essa pergunta em nosso coração”, concluiu o Papa, “ela nos impulsiona para o futuro”.

Logo após o encontro com os artistas que participam da exposição da Santa Sé realizada no presídio de Giudecca, o Papa Francisco deslocou-se em um barco-patrulha para chegar à Basílica de Nossa Senhora da Saúde. Na praça em frente à basílica ele participou de um encontro com os jovens.

Veja encontro do Papa com os artistas:

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