Estatísticas

Com a JMJ em Portugal, estudos retratam dados da Igreja no país

Estudo revela que 87,8% da população afirma-se católica; entre os jovens, maioria diz-se religiosa (56%), sendo 88% destes católicos

Marta Nogueira
Correspondente em Lisboa

Jovens em Fátima, Portugal, no úlitmo domingo, 30 / Foto; Joyce Mesquita

Com o Papa quase chegando a Portugal, o Vaticano divulgou, no dia 27 de julho, os números oficiais da Igreja Católica no país. Ainda que os números se reportem a 31 de dezembro de 2021, o estudo revela que 87,8% da população afirma-se católica.

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Por outro lado, as estatísticas mostram um decréscimo no total de sacerdotes ao longo dos últimos vinte anos, ou seja, de 2000 a 2021, o número de sacerdotes diocesanos baixou de 3159 para 2389 (menos 24,4%), enquanto o clero religioso desceu de 1078 para 878 (uma quebra de quase 20%). Também diminuíram os seminaristas de filosofia e teologia, no entanto verifica-se um aumento a partir de 2008, passando de 448 para 468.

Os dados disponibilizados pela sala de imprensa da Santa Sé a propósito da presença do Papa na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJ) destaca o papel social da Igreja Católica em Portugal, “cada vez mais uma Igreja em saída que busca atingir as periferias da sociedade e experimentar novas formas de dizer a fé, promovendo a contribuição ativa dos leigos”. Refere-se ainda que esta Igreja em saída “foi intensificada com a crise econômica e com a crise da Covid-19”.
Neste estudo são ainda referidos os centros escolares, vários centros caritativos e sociais como propriedade da Igreja ou que estão sob a sua direção.

“Jovens, Fé e Futuro”

Um outro estudo teve como tema “Jovens, Fé e Futuro”, realizado pelo Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), da Universidade Católica Portuguesa (UCP) para a Conferência Episcopal Portuguesa. Divulgado em 6 de julho, o estudo conclui que a “maioria dos jovens diz-se religiosa (56%), sendo 88% destes Católicos. Isto significa que 49% dos jovens se afirmam Católicos”.

Também se conseguiu apurar que para os jovens religiosos o amor, o respeito e honestidade são os valores mais importantes, enquanto que os jovens não religiosos indicam a liberdade como o valor mais relevante, considerando depois também o respeito e a honestidade.

Para os jovens religiosos, a guerra é a principal preocupação dos jovens a respeito do futuro, com 63% dos inquiridos a indicar esse problema, seguindo-se as alterações climáticas (55%) e a equidade e discriminação (54%).

O estudo realizado no âmbito da Jornada Mundial da Juventude indica também que 18% dos jovens já se sentiram discriminados por causa da religião, nomeadamente na escola (12%) e entre amigos (11%).

Aspirações dos jovens

Patrícia Dias, que coordenou o estudo, disse na sessão de apresentação que decorreu na UCP que esperava “um maior contraste” entre os jovens católicos e os não católicos referindo que as diferenças entre católicos e não católicos não são muito acentuados.

Entretanto, o estudo apura ainda outras aspirações como “ter um trabalho que me faça feliz”. Para os jovens, esta é a principal condição para ter felicidade, a que se segue a capacidade de fazer escolhas, a possibilidade de contribuir para que a sociedade tenha mais equidade e não haja discriminação e ter um estilo de vida sustentável.
Em forma de conclusão e numa entrevista ao programa Ecclesia, Rodrigo Queiroz e Melo referiu que o estudo realizado pelo CEPCEP remete para uma “mensagem de esperança”, porque a “maioria dos jovens diz-se crente e católica”, interpela a juventude a “agirem mais no seu sentimento de fé” e a serem “mais ativistas nas diversas causa que têm” desafiando a “necessidade de formar as pessoas na coragem da fé”.

O inquérito foi realizado a 2480 jovens, entre os 14 e 30 anos, através de um questionário on-line, enviado a alunos de escolas e universidades, e também através de abordagens presenciais para a recolha de dados.

A Igreja Católica em Portugal é constituída por 21 dioceses e 4.380 paróquias. Só a diocese de Lisboa, por exemplo, cobre uma área de cerca de 3.000 km² e abrange 18 vigararias e 300 paróquias. A diocese de Lisboa tem São Vicente como padroeiro.

Lisboa

A capital Lisboa, com mais de 20 séculos de história, é uma cidade que encanta os visitantes. A capital acolhe as atividades da JMJ e tem cerca de 550 mil habitantes.

O Patriarcado de Lisboa existe desde o século IV. Atualmente, o Cardeal-Patriarca de Lisboa é Dom Manuel Clemente, que foi nomeado em 18 de maio de 2013. Os Bispos Auxiliares são Dom Joaquim Mendes, Dom Daniel Henriques e Dom Américo Aguiar, este último recentemente nomeado pelo Papa como cardeal e Presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023.

O site oficial da JMJ lembra que “na memória portuguesa, Lisboa permanece como a cidade donde, nos séculos XV e XVI, inúmeros jovens, incluindo muitos missionários, partiram para terras desconhecidas a fim de partilhar a sua experiência de Jesus com outros povos e nações, destacou o Papa Francisco.”

Fátima

O Santuário de Fátima recebe milhões de peregrinos todos os anos e será também um ponto de grande visitação durante a JMJ. Na manhã do penúltimo dia do encontro mundial com os jovens em Lisboa, o Papa Francisco irá a Fátima para rezar o terço com jovens doentes.

O Papa Francisco esteve há seis anos em Fátima por ocasião do centenário das aparições, momento em que aconteceu a canonização de Francisco e Jacinta Marto. Localizado na região central de Portugal, o Santuário concretiza um pedido feito por Nossa Senhora, que apareceu a três crianças em 1917. “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra”, solicitou Nossa Senhora. A capelinha foi construída em 1919, no local das aparições de Nossa Senhora. De lá para cá, o Santuário cresceu, à medida que também aumentou o número de visitantes.

 

 

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